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Em 2010 eram 3.594 entidades na região do Vale do Rio dos Sinos sem fins lucrativos, este número aumentou em 258 entidades desde o ano de 2008 na região. A maior parte delas, 68,3%, se encontrava nos três municípios mais populosos da região: Canoas, Novo Hamburgo e São Leopoldo. No estado do Rio Grande do Sul são 53.467 entidades, 9,6% do total do país.

Diferentemente das “Fundações Privadas e Associações” que necessitavam atender cinco critérios, além de integrarem o Cadastro Central de Empresas – CEMPRE, as Entidades compõem catorze categorias. São elas: Serviço Notarial e registral (Cartório); Organização Social; Organização da Sociedade Civil de Interesse Público; Outras Fundações mantidas com recursos privados; Serviço Social Autônomo; Condomínio em Edifícios; Unidade Executora (Programa Dinheiro Direto na Escola); Comissão de Conciliação Prévia; Entidade de Mediação de Arbitragem; Partido Político; Entidade Sindical; Filial, no Brasil, de Fundação ou Associação estrangeira; Fundação ou Associação Domiciliada no Exterior e Outras formas de Associação.

É Importante ressaltar que as sociedades cooperativas não foram incluídas na classificação das Fundações Privadas e Associações, ou no universo das Entidades sem fins lucrativos.

 

Vínculos em 31/12/2010

As entidades para o exercícios de suas funções necessitam de pessoal, gerando assim vínculos empregatícios ou não. Em 31/12/2010 havia 23.193 trabalhadores com vínculos empregatícios assalariados em entidades sem fins lucrativos nos municípios com menos de 50 mil habitantes da região do Vale do Sinos, sendo estes: Araricá, Dois Irmãos, Estância Velha, Ivoti, Nova Hartz e Nova Santa Rita.

Neste mesmo ano, no município de Araricá havia 10 pessoas que possuíam vínculos assalariado com as entidades existentes, sendo um homem apenas. O salário médio mensal era de 1,9 salários mínimos. Ivoti era o município onde havia mais pessoal ocupado assalariado, entre os municípios menores em entidades sem fins lucrativos: formavam 405 pessoas. As mulheres formam 81% deste total.

Em Dois Irmãos havia 223 trabalhadoras com vínculos empregatícios assalariados e 46 homens, sendo que do total 59 trabalhadores (as) possuíam formação de nível superior.

O número de pessoal assalariado do nível superior nas entidades sem fins lucrativos em Estância Velha era de 39,5% e Nova Santa Rita 14%, respectivamente aos totais de vínculos em seus municípios.

O salário médio mensal do sexo feminino das entidades sem fins lucrativos em Nova Hartz para os homens era de 4,11 salários mínimos e das mulheres 2,04. As mulheres recebem menos que a média, que é de 3,03 salários mínimos.

As mulheres constituem maior número de assalariados em entidades sem fins lucrativos no município de Portão, 75,5% do total de 151. O salário médio mensal das mulheres está abaixo ao dos homens: elas têm média salarial de 1,91 e eles com 2,98 salários mínimos.

 

Municípios com 50 mil habitantes ou mais

Havia em 31 de dezembro de 2010, nos municípios de Campo Bom, Canoas, Esteio, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Sapiranga e Sapucaia do Sul, 3.148 entidades sem fins lucrativos que empregavam 23.192 pessoas. A maior parte destes vínculos, 37,2%, estava relacionada a entidades que não se encaixavam em nenhuma das nove categorias existentes e que foram identificadas como “Outras instituições privadas sem fins lucrativos”.

Entidades classificadas como “Educação e pesquisa” eram a segunda que mais possuía vínculos na região, envolvendo 605 profissionais com vínculo assalariado. Canoas, Novo Hamburgo e São Leopoldo concentram 71% destes profissionais.

A classificação “Religião” das entidades sem fins lucrativos representa 42% do total das entidades nos municípios com mais de 50 mil habitantes. O número de pessoal assalariado nestes casos era de 708 pessoas, sendo 74% mulheres.

Entidades denominadas de “Assistência social” e “Desenvolvimento e defesa de direitos” são 348. Aí o número de trabalhadores com vínculo empregatício era de 2.931. As mulheres formam a maioria, 70%.

“Partidos políticos, sindicatos, associações patronais e profissionais” somam 260 entidades nos grandes municípios envolvendo 5.203 pessoas com vínculos assalariados. As mulhres são apenas 16% do pessoal ocupado assalariado.

“Cultura e recreação” envolvem 676 trabalhadores. O município de Sapucaia do Sul, mesmo tendo identificado 08 entidades sem fins lucrativos nesta categoria, não possuía nenhum vínculo assalariado.

Organizações classificadas como entidades de “Saúde” e “Meio ambiente e proteção animal” possuem o menor número de vínculos: 31 e 13 vínculos respectivamente. Não existem, segundo a pesquisa realizada em 2010, entidades relacionadas à “Habitação” nos grandes municípios da região.

Estas informações são oriundas da pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, com a Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais – ABONG e o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas – GIFE, a partir da base nos dados do Cadastro Central de Empresas – CEMPRE do IBGE.

Os dados da região do Vale do Rio dos Sinos foram organizados pelo ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU vinculado ao Centro de Cidadania e Ação Social – CCIAS/Unisinos, a partir das informações disponibilizadas no Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA, ferramenta pública para o acesso e análise de dados de inúmeras pesquisas realizadas.

Opções religiosas em São Leopoldo

Terça, 21 de Maio de 2013

Os dados censitários são uma preciosa base de dados para subsidiar o diálogo a realidade e as políticas públicas socioeconômicas.

ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, vinculado ao Centro de Cidadania e Ação Social – CCIAS/Unisinos, reuniu dados sobre as religiões em São Leopoldo coletados no questionário da amostra do Censo em 2010, a fim de subsidiar a discussão sobre esta realidade.

Quem faz a análise destes dados referentes ao município de São Leopoldo é Inácio Spohr, Mestre em Ciências Sociais, coordenador do Programa Gestando o Diálogo Inter-Religioso e o Ecumenismo  GDIREC do Instituto Humanitas Unisinos - IHU.

 

Eis o texto.

Opções religiosas em São Leopoldo: Uma breve análise dos dados da Amostra do Censo Demográfico do IBGE, 2010

Inácio José Spohr  – GDIREC – Maio de 2013

Não são muitos os dados comparativos sobre o desenvolvimento das religiões e religiosidades no município de São Leopoldo nas últimas décadas. Contudo, o resultado da amostra sobre religiões divulgada pelo Censo de 2010 (IBGE) joga algumas luzes – e quiçá também sombras – sobre as opções religiosas dos leopoldenses.

Religiões Cristãs

Como esperado, a religião Católica Apostólica Romana mantém larga vantagem numérica sobre as demais expressões religiosas (65,92%) relativas a um universo de 214.087 habitantes (cf. tabela 1).

Já as religiões Evangélicas (tabelas 1 e 2) alcançam 50.833 adeptos (23,74%), dos quais 26.133 (tabela 3) declararam pertença às religiões de origem Pentecostal (12,21%). E, por dedução, 24.700 se identificaram com as religiões Evangélicas de Missão, que somadas a “outras religiosidades” (próximas a estas) perfaz 11,53% dos habitantes do município.

Note-se que o elenco das religiões “Evangélicas de Missão” identificado pela amostra do Censo de 2010 (tabela 2) enumera as Igrejas Luterana, Presbiteriana, Metodista, Batista, Congregacional, Adventista e, inclusive, três “outras” formas de pertença às evangélicas de missão, sem determinação específica. No entanto, deixa de mencionar explicitamente segmentos evangélicos tradicionais de São Leopoldo, representadas, por exemplo, pelas Igrejas Anglicana, Evangélica Luterana do Brasil (IELB) e Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB). Estarão os adeptos destas denominações sob o guarda-chuva das expressões “Luterana”, “Evangélica não determinada” ou “outras religiosidades cristãs”, como se informa na tabela? De fato, o número de pessoas identificadas pela opção “Evangélica não determinada” soma 13.662 indivíduos. Representa, pois, 6,30% do total de habitantes do município. Um percentual deveras extenso...

Dentre as denominações religiosas de “origem pentecostal” (tabela 3) merece destaque a Igreja Assembleia de Deus. Reúne 6,84% dos leopoldenses (14.641 habitantes) sob seu credo, enquanto que outras igrejas, como a Universal, a Congregação Cristã do Brasil, a Evangelho Quadrangular e a Deus é Amor, somam menos que a metade da opção evangélica de “origem pentecostal”. Também no elenco das opções religiosas dessa mesma origem, o termo “outras” chama atenção: 7.641 adeptos (3,57%) representam um grau de incerteza relativamente alto quanto à pertença religiosa no município.

Religiosidades Afro-Brasileiras

É sobejamente conhecido o fato de que o grupo das Religiões Afro-Brasileiras que, devido à sua herança histórica – aqui considero tão somente as existentes em São Leopoldo –, são numericamente sub-representadas, principalmente quando se trata de dados emanados dos Censos. Isso porque nem sempre os adeptos desses credos encontram condições suficientes que permitam deixar inequivocamente clara sua pertença religiosa. Com frequência marcam a opção “católica” (religião dominante e socialmente mais palatável), quando efetivamente fazem parte da Umbanda, do Batuque ou mesmo do Espiritismo.
Posto isso, os dados apresentados pela Amostra do Censo Demográfico de 2010 denotam estas mesmas ou outras inconstâncias, quando se trata das religiões Afro-Brasileiras no município de São Leopoldo? Vejamos.

De fato, os dados da tabela 4 informam que há somente 2.473 praticantes nas religiões Afro-Brasileiras (Umbanda e Candomblé) em São Leopoldo. Somado à alternativa “outras declarações de religiosidades afro-brasileiras” temos, então, um total de 2.652 praticantes da religiosidade Afro-Brasileira.

Sub-representados? Bem, os dados do Censo são estes, ainda que tenhamos a sensação de que estejam aquém do esperado. Em recente visita a terreiros (entre 2012 e 1013), sobretudo em datas festivas de Ogum, Iemanjá e Oxum, a visibilidade da “Religião Africana” (como gostam de se apresentar) leva a crer que existam, na realidade, indicadores bem mais alentados em termos de números. Segundo dados reunidos pela Associação Afro-Umbandista de São Leopoldo e pela Associação Leopoldende de Candomblé, Umbanda e Cultos Afro-brasileiros (ALCUCAB), estão em funcionamento no município proximamente 468 Casas de Religião Africana1.  Se cada uma delas tiver, em média, 10 a 20 adeptos, a soma destes ultrapassaria, distante, o número registrado pelo Censo. Contudo, sem um censo específico que tenha foco na experiência religiosa africanista, torna-se difícil averiguar o que, de fato, acontece neste meio.

Cabe, também, um alerta sobre a nomenclatura usada no Censo. No Rio Grande do Sul o nome “Candomblé”, por ser pouco conhecido, pode ter contribuído pelo exíguo número de registros afro-brasileiros. Mais conhecidas são as denominações Batuque (termo muito popular), Religião (dizem comumente: “fulano é de religião”), Nação, Religião Africana e Africanismo, entre outros.

Já na tabela 5 encontramos números relativos à “cor e raça”. De um total de 2.473 habitantes que frequentam casas de religião africana, 1.768 (71,49%) informam que têm cor “branca”, enquanto que 370 (14,99%) apontam a cor “preta” e outros 335 (13,55%) marcam como sendo sua a cor “parda”.

Pretos e pardos somam, portanto, 28,51% nestas casas, enquanto que os “brancos africanistas” (permita-nos que os designemos assim) perfazem 71,49%. Por conseguinte, os dados do Censo confirmam, por um lado, que a grande maioria dos que frequentam religiões afro-brasileiras é formada de brancos e que, nestas mesmas casas, pretos e pardos participam em número que supera sua representatividade real na região. E, por outro, confirmam que as religiões afro-brasileiras não são religiões só de negros, mas também não confirmam a ideia de que sejam (absolutamente) brancas.

Espiritismo

Os moradores identificados com o Espiritismo (tabela 6) somam 5.502 indivíduos, ou seja, 2,57% da população do município.

Note-se que o conjunto de dados do Censo não distingue entre “casas federadas” e casas espíritas independentes. Assim como entre os adeptos das religiões africanistas, também no meio Espírita pode haver certa omissão identitária, visto que nem todos os que frequentam aquelas casas declaram-no de forma precisa. Dada a “característica cristã” da doutrina de Allan Kardec, um razoável contingente de integrantes do catolicismo e igrejas evangélicas costuma, rotineira ou esporadicamente, participar de eventos espíritas, sem que isso represente dúvidas sobre sua origem religiosa.

Judaísmo e Islamismo

Em São Leopoldo, segundo o Censo de 2010 (tabela 7), somente 09 pessoas se identificaram com a religião Judaica e 54 com o Islam.

Poucos? Historicamente, o Islamismo e o Judaísmo não fazem parte da tradição religiosa do município. Estas formas religiosas, não obstante, encontram maior representatividade em Porto Alegre e em algumas cidades da fronteira sul do Rio Grande do Sul.

Religiões Orientais

Em São Leopoldo, segundo o Censo de 2010 (tabela 8), há 177 pessoas identificadas com as opções religiosas de origem oriental. Destas, 58 são budistas, 62 são denominadas como religiões orientais (54 da “Igreja Messiânica Mundial” e 8 praticantes de “outras novas religiões orientais”) e 57 foram identificadas como “Outras religiões orientais”. O Hinduísmo não registra adeptos.

As religiões orientais, tais como o Budismo, o Zen-Budismo e Brahma Kumaris (não lembrada pelo Censo), entre outras, embora estabelecidas já há alguns anos na região, ainda são objetivamente desconhecidas enquanto efetiva opção religiosa para a grande maioria da população. “O budismo, como prática religiosa, ainda é uma flor exótica2”,  conclui Monja Kokai, do Zen-Budismo Vale dos Sinos3.

Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Testemunhas de Jeová e Espiritualista

Este pequeno grupo de religiões, assim como as religiões orientais – embora a busca constante por novos adeptos (prática comum entre mórmons4  e Testemunhas de Jeová) –, não consegue, por ora, adesões muito significativas no município de São Leopoldo. No caso, o Censo de 2010 (tabela 9) anota que a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias apresenta a adesão de 359 pessoas, a Espiritualista 126 e a Testemunhas de Jeová 1.388. Juntas somam 0,88% da população do município.

Religião não determinada e múltiplo pertencimento

Entre os que declararam serem integrantes de alguma forma religiosa sem especificá-la nominalmente, encontramos um número bastante exíguo de leopoldenses (tabela 10). Tão somente 0,43% da população (929 indivíduos) se enquadram nesta situação: 802 (0,37%) fazem parte do grupo “religiosidade não determinada ou mal definida” e outros 127 (0,06%) do grupo “declaração de múltipla religiosidade”. Não há notificações na área “sem declaração” e os que “Não sabem” se têm ou não têm uma religião se reduziu a 176 pessoas, o que equivale a 0,08% da população.

Tradições Esotéricas e Tradições Indígenas

Conforme a tabela 11, a Amostra do Censo Demográfico de 2010 identifica que as tradições religiosas esotéricas apresentam 135 adeptos (0,06% da população) e as tradições indígenas 34 pessoas (0,02%).

Algo mais a dizer? Talvez, se poderia dizer, de forma politicamente incorreta, que é pouco índio para muita gente. Efetivamente a terra dos “capilés” consegue apresentar 34 pessoas que confessam ter um credo religioso identificado com a tradição indígena... De fato, em São Leopoldo encontramos um pequeno grupo de indígenas Kaingang, alojados numa reserva do bairro Feitoria. Atuantes, circulam pela cidade com suas roupas coloridas, rostos típicos, com grandes bolsas carregadas nas costas. Vendem bugigangas, ganham a vida com dignidade. E, como não, também são dignos de sua tradição religiosa “índia”.

Sem Religião e Ateus

Entre ateus, agnósticos e sem religião temos um total de 9.742 habitantes (4,44% da população do município): 9.054 (4,55%) se identificam como “sem religião”, 609 (0,28%) anotam que são “ateus” e outros 79 (0,04%) indicam que são “agnósticos”.

Em São Leopoldo, assim como em todo país, não é tarefa fácil declarar-se ateu. Em terras onde vigoram costumes e crenças avassaladoramente cristãs (89,66% dos leopoldenses se declararam pertencentes à fé religiosa católica ou evangélica), a palavra “ateu” evoca muitos estranhamentos, quando não resulta em condenações e exclusão. Se, nesta região, por um lado, é bastante aceitável ser católico ou evangélico não praticante, ser manifestamente ateu, ou ateísta, ainda requer força e coragem. Talvez, por isso, tenhamos tão poucos ateus e agnósticos.

 

Notas:

1 - A pesquisa “Religiões na Região Metropolitana de Porto Alegre (RS)”, do GDIREC, em uma de suas publicações intitulada “O mundo das religiões em São Leopoldo” (Caderno CEDOPE, ano 13, n. 16, 2001), destaca que o município de São Leopoldo, em 2001, mantinha 364 locais de culto (Afro e Umbanda 101, Católica 64, Pentecostais e Neopentecostais 137, Espíritas 17, Evangélicas Históricas 28 e diversas 17). O mesmo caderno também aponta que as religiões então cadastradas pela pesquisa, apresentavam 53.520 frequências semanais a seus templos e casas de culto, o que representa 27,6% sobre um universo de 193.403 moradores. Destes 53.520 frequências semanais, as religiões Afro e Umbanda detinham 11,7%, a Católica 26,4%, os Pentecostais e Neopentecostais 44,6%, o Espiritismo 5,5%, as evangélicas históricas 5,4% e as Diversas 6,2%. 139.883 pessoas (72,4%) marcavam presença esporádica em cultos religiosos ou sem nenhuma participação.

2 - Flor de lótus, flor símbolo do Budismo.

3 - http://zenvaledossinos.blogspot.com.br/

4 - O termo “mórmon” refere-se aos membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. É o nome pelo qual popularmente são conhecidos.

O Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada - IPEA lançou recentemente o Ranking do Empreendedorismo no Brasil, mapa elaborado a partir dos dados do Censo 2010 que apresenta as taxas de empreendedorismo nos municípios brasileiros, o tempo médio de estudo do empreendedor, seu lucro médio mensal e as horas trabalhadas.

Juntamente com o Ranking foi lançado o Boletim Radar 25, que através de uma série de artigos, busca compreender o universo das micro e pequenas empresas brasileiras. O mapa completo e o Radar 25 podem ser acessados no site do Instituto.

O debate sobre empreendedorismo e, mais especificamente, do micro empreendedorismo como ferramenta para a melhoria das condições de vida pode ser reconhecido no marco das políticas e programas de assistência social, especialmente na perspectiva da inclusão produtiva.

Os dados sobre esta realidade e seu debate contribuem para o planejamento, monitoramento e avaliação dessas políticas e sua efetiva melhoria das condições de vida da população. Assim, o ObservaSinos reuniu os dados relativos aos catorze municípios da região do COREDE do Vale do Rio dos Sinos:

Por si só as taxas não possibilitam perceber o conjunto de empreendimentos considerados, fator que permitiria olhar para os empreendimentos no quadro mais geral das informações existentes a respeito do mercado de trabalho formal. Entretanto, a taxa é um indicador composto e permite visualizar particularidades dos empreendedores da região do Vale do Sinos.

 

Anos de estudos médio

Esteio é o primeiro entre os catorze da região em relação ao tempo médio de estudos com 9,11 anos, ocupando assim a sétima posição entre os municípios do estado do Rio Grande do Sul. O último colocado regionalmente e 273ª colocada estadualmente é o município de Araricá, com 6,24 anos de estudo médio.

Nova Santa Rita que ocupa a 405ª posição na taxa de empreendedorismo encontra-se melhor posição no ranking, 123ª, quando o fator é a escolaridade dos empreendedores que possuem em média 7,33 anos de estudo. O empreendedores em no município de Sapiranga possuem o mesmo tempo em estudo médio que os que se encontram em Nova Santa Rita.

 

Lucro Médio mensal

Outra informação publicada pelo Ranking do empreendedorismo foi o Lucro Médio mensal do empreendedor. Novo Hamburgo encontra-se na trigésima posição no ranking estadual com um lucro médio mensal de 4.094,32 reais.

Em Nova Hartz o lucro médio mensal é o menor da região, de 1.967,24 reais. Nesta categoria encontra-se na 368ª colocação em relação aos demais municípios do estado.

 

Horas trabalhadas

Por fim, o Ranking traz a quantidade de horas trabalhadas, importante resaltar que em todos os municípios da região os empreendedores cumprem uma jornada de trabalho acima de quarenta horas. O município de Ivoti aparece com a maior jornada de trabalho entre os municípios da região, 46,40 horas, e está na 143ª colocação entre os demais municípios do estado.

Novo Hamburgo com a menor jornada na região do Vale, 40,98 horas trabalhadas, ocupa a 412ª posição. Aqui, podemos considerar que em relação a qualidade de vida, os municípios que se encontram nas últimas posições, por possuírem uma quantidade menor de horas trabalhadas, estão em melhores posições.

Inúmeras podem ser as reflexões a partir destes dados, apontando, ao mesmo tempo, desafios de busca e apreensão de outras informações.  A primeira delas diz respeito às áreas em que estão situados os empreendimentos. Que empreendimentos são estes? Em que medida que estes dados resultam da implementação de políticas públicas ou encaminham para sua construção? Como avaliar a relação entre a taxa de empreendedorismo com a  qualidade de vida ou ascensão social?  Como informações como essas podem ser acessadas, compreendidas e utilizadas para a implementação de políticas públicas nos diferentes municípios?

 

O ObservaSinos publica hoje a análise realizada por Waismann a partir dos dados do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (CAGED) durante o mês de abril deste ano.

Moisés Waismann é professor do Centro Universitário La Salle e pesquisador do Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas.

Eis a análise.

A carta do mercado de trabalho produzida pelo Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas, apresenta os dados do mês de abrildivulgados no dia 20 de maio de 2013, do mercado de trabalho formal no Brasil, no estado do Rio Grande do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre e no município de Canoas, e tem como fonte os registros administrativos do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (CAGED) disponibilizados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Os setores econômicos são aqueles definidos pelo IBGE. O conceito de admitidos engloba o início de vínculo empregatício por motivo de primeiro emprego, reemprego início de contrato por prazo determinado, reintegração ou transferência. A noção de desligados indica o fim do vínculo empregatício por motivo de dispensa com justa causa, dispensa sem justa causa, dispensa espontânea, fim de contrato por prazo determinado, término de contrato, aposentadoria, morte, ou transferência. A diferença entre os admitidos e desligados é o saldo, que sendo positivo indica a criação de novos postos de trabalho e quando negativo indica a extinção de postos de trabalho. Estas definições e conceitos são definidos pelo MTE e são aplicadas as tabelas 01, 02, 03 e 04.

 

Verifica-se na tabela 01 que o mercado de trabalho formal brasileiro registrou saldo positivo entre admissões e demissões no mês de abril de 2013 de 19 6.913 postos de trabalho com carteira assinada o que representa um aumento de 0,49% sobre o mês de anterior. No mês de abril, os principais setores responsáveis pela abertura de vagas foram o Serviço, com 75.220 postos de trabalho um acréscimo 0,46% sobre o mês anterior, e a Indústria de Transformação o com 40.603 (0,49%). No ano foram criados 1.087.066 postos de trabalho com carteira assinada no Brasil.

 

Observa-se na tabela 02 que o mercado de trabalho formal gaúcho registrou saldo, resultado entre as admissões e demissões, no mês de abril de 2013 c om 10.084 postos de trabalho o que representa uma expansão de 0,38% sobre o mês de março. No estado o setor da Agropecuária fechou 2.2265 postos de trabalho e os Serviços Indústrias de Utilidade Pública encerrou 33 vagas. O setor da Indústria de Transformação abriu 4.242 vagas, um acréscimo de 0,55% sobre o mês anterior, o segundo setor que mais contribuiu com a criação de postos de trabalho foi o dos Serviços com 4.047 vagas uma variação de 0,42% sobre o mês de março. No ano no Rio Grande do Sul f oram criados 77.122 postos de trabalho com carteira assinada.


Percebe-se na tabela 03 que o mercado de trabalho formal na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) no mês de abril de 2013 apresentou um saldo, resultado entre as admissões e as demissões de 3.153 postos de trabalho com carteira assinada. Os setores da Indústria de Transformação, Serviços Industrias de Utilidade Públicas e Agropecuária apr esentaram fechamentos de vagas. O Setor de Serviços apresentou um acréscimo de 1.499 (0,27%) postos de trabalho, seguido da Construção Civil com 959 (1,22%). No ano foram criados 25.199 postos de trabalho com carteira assinada na RMPA.

Nota-se na tabela 04 que o mercado de trabalho formal no município de Canoas registrou saldo líquido negativo entre admissões e demissões no mês de abril de 2013, com o acréscimo de 519 postos de trabalho com carteira assinada o que representa um aumento de 0,6% sobre o mês de março. Os setores de Serviços Industriais de Utilidade Pública, Comércio, Administração Pública e Agropecuária fecharam postos de trabalho. O setor da Construção Civil foi o responsável por 339 postos de trabalho, um acrés cimo de 2,92% sobre o mês anterior, seguido pelo setor d e Serviços com 237 (0,65%) vagas. No ano foram criados 2.384 postos de trabalho com carteira assinada.

O Observatório da Realidade e das Politicas Públicas – ObservaSinos, reuniu os dados declarados pela população de Esteio nos censos de 2000 e 2010 referentes a religião. Inácio Spohr, Mestre em Ciências Sociais, coordenador do Programa Gestando o Diálogo Inter-Religioso e o Ecumenismo – GDIREC, é quem faz a análise destes dados.

O ObservaSinos e o GDIREC são programas do Instituto Humanitas Unisinos – IHU.

 
Eis o texto.

Situada na região Metropolitana de Porto Alegre (entre Canoas, Sapucaia do Sul, Gravataí, Cachoeirinha e Nova Santa Rita), a cidade de Esteio é bastante conhecida, tanto no Rio Grande do Sul como em todo o país, devido seu pujante parque de exposição agropecuária e industrial, o Parque Assis Brasil, onde anualmente ocorre a feira internacional Expointer. Emancipado em 1955, o município conta hoje com uma população de 80.755 habitantes (cf. Censo 2010).

Parte de um conjunto de 14 municípios na região do Vale do Rio dos Sinos, Esteio, assim como seu entorno, é hoje, predominantemente, uma cidade de cultura cristã-católica e evangélica. Outras religiosidades que se fazem presentes no município, embora com menor alcance numérico, são igualmente importantes, pois trazem a marca das cores e crenças de nações de origem africana e oriental. Os descendentes afro-brasileiros são, segundo o Censo do IBGE de 2010, pela primeira vez no nosso país, declaradamente a maioria da população. Catolicizados ontem, onde estão hoje os negros (também os índios) na nossa região quando se trata de vivências religiosas? Quais formas de crer nutrem, durante as duas últimas décadas, negros, brancos, pardos e indígenas em Esteio?

O propósito da abordagem que aqui faço é a de, tão somente, mostrar dados coletados pela Amostra dos Censos do IBGE dos anos 2000 e 2010 relativas ao desenvolvimento das religiões em Esteio. É o que, então, passo a apresentar, com a ressalva de que os dados do Censo, embora sejam obtidos com métodos científicos, nem sempre respondem adequadamente a particularidades locais, às vezes muito distantes das de outras áreas do território nacional.

Religiões cristãs

Em Esteio1 , assim como no RS e em todo o país, a “Religião Católica Apostólica Romana” (como é denominada pelo IBGE) vem a ser a opção religiosa preferida pela grande maioria da população (tabela 1). Os dados da Amostra do Censo de 2010, no entanto, sinalizam que a maioria católica vem perdendo espaço ano a ano. Em 2000 os católicos detinham 78,22% da população, enquanto que em 2010 esta opção alcança somente 69,71%.

Em contrapartida, no mesmo período de tempo, o conjunto das crenças religiosas denominadas “Evangélicas” passa de 12,4% para 17,31% entre a população de Esteio. O desenvolvimento evangélico acresce, portanto, 4,91% enquanto que os católicos diminuem 8,51%. Também a religião “Católica Apostólica Brasileira”, com poucos representantes em Esteio, diminui durante os últimos 10 anos. A “Católica Ortodoxa” não marca pontos em nenhum dos Censos aqui considerados.

As tabelas seguintes descrevem o status evolutivo evangélico sob a ótica do conjunto das religiões denominadas “Evangélicas de Missão” (tabela 2) e “Evangélicas de origem Pentecostal” (tabela 3). Como no meio católico, as evangélicas de missão (tabela 2) mostram, nestes últimos dez anos, tendência de redução tanto sob a ótica dos números absolutos como em termos percentuais. No ano de 2000 somavam 3.530 habitantes (4,41%), enquanto que em 2010 declaram-se evangélicos de missão somente 2.561 moradores (3,17%). Enquadram-se na redução de adeptos as denominações Igreja Evangélica Luterana e Igreja Evangélica Batista, enquanto que a Igreja Evangélica Adventista teve, neste mesmo período, um pequeno incremento de adeptos. Passa de 0,76% a 0,82 % da população de Esteio. Já a Igreja Evangélica Metodista se manteve estável.

Entre as “Evangélicas de origem Pentecostal” (tabela 3), embora o Censo de 2010 indique um crescimento global de adeptos (passa de 7,39% em 2000 a 9,04% em 2010), este não é igual entre as diferentes denominações do grupo. Por exemplo, entre as Igrejas o Brasil para Cristo e Universal do Reino de Deus, houve certa diminuição no número dos que optaram por estas formas de crer. Justificam o avanço pentecostal as denominações Assembleia de Deus (que dobrou seu número de adeptos), Igreja Evangelho Quadrangular e Deus é Amor. Para as demais denominações enumeradas na tabela não há dados comparativos.

Na tabela 4 são apresentadas “outras religiões evangélicas”, “Evangélica não determinada” e “outras religiosidades cristãs”. Entre estas chama atenção (no Censo de 2010) o grande número de habitantes de Esteio que se declararam evangélicos (4.119 pessoas, 5,1%), sem mencionar uma determinada denominação religiosa. Desconhecem estes o nome de sua igreja? Os crentes evangélicos sem denominação assumem comportamento religioso semelhante ao dos “católicos não praticantes”2?

Religiosidades afro-brasileiras

Os adeptos das expressões religiosas afro-brasileira em Esteio, assim como os de São Leopoldo3 , possivelmente foram recenseados mediante uma denominação algo inadequada, visto que o termo “Candomblé” vem a ser pouco conhecido na região. De qualquer forma, o Censo de 2010 aponta que “Umbanda e Candomblé” no município de Esteio (tabela 5) perfazem 1.726 adeptos. Ou seja, 2,14% da população declara fazer parte de religiosidades afro-brasileiras. A grande maioria destes são membros da Umbanda (1,98%) enquanto que, no Candomblé, há somente 67 registros em 2000 e 15 em 2010. “Outras religiosidades afro-brasileiras” anotam 114 registros.

Merece destaque o fato que as religiões afro-brasileiras, por força de sua representante maior, a Umbanda, tiveram nestes últimos de anos um razoável incremento de adesões. Em 2000 a Umbanda detinha 921 representantes. Já em 2010 atinge 1.597 membros. Registra, portanto, um incremento de 676 pessoas.

Espiritismo

A Doutrina Espírita4  (tabela 6), ou simplesmente “Espírita” como anota o IBGE, apresenta significativo incremento de participantes entre 2000 e 2010 De 1.870 (2,34%) integrantes, passa a contar com 3.569 (4,42%) aderentes entre os habitantes do município. Que motivação há por trás dessa notável expansão? Embora o número total de espíritas ainda seja relativamente baixo, na prática, em dez anos, seu crescimento apresenta um incremento de aproximadamente 100% de adeptos.

Religiões orientais

Diferentemente das religiões evangélicas de origem pentecostal, espírita e afro-brasileiras, as crenças religiosas provindas do Oriente tiveram, na década entre 2000 e 2010, pouco ou nenhum avanço que chamasse atenção ao observador do fenômeno religioso em Esteio. Conforme a tabela 7, as comunidades ligadas ao Budismo e Igreja Messiânica Mundial, entre outras, continuam muito pequenas, ínfimas. Em 2010 o Budismo apresenta 81 participantes, a Igreja Messiânica conta com 10 participantes, e “novas religiões orientais” contam com outros 70 participantes. A expressão “outras religiões orientais” refere um total de 127 pessoas. O Hinduísmo não apresenta adeptos neste município.

Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Testemunhas de Jeová e Espiritualista

Este grupo de religiões, ainda que pouco representativo no universo religioso de Esteio, é bastante conhecido, tanto neste município como em toda a região. Há várias décadas, Testemunhas de Jeová e Mórmons se renovam em cruzadas de divulgação “corpo a corpo” em todo o Vale do Rio dos Sinos, sem alcançar, no entanto, algum sucesso digno de nota. Os dados da tabela 4 identificam que a “Igreja Testemunhas de Jeová” reúne 500 adeptos em 2000, e 506 em 2010. A “Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias” decresce um pouco nesta mesma década, passando de 31 aderentes a somente 29. A “Espiritualista” conta, em 2010, com 58 participantes.

Religião não determinada e múltiplo pertencimento

Quanto à opção religiosa de múltiplo pertencimento, os recenseadores do IBGE não puderam anotar dados muito relevantes nos registros dos Censos de 2000 e 2010. Embora, na prática, haja muitas notícias que dão conta do trânsito religioso, em Esteio, em 2010, somente 511 (0,63%) habitantes declaram frequentar, simultaneamente, mais de uma denominação religiosa. “Não determinadas”, que apresenta 189 opções em 2000, e “Sem declaração” com 99 opções, não registram dados em 2010. “Não sabe” apresenta 19 moradores em 2010.

Sem religião, ateus e agnósticos

Esteio, assim como outros municípios da região, é majoritariamente religiosa. E, como só poderia acontecer, numa sociedade culturalmente religiosa torna-se complicado divergir. Talvez por isso as opções “Sem religião”, “Ateu” e “Agnóstico”, como podemos constatar na tabela 10, não tiveram acréscimos durante a década aqui em observação. Pelo contrário, sofreram pequena perda. Em “Sem religião” (item que registra a soma entre sem religião, ateu e agnóstico) a Amostra do Censo de 2000 dá conta de que havia 3.020 (3,77%) habitantes e que no Censo de 2010, apresenta somente 2.905 (3,6%). A opção “Ateu” – ano 2010 – indica 254 registros, a de “Agnóstico” 34 e a “Sem religião” (forma não religiosa socialmente mais fácil de ser aceita) apresenta 2.618.

Religiosidades ausentes

Por último, chama atenção em Esteio o fato de nos Censos 2000 e 2010 não haver registros de habitantes que cultivem expressões religiosas como a do Judaísmo, do Islamismo, das tradições Esotéricas, da Presbiteriana, da Evangélica Congregacional, da Evangélica Cristã do Brasil, da Igreja Casa da Benção e religiosidades indígenas, entre outras. Contudo, sempre é possível que haja praticantes em um e outro destes credos, mas certamente em número inexpressivo.

 

Notas:

1 - Cf. a pesquisa do GDIREC sobre a realidade religiosa de Esteio em FOLLMANN (coord.) José Ivo. O Mundo das Religiões em Esteio, in Cadernos do CEDOPE (Série Religiões e Sociedade), ano 12, n. 15, 2000.

2 - Em recente conversa com uma aluna da Unisinos ouvi desta, em resposta à pergunta sobre seu credo religioso, que era uma “evangélica caseira”, que fazia parte do grupo de pessoas que assumem um “credo evangélico genérico”. “Frequento igrejas evangélicas, mas não quero pertencer a nenhuma delas”, disse.

3 - Disponível em: <.">http://www.ihu.unisinos.br/areas/trabalho/observa-sinos/520303-opcoes-religiosas-em-sao-leopoldo>.

4 - Dirigentes espíritas preferem a denominação “Doutrina Espírita”, em vez dos tradicionais termos “igreja” ou “religião”.

5 - Mórmon, nome popular da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

O mercado formal de trabalho no Vale do Rio dos Sinos nos primeiros quatro meses deste ano movimentou 150.803 pessoas, entre admitidos e desligados, com saldo positivo de 9.333 vínculos. Durante o ano de 2012 o mercado de trabalho movimentou 413.861 pessoas. Ou seja, durante os quatro primeiros meses deste ano já se movimentou o equivalente a 36,4% de trabalhadores em relação ao total do ano anterior.

Os setores Comércio varejista e as Indústrias calçadistas são responsáveis pela movimentação de 19% e 15% dos trabalhadores, respectivamente, durante os primeiros meses deste ano na região, tendo como referencia a classificação IBGE Subsetor. Ambos no período possuem saldo positivo, o comércio com 220 vínculos e o calçadista com 2.098.

No acumulado do ano de 2012 o Comércio varejista movimentou 82.180 sendo 51% de admissões. As Indústrias calçadistas fecharam o ano de 2012 desligando mais trabalhadores que admitindo: saldo negativo de 1.930 vínculos.

Em abril deste ano, Loricardo de Oliveira apontava que “há um movimento de rotatividade nas empresas, por dois motivos, pela oferta de emprego na região o que faz muitos trabalhadores buscarem um trabalho melhor remunerado, outro as empresas buscando ajustar custos, demitem para contratações de salários menores”.

Esta é uma das interpretações sobre os dados formais do trabalho na região. Mas, o que pensam os trabalhadores sobre isso? Como transformar esta realidade?

O ObservaSinos se vale dos dados oficiais para propor a reflexão e debate sobre a realidade evidenciada a partir delas. Entretanto, se faz necessário que a população envolvida e representada a partir destes confirmem, contestem e contextualizem estes dados.

 

A movimentação nos municípios por ocupação

Entende-se movimentação de trabalhadores no mercado formal de trabalho o número de admitidos e desligados num determinado período, podendo haver saldo positivo ou negativo. Outro termo utilizado para referir a esta movimentação é “flutuação”.

Esteio foi o único município da região do Vale do Sinos com flutuação negativa no trabalho formal no período de janeiro a abril deste ano. Ou seja, demitiu mais trabalhadores que contratou, - 49 vínculos no período. O setor de Serviços fechou o período com saldo negativo de 245 trabalhadores.

A ocupação “Trabalhador polivalente da confecção de calçados” era a que possuía saldo e movimentação maior nos municípios de Araricá, Campo Bom e Nova Hartz no período. O salário médio de admissão variava de R$775,70 a R$801,23. Em Sapucaia do Sul o salário médio de contratação nessa ocupação foi de R$696,38.

As cinco primeiras ocupações com maiores saldos em Sapiranga no período são funções ligadas ao calçado: Preparador de calçados, Sapateiro, Acabador de calçados, Costurador de calçados – a máquina e Trabalhador polivalente da confecção de calçados. Os salários médios nestas admissões variavam de R$826,05 até R$957,20 respectivamente as ocupações “Trabalhador polivalente da confecção de calçados” e “Costurador de calçados – a máquina”.

Em Canoas as três primeiras ocupações com maiores movimentações e saldos estavam ligadas ao setor da Construção civil, são elas: Servente de Obras, Encanador e Montador de Andaimes (Edificações).  Os salários médios nestas admissões respectivamente a cada ocupação eram de R$772,89; R$1.427,66 e R$1.615,41.

No município de São Leopoldo a ocupação “Alimentador de Linha de Produção” apareceu em primeiro entre as ocupações com maiores movimentações, com média salarial na admissão de R$ 856,38. Em seguida apareceu “Auxiliar de escritório (Em geral)” com grande movimentação no período, o salário médio na admissão era de R$ 769,71.

A ocupação “Alimentador de Linha de Produção” também apareceu entre as de maiores saldos no período nos municípios de Dois Irmãos, Estância Velha, Esteio, Novo Hamburgo e Portão. O salário médio na admissão variava entre os municípios de R$ 709,21 a R$ 868,25, uma diferença de R$159,04.

“Faxineiro” foi à ocupação com maior saldo no período em Nova Santa Rita, foram admitidos 264 trabalhadores e desligados 205. O salário médio de admissão nesta ocupação era de R$19,84 a mais que o salário mínimo nacional.

“Auxiliar de Lavanderia” com média salarial na admissão de R$729,30 foi à ocupação com maior saldo em Ivoti nos primeiros quatro meses deste ano.

Os indicadores que subsidiaram esta análise foram organizados pela equipe do Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, a partir das ferramentas: Informações para o Sistema Público de Emprego e Renda – ISPER e os dados de Bases Estatísticas RAIS e CAGED.

Conheça estas ferramentas públicas de Informação: ISPER e Estatísticas RAIS e CAGED.

Uma das pautas das mobilizações que estão marcando os diferentes territórios brasileiros é a saúde. Temas como qualidade e investimentos são recorrentes e necessitam ser melhor conhecidos, analisados e debatidos. Por conta deste desafio o ObservaSinos acessou os dados sobre os gastos com saúde em 2012 no Vale do Rio dos Sinos, que somaram R$ 372.672.494,17. Este montante representa 23,5% do arrecadado em impostas na região no mesmo período.  No site Tribunal de Contas Estadual (TCE-RS) é possível acessar informações sobre os recursos aplicados nos municípios da região.


Esta é apenas uma referencia para a análise, debate e projeção da qualificação da política de saúde nos municípios e Vale do Sinos. O ObservaSinos convida para o debate sobre esta e outras realidades. Um dos espaços para ele são as Oficinas sobre os indicadores, que no dia 25 será pautado pelos Objetivos do Milênio – ODMs. Participe!

O ObservaSinos socializa a "Carta do Mercado de Trabalho", referente ao mês de maio deste ano, elaborada pelo Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas. O Observatório é coordenado pelo Prof. Dr. Moisés Waismann.

Eis a carta.

A carta do mercado de trabalho produzida pelo Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas, apresenta os dados do mês de maio divulgados no dia 21 de junho de 2013, do mercado de trabalho formal no Brasil, no estado do Rio Grande do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre e no município de Canoas, e tem como fonte os registros administrativos do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (CAGED) disponibilizados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Os setores econômicos são aqueles definidos pelo IBGE. O conceito de admitidos engloba o início de vínculo empregatício por motivo de primeiro emprego, reemprego início de contrato por prazo determinado, reintegração ou transferência. A noção de desligados indica o fim do vínculo empregatício por motivo de dispensa com justa causa, dispensa sem justa causa, dispensa espontânea, fim de contrato por prazo determinado, término de contrato, aposentadoria, morte, ou transferência. A diferença entre os admitidos e desligados é o saldo, que sendo positivo indica a criação de novos postos de trabalho e quando negativo indica a extinção de postos de trabalho. Estas definições e conceitos são definidos pelo MTE e são aplicadas as tabelas 01, 02, 03 e 04.

Verifica-se na tabela 01 que o mercado de trabalho formal brasileiro registrou saldo positivo entre admissões e demissões no mês de maio de 2013 de 72.028 postos de trabalho com carteira assinada o que representa um aumento de 0,18% sobre o mês de anterior. No mês de maio o setor da Construção Civil fechou 1.877 postos de trabalho. Os principais setores responsáveis pela abertura de vagas foram a Agropecuária com 333.825, o Serviço com 21.154 e a Indústria de Transformação com 15.754 postos de trabalho. No ano foram criados 669.279 postos de trabalho com carteira assinada no Brasil.

Observa-se na tabela 02 que o mercado de trabalho formal gaúcho registrou saldo, resultado entre as admissões e demissões, no mês de maio de 2013 com o fechamento de 2.116 postos de trabalho o que representa uma retração de 0,08% sobre o mês de abril. No estado os setores da Agropecuária e do Comércio foram os que mais fecharam postos de trabalho com 3.022 e 1.405 vagas respectivamente. O setor de Serviços foi o que mais abriu vagas com 2.675 postos de trabalho. No ano no Rio Grande do Sul até maio foram criados 76.081 postos de trabalho com carteira assinada.

Percebe-se na tabela 03 que o mercado de trabalho formal na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) no mês de maio de 2013 apresentou um saldo, resultado entre as admissões e as demissões de 419 postos de trabalho com carteira assinada. Os setores da Indústria de Transformação, Construção Civil, Comércio e Agropecuária apresentaram fechamentos de vagas. O Setor de Serviços apresentou um acréscimo de 1.140 (0,21%) postos de trabalho. No ano foram criados 26.177 postos de trabalho com carteira assinada na RMPA.

Nota-se na tabela 04 que o mercado de trabalho formal no município de Canoas registrou saldo líquido negativo entre admissões e demissões no mês de abril de 2013, com decréscimo de 286 postos de trabalho com carteira assinada o que representa uma queda de 0,33% sobre o mês de abril. Os setores de da Indústria de Transformação, a Construção Civil, a Administração Pública e Agropecuária fecharam postos de trabalho. O setor de Serviços foi o responsável por 119 postos de trabalho, um acréscimo de 0,33% sobre o mês anterior, seguido pelo setor do Comércio com 86 (0,43%) vagas. No ano foram criados 2.111 postos de trabalho com carteira assinada.

Dados declarados pela população de Novo Hamburgo nos censos de 2000 e 2010 referentes a religião foram reunidos pelo Observatório da Realidade e das Politicas Públicas – ObservaSinosInácio Spohr, Mestre em Ciências Sociais, coordenador do Programa Gestando o Diálogo Inter-Religioso e o Ecumenismo – GDIREC, é quem faz a análise destes dados.


O ObservaSinos e o GDIREC são programas do Instituto Humanitas Unisinos – IHU.

Eis o texto.

Situada no Vale do Rio dos Sinos1, Novo Hamburgo apresenta, segundo o Censo de 2010, uma população composta por 238.940 habitantes2. Cidade líder do setor coureiro-calçadista, é conhecida tanto no Rio Grande do Sul quanto em todo o país como a “capital do calçado”. Marcada por grande ascendência germânica, a cidade conta com uma vasta rede pública e privada de ensino, bem como conta com um amplo campus universitário, o da Universidade FEEVALE. Contudo, entre 2000 e 2010 a cidade de Novo Hamburgo pouco cresceu em termos populacionais. Pois, durante esta década, acrescentou somente 2.847 habitantes (cf. tabela 1).

Meu objetivo, neste texto, visa mostrar dados do IBGE extraídos das amostras dos Censos de 2000 e 2010 – com alguns poucos comentários – relativas ao trânsito religioso na cidade de Novo Hamburgo. Quais religiões estão em crescimento, quais estão em recuo e quais se mantêm aqui e ali, com pequenas variações numéricas. Enfim, quem é quem na diversidade religiosa de Novo Hamburgo nesta última década.

Religiões cristãs

Similar a outras regiões do Vale do Rio dos Sinos, o último Censo do IBGE confirma que a população de Novo Hamburgo (tabela 1) mantém grande preferência por religiões cristãs onde, em 2010, os católicos contam com 151.442 habitantes (63,38%) e onde os evangélicos alcançam 69.325 habitantes (29,01%). Religiões cristãs de menor porte, como a “Católica Apostólica Brasileira” e a “Católica Ortodoxa”, neste mesmo município, apresentam respectivamente, 1.165 (0,49%) e 201 (0,09%) adeptos. A religiosidade cristã em Novo Hamburgo registra, portanto, maciça maioria, perfazendo um total de 92,97% adeptos, o que equivale a 222.142 indivíduos, sobre o total de 238.940 habitantes.

Observadas as transições religiosas entre 2000 e 2010, cabe destacar que a religião Católica vem cedendo espaço a outras opções religiosas. Em 2000 detinha 72,09% da população, enquanto que em 2010 mantém somente 63,37%, o que corresponde a uma diminuição de 8,71% de adeptos. Paralelamente, as evangélicas registraram um acréscimo de 6,12% em suas fileiras. A “Católica Ortodoxa”, embora infimamente representada entre as opções religiosas de Novo Hamburgo, em 2000 passa de tão somente 12 opções, para 210, em 2010.

Não obstante, e aqui, creio, está a novidade do trânsito religioso em Novo Hamburgo, as opções cristãs tiveram diminuição de adeptos, apesar do crescimento pentecostal que podemos verificar na tabela 3. Segundo dados do IBGE, no ano de 2000 (tabela 1), a religiosidade cristã detinha 95,56% opções, enquanto que em 2010 estas diminuem para 92,97%3.


Religiões evangélicas de missão

No campo das religiões “Evangélicas de Missão” (assim denominadas pelo IBGE), observamos que, no ano de 2000 (tabela 2), estas detinham 29.225 opções (12,37%) e que no Censo de 2010 passam a ter somente 23.366 opções (9,78%). Esta diminuição corresponde, portanto, a 2,59% da população. A redução de adeptos entre as Evangélicas de Missão é observada sobretudo entre as denominações “Igreja Evangélica Luterana”, “Igreja Evangélica Metodista”, “Igreja Evangélica Batista” e “Igreja Evangélica Adventista”. Não há dados comparativos para a denominação “Igreja Evangélica Presbiteriana”. A “Igreja Evangélica Congregacional”, com pouquíssimos adeptos, se manteve praticamente estável.

 

Religiões evangélicas de origem pentecostal

No grupo das religiões evangélicas de origem pentecostal (tabela 3) percebemos, nesta última década, nítido crescimento no número de seus adeptos. Se em 2000 tiveram 22.134 opções (9,37%), em 2010 estas passam a somar 28.326 (11,83%). Cresceram as denominações pentecostais “Igreja Assembleia de Deus”, “Igreja o Brasil para Cristo”, “Igreja Evangelho Quadrangular” e “Igreja Deus é Amor”. Diminuíram de tamanho as denominações “Igreja Congregação Cristã do Brasil”, e “Igreja Universal do Reino Deus”. Para as denominações “Comunidade Evangélica”, “Casa da Benção” e “Outras de origem pentecostal” não há dados comparativos entre 2000 e 2010. Já as evangélicas de origem pentecostal denominadas “Igreja Maranata”, “Igreja Nova Vida” e “Evangélica renovada não determinada” não marcaram pontos no Censo de 2000, e nem no de 20104.

Evangélicas sem vínculo institucional e Múltiplo pertencimento

As opções religiosas “Evangélicas sem vínculo institucional” (tabela 4) apresentam dados relativos somente ao Censo de 2000. Isso porque o Censo de 2010, curiosamente, abandona a coleta de dados sobre práticas religiosas sem vínculo institucional, tão bem ensaiado no Censo anterior.

De qualquer forma, no ano de 2000 os evangélicos sem vínculo com instituições religiosas somam 1.653 pessoas (0,7%). Desses, 1.196 (0,51) são “Evangélicos” (serão estes não praticantes originários das Evangélicas de Missão?)5 e 457 são de origem pentecostal (0,19%).

Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Testemunhas de Jeová, Espírita e Espiritualista

A tabela 5 reúne algumas opções religiosas numericamente pouco significativas diante da população total de Novo Hamburgo. Não obstante o pequeno número de participantes nestas religiões, destacar sua presença aqui ajuda a compreender os caminhos da diversidade religiosa nesta cidade. Aos poucos, vão firmando seus passos. A “Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias”, nesta última década, passa de 479 adeptos para 571 e a “Espiritualista” passa a ter 120 adeptos em 2010, quando em 2000 aparecia sem nenhum representante. A religião “Testemunhas de Jeová”, por sua vez, passa de 1305 aderentes para 1955. Já a Doutrina Espirita que, em 2000 tinha 1.509 declarantes, em 2010 alcança 3.380. Os espíritas, portanto, mais que dobram seus adeptos nesta última década.

Religiões Esotéricas e Indígenas

Os dados da Amostra dos Censos de 2000 e 2010 não denominam explicitamente as diferentes formas de crer elencadas sob o nome “Religiões Esotéricas”. Pouco numerosas, talvez, não precisam de tanto. A tabela 6 informa que, em 2000, as Esotéricas tinham 80 adeptos (0,03%) e que em 2010 estes são 120 (0,05%). As religiosidades ligadas a tradições indígenas não marcam pontos em nenhum dos Censos, embora, em 2010, haja 169 (0,07%) declarantes “indígenas” no município.

Religiões Afro-Brasileiras

As expressões religiosas Afro-Brasileiras em Novo Hamburgo (tabela 7) não são muito numerosas. Menor que a de municípios com índice populacional inferior como São Leopoldo5 e Esteio6, situados na mesma região. Entre as dificuldades que condicionam as adesões religiosas Afro-Brasileiras, algumas delas de cunho histórico, está a dificuldade relacionada à denominação usada pelo Censo. O termo “Candomblé”, embora recorrente no centro do país, não é usual no Rio Grande do Sul. No Vale dos Sinos predominam, entre outros, as denominações “Religião Africana”, “Nação”, ou simplesmente “Religião”. Com certa frequência dizem “sou de Religião”.

Posto isso, vamos aos números. De acordo com os dados levantados pelas Amostras dos Censos do IBGE, no ano de 2000 as religiões “Umbanda” e “Candomblé” detinham, respectivamente, somente 312 e 89 praticantes. Em 2010 estas formas de crer passam então a contar com 807 adeptos na Umbanda e 80 adeptos no Candomblé. A opção Candomblé, portanto, já ínfima, diminui ainda um pouco mais nesta última década, enquanto que a Umbanda teve um acréscimo superior ao dobro do número de praticantes. “Outras declarações de religiosidade afro-brasileira” apresentam, em 2010, somente 71 opções.

Se considerarmos o ponto de vista “cor ou raça”, o Censo de 2010 informa que Novo Hamburgo apresenta 7.935 (3,32%) habitantes “pretos” e 14.234 (5,96%) habitantes “pardos”. Pretos e pardos perfazem, portanto, 22.169 (9,28%) habitantes. Embora 9,28% da população de Novo Hamburgo esteja representada por pretos e pardos, os praticantes das religiões afro-brasileiras somam apenas 0,4% de pessoas sobre a população total do município. Mesmo assim, durante esta década, Umbanda teve um acréscimo considerável: passa de 312 para 807 praticantes.

Religiões Orientais

Em menor número ainda que as religiões esotéricas e indígenas (tabela 6) e afro-brasileiras (tabela 7), as religiões orientais (tabela 8) ainda não passam de uma promessa na cidade de Novo Hamburgo. Contudo, tanto o “Budismo” quanto a “Igreja Messiânica Mundial” tiveram alguns acréscimos em suas fileiras durante os últimos 10 anos. O Budismo passa de 38 para 132 praticantes e a Messiânica que, inicialmente tinha só 30 participantes, passa a contar com 85. “Outras novas religiões orientais” tiveram 5 opões em 2010 e “Outras religiões orientais” tiveram 10 anotações somente no ano de 2000.

Judaísmo e Islamismo

Tanto o “Judaísmo” quanto o Islamismo encontram poucos adeptos em todo o Vale do Rio dos Sinos8. Em Novo Hamburgo (tabela 9) a representação destas religiões milenares é especialmente muito pequena. O Judaísmo, que não teve adeptos em 2000, anota somente 12 em 2010. O Islã, que somou 33 adeptos em 2000, não teve quem anotasse essa opção em 2010.

Não Determinada e Múltiplo Pertencimento

A pesquisa do IBGE que foca o “Múltiplo pertencimento” religioso (tabela 10), ausente no Censo de 2000, no de 2010 é apresentada sob a denominação religião “Não determinada e múltiplo pertencimento – Religiosidade não determinada ou mal definida”. O item reúne, portanto, uma série de opções, talvez de forma demasiado elástica, onde a frequência simultânea a mais de uma religião se encontra diluída entre as opções “não determinada” e “mal definida”. Se nos fosse permitido vislumbrar quantos realmente transitam em dois ou mais credos religiosos, fato, aliás, bastante corriqueiro em nosso país, seria bem interessante.

Segundo a tabela 10, encontramos em Novo Hamburgo, no Censo de 2010, um conjunto de 882 indivíduos classificados sob o item religião “Não determinada e múltiplo pertencimento”, o que corresponde somente a 0,37% sobre o total da população. A opção religiões “Não determinadas”, com 364 anotações, e “Sem declaração”, com 299 anotações, foi pesquisada pelo IBGE somente no Censo de 2000.

Sem religião, ateus e agnósticos

Como no caso das tabelas anteriores (tabelas 7 e 10), também aqui (tabela 11) percebe-se uma lacuna que dificulta a compreensão dos dados coletados pelos últimos Censos do IBGE. No de 2000 a pesquisa se ocupa unicamente com a opção “Sem religião” enquanto que no Censo de 2010 somos contemplados com referências a “Sem religião”, “Ateus” e “Agnósticos”. É verdade que os números da tabela não são muito alentados, mas nem por isso tem sua importância diminuída. Em Novo Hamburgo, assim como em outros municípios da região, não crer em Deus, declarar-se ateu ou afirmar ser agnóstico requer, no mínimo, um grau razoável de coragem. Isso porque em terras onde o índice de adesão religiosa é muito alto, como é caso desse município, “normal” é professar uma forma de crer, é estar vinculado a uma expressão religiosa. Não crer em divindades, afirmar-se ateu, ainda vem a ser classificado, por mais razoável que possa parecer, como gesto de rebeldia. Diante de uma realidade que, conforme a cultura dominante tende a ser guiada por Deus, como, aliás, advertem decalques em carros e caminhões, uma vida sem Deus soa, no mínimo, estranha.

Portanto, de acordo com o Censo de 2000, há no município de Novo Hamburgo 5.803 habitantes (2,46%) que anotaram a opção “Sem religião”. Em 2010 o mesmo conjunto passa a contar com 7.557 habitantes (3,16%). Discriminados os dados, temos então 6.595 pessoas na opção “Sem religião”, 844 na de “Ateu” e 118 na rubrica “Agnóstico”. Por que tantos sem religião e tão poucos ateus e agnósticos Possivelmente porque o termo “sem religião” mostra ser mais palatável à cultura (religiosa) que o de ateu e agnóstico.

 

Notas:

1 - Municípios do Vale do Rio dos Sinos: Araricá, Campo Bom, Canoas, Dois Irmãos, Estância Velha, Esteio, Ivoti, Nova Hartz, Nova Santa Rita, Novo Hamburgo, Portão, São Leopoldo, Sapiranga, Sapucaia do Sul e Taquara.
2 - Cf. “População e mapa político do Vale dos Sinos”, disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/noticias-anteriores/38082-populacao-e-mapa-politico-do-vale-dos-sinos.
3 - Segundo a pesquisa Religiões e Religiosidades na Região Metropolitana de Porto Alegre – in Follmann, José Ivo. O Mundo das Religiões em Novo Hamburgo. Cadernos do CEDOPE, Instituto Humanitas Unisinos-IHU, Série Religiões e Sociedade, ano 14, nº 17, 2002, p. 09 – este município apresentava os seguintes números relativos a LOCAIS E TEMPLOS DE CULTO RELIGIOSO: Afro/Umbanda, 41; Kardecistas, 4; Católica, 45; Pentecostais e Neopentecostais, 97; Protestantes Históricas (Evangélicas de Missão), 35; Diversas, 16. Total: 238.
4 - Embora façam parte da listagem das denominações submetidas à pesquisa pelo IBGE, as religiões “evangélicas de origem pentecostal”, acima citadas não foram incluídas na tabela 3 por não terem presença em nenhum dos Censos considerados.
5 - Mormente é mais fácil obter informações sobre “católicos não praticantes” do que sobre evangélicos e pentecostais nestas mesmas condições. Não há registros sobre a diferenciação entre católicos praticantes e católicos não praticantes nos Censos aqui considerados.
6 - Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/areas/trabalho/observa-sinos/520303-opcoes-religiosas-em-sao-leopoldo
7 - Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/areas/trabalho/observa-sinos/520809-opcoes-religiosas-em-esteio
8 - Judaísmo e islã marcam maior presença em Porto Alegre. Esta última, sobretudo na região fronteira-sul.

Do montante arrecadado em impostos na região do Vale do Rio dos Sinos em 2012, 26% foram aplicados em manutenção e desenvolvimento do ensino nos municípios que compõem a região, totalizando R$ 419.794.359,83. No site Tribunal de Contas Estadual (TCE-RS) é possível acessar informações sobre os recursos aplicados em 2012 em todos os municípios da do Vale.

Araricá e Campo Bom foram os municípios da região que mais aplicaram em manutenção e desenvolvimento do ensino proporcionalmente a receita líquida de impostos e transferências no ano de 2012.

Importante ressaltar que a informação é pública, qualquer pessoa com acesso a internet pode consultar esta base de dados. E agora? Como a sociedade civil pode se organizar a fim de monitorar e garantir a aplicalidade do recurso?

Baú do ObservaSinos

Durante o ano de 2012 o ObservaSinos, em parceria com o Observatório da Educação, PPG em Educação da Unisinos, promoveram oficinas para a aproximação com os dados e análises sobre a realidade da educação.

Jesus Rosemar Borges destacou posteriormente a relação entre os dados do “IDEB e recursos aplicados em educação”. Desta relação Borges enfatiza que “se cruzarmos os investimentos em Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE) com os desempenhos no IDEB, não é possível identificar uma relação direta entre investimentos e desempenho do sistema escolar, pois alguns municípios apresentaram melhores resultados, mesmo com percentuais menores de investimento. Assim, embora a definição de políticas de financiamento e alocação de recursos para a educação seja de extrema relevância, há que se considerar outros fatores intervenientes no conjunto de indicadores que permita configurar uma escola e um ensino de qualidade”.

Conhecer, analisar e debater esta realidade constitui-se necessidade e possibilidade de garantia do direito a educação e de qualificação da política.