A semana começou com os olhos voltados para o Vaticano, onde estava prestes a começar o Conclave que mais tarde elegeria Leão XIV. Mas o mundo, em silêncio, assistia, ao mesmo tempo, Israel apresentar seu plano mais cruel para Gaza, levando a mais extrema crise humanitária - se é que isso é possível - assumir contornos ainda mais dramáticos. Tudo isso, simultaneamente, ao crescimento do autoritarismo, que ascende com cada vez mais força, no já decadente império norte-americano. No Brasil, vimos o Banco Central agradar aos banqueiros e mais uma tentativa de anistia à golpista. Esses outros assuntos nos Destaques da Semana no IHUCast.
O Conclave elegeu o cardeal Robert Prevost como o novo Bispo de Roma. O pontificado de Leão XIV, ao que tudo indica, começa trilhando os passos do seu antecessor, conforme sinalizou o teólogo italiano Andrea Grillo, na entrevista que concedeu ao IHU logo após o anúncio do Vaticano. Segundo aponta, trata-se de “continuidade com Francisco, embora em um estilo diferente, o que fica claro na dupla intenção de pacificar e unir todos os povos. Isso envolve um trabalho de reconciliação dentro da igreja e fora dela”.
O 267º papa deixou claro em seu primeiro discurso que a paz desarmada e desarmante será um dos fios condutores da sua jornada à frente da igreja católica. Paz, a palavra repetida dez vezes, e desarmado e desarmante, entram na história, pela sua eficácia e potência, no manifesto que anuncia um compromisso constante e urgente, no futuro próximo deste pontificado, disse o jornal La Reppublica.
Em sua primeira homilia, Leão XIV conclamou o Colégio Cardinalício a testemunhar a fé em ambientes onde "ela é considerada uma coisa absurda porque tecnologia, dinheiro, sucesso, poder, prazer são preferidos". E disse esperar que durante seu papado a Igreja Católica seja um "farol que ilumina as noites do mundo".
Assertivo foi o apelo de paz do novo papa diante a um mundo ferido e sombrio. O plano de Israel para a Faixa de Gaza, que prevê a ocupação total do território e a remoção dos palestinos, recorda os campos de concentração da Alemanha Nazista. Ao que tudo indica, agora a população de Gaza terá o mesmo destino que os judeus e os outros perseguidos por Hitler durante a segunda guerra.
A narrativa em primeira pessoa da médica sem fronteira Martina Marchi, mostra como é obscura a situação dos palestinos. Incrédula, ela vê que deixamos a humanidade de lado para aderir à barbárie: “Eu não imaginava que existissem assim tantas flexões de violência, aniquilação, humilhação e privação. Não acreditava que a omertà e o silêncio do mundo pudessem atingir níveis tão desumanos./ No entanto, chegamos a um ponto sem retorno para a humanidade, e carregaremos esse fardo horrível em nossa consciência por gerações inteiras”.
“Trump, que se tornou sintoma terminal da supremacia americana, assim como as guerras mundiais foram para os britânicos”, continua exercendo um mandato de ataque. Essa semana, sua foto falsa, em que aparecia vestido de papa, rodou o mundo e irritou católicos e não católicos. Em entrevista ao IHU, Rodrigo Petronio analisou como Donald Trump se transformou nessa espécie de showman global da antipolítica extremista de direita.
Diferentemente da postura de Harvard, a Universidade de Columbia se rendeu ao autoritarismo e chamou a polícia para lidar com um protesto de estudantes pró-Gaza no campus. Cerca de 50 pessoas foram presas por participarem de uma breve ocupação da Biblioteca Butler.
A Câmara dos Deputados afrontou o STF, mais uma vez, e suspendeu a ação contra Alexandre Ramagem. A fraude contra o INSS, conforme sinaliza Paulo Kliass, mostra que dinheiro tem, afinal “sobra dinheiro para pagar juros da dívida aos banqueiros: só em março, foram 75 bilhões de reais”. E tudo isso na semana em que o Banco Central colocou a taxa de juros no mesmo patamar de 2006, alcançando 14,75% ao ano. Como sinalizou João Pedro Stédile, isso visa manter o “maior esquema de concentração de rendas do planeta” e que vai bem contra a linha daquilo que propõe a economia Donut, que foi tema da conferência com a economista britânica Kate Raworth no IHU.
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