Abusos no Chile. Novo escândalo: bispo de Rancagua suspende 15 sacerdotes

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23 Mai 2018

É um caso tremendo, que ajuda a compreender a disseminação do fenômeno que se tornou “um sistema”, além da incapacidade dos pastores de tomar as medidas necessárias para estancá-lo. É um caso que confirma a dramática situação em que caiu a Igreja chilena, cujo episcopado acaba de apresentar em bloco a sua renúncia ao Papa Francisco, para que possa proceder livremente como julgar conveniente na renovação da hierarquia do país.

A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada por Vatican Insider, 21-05-2018. A tradução é de André Langer.

Entre os bispos que participaram das reuniões que aconteceram no Vaticano e foram convocadas pelo Pontífice estava o bispo de Rancagua, Alejandro Goic, 78 anos, que, de acordo com Il Sismografo, atualmente é o presidente da Comissão Episcopal para a prevenção dos abusos sexuais perpetrados pelo clero (Conselho Nacional para a Prevenção de Abusos e Acompanhamento das Vítimas). Ao retornar de Roma para sua diocese, situada a cerca de 80 quilômetros de Santiago, capital do país, o prelado viu-se obrigado a tomar uma decisão drástica: suspender do ministério 15 de seus 68 padres (22% do clero diocesano), porque há a suspeita de que estejam envolvidos em uma rede de abusos infantis e de troca de material pedopornográfico.

Alguns dias antes, na cidade de Rancagua, tornou-se público o caso de um pároco que se viu obrigado a confessar que tinha enviado mensagens de conteúdo erótico e fotografias para alguns jovens em que aparecia nu. O Canal 13 da televisão chilena, durante uma documentada investigação, indicou a hipótese da existência de um grupo organizado de sacerdotes diocesanos, uma rede que se faz chamar La familia, cujos membros estariam envolvidos em tráfico on-line de material pedopornográfico.

Elisa Fernández, ex-coordenadora da Pastoral da Juventude, denunciou esta situação, na qual supostamente aproximadamente 12 presbíteros estariam envolvidos, em uma reportagem transmitida na sexta-feira à noite pelo Canal 13: “Eu não sei se posso chamá-la de confraria, seita ou grupo de sacerdotes que têm práticas que não condizem com a condição de padres, e com respeito a jovens, pelo menos na minha época, de entre 15 e 29 anos”, explicou Fernández, que participou ativamente das atividades da Igreja Católica durante 14 anos . Fernández enviou há cerca de um ano e meio uma lista com os nomes dos padres envolvidos ao bispo Goic, mas este não tomou as medidas cabíveis.

Há alguns meses, por essa razão, a mulher criou um perfil no Facebook para se fazer passar por um rapaz de 16 anos chamado Pablo. Ela conseguiu entrar em contato com um dos padres envolvidos, o padre Luis Rubio Contreras, de 54 anos, que caiu na armadilha e enviou ao falso jovem mensagens de conteúdo erótico e uma foto em que aparece completamente nu. Contreras, em entrevista ao Canal 13, admitiu o que tinha feito: “Eu reconheço que fiz isso, sei que é horrível, mas mais do que isso não posso dizer. É um dia de muita tristeza e lamento o que fiz. Estou muito envergonhado”.

Depois deste episódio, o bispo Goic anunciou primeiro a decisão de suspender temporariamente o pároco, mas depois também suspendeu os padres suspeitos de pertencerem à La Familia. Agora cada um deles deve explicar e esclarecer sua posição. Elisa Fernández criticou o bispo por ter esperado tanto tempo para agir, apesar de tê-lo informado quatro vezes sobre a existência da rede de pedofilia.

Dom Goic defendeu-se declarando à televisão chilena que: “Eu não estudei para ser detetive; estudei para ser pastor”. E explicou que não iniciou nenhuma investigação sobre o padre Rubio porque não havia nenhuma “denúncia formal” contra ele.

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