Chile. “O que vai acontecer com os pobres da Igreja depois da decisão do Papa”, pergunta Mariano Puga

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22 Mai 2018

Com uma estrutura da Igreja Católica elitista e centrada nas disputas da hierarquia, o trabalho que a instituição havia feito até antes da chegada da democracia ficou praticamente em segundo plano. Sacerdotes que continuam com os pés no barro, como Mariano Puga, não querem falar sobre isso. Nem sobre os bispos, nem sobre o clero. Nem mesmo sobre as batinas mais altas de uma Igreja que agoniza, mas sobre os problemas que ele vê todos os dias nos pobres. “Esses são os que mais importam à Igreja de Jesus”, disse.

A reportagem é de Alejandra Carmona López, publicada por El Mostrador, 18-05-2018. A tradução é de André Langer.

A Igreja Católica do Chile, há décadas, tem duas almas. Embora o poder da hierarquia tenha tentado delinear um caminho de acobertamentos e sigilo entre aqueles que cometeram crimes nas igrejas e seminários, há sacerdotes que continuaram a fazer o seu trabalho nas paróquias de bairros e fazendo um trabalho pastoral em sintonia com os documentos mais recentes da Igreja.

São os mesmos que se mantiveram à margem do debate que teve no vórtice do furacão os bispos e a alta elite da Igreja Católica.

“Eu não quero falar” – apressa-se a dizer um deles, Mariano Puga, padre da Villa Francia, que está irritado com os meios de comunicação. Quando o Papa veio ao Chile, estava feliz. Flanqueado por um mural que dizia “Bem-vindo Francisco Papa do povo”, mostrava sua satisfação pelo que acreditava ser uma visita esperançosa, que poderia abrir outro caminho para a instituição que, apesar de tudo, defende.

“Eu me pergunto: o que vai acontecer com os pobres da Igreja depois da decisão do Papa, depois da denúncia dos bispos? O que vai acontecer com esses que batizam seus filhos, que vão à missa aos domingos, que comungam? O que vai acontecer com esses que vão a Lo Vásquez. O que vai acontecer com esses que creem em Jesus e que estão fora de todos esses escândalos?” – pergunta-se, cansado do fato de que a imprensa sempre pergunta a mesma coisa: pela hierarquia e pelo que acontece em Roma.

“Porque a Igreja são os pobres” – disse, sem poder conter as lágrimas, porque desde que os abusos começaram a tomar o centro das atenções, ele pensa que há outros que o perderam.

Assim como outros sacerdotes que estiveram do outro lado da hierarquia durante todos esses anos em que não se falou de outra coisa a não ser da luta pelo poder dentro da Igreja, são os que serão de vital importância na transformação que, no longo prazo, Jorge Bergoglio deveria promover. E embora Puga prefira omitir suas opiniões sobre o “terremoto que houve em Roma”, acredita que agora é hora de voltar o olhar e a preocupação para os pobres.

“O que vai acontecer com esses que se aproximam do padre da paróquia e lhe dizem: padre, você que está mais perto de Deus, o que eu faço com o meu filho que caiu nas drogas? A esses vocês não perguntam. Perguntem, por favor, a essas pessoas, essas são as pessoas que realmente importam à Igreja de Jesus, os pobres, esses que não são consultados pela imprensa”.

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