Pouco se falava em suicídio. Medo, preconceito, sofrimento, tabu – vários são os motivos que restringiam o tema ao interior de casas atraiçoadas pela ausência de um familiar que abdicou de viver, a emergências médicas que tentavam subverter o desatino, a consultórios onde se buscava atenuar ou extinguir o sofrimento de existir. O silêncio em torno do que Durkheim chamou de “renúncia suprema” passou a ser rompido quando a expressividade das estatísticas começou a saltar das tabelas e relatórios. A Organização Mundial da Saúde – OMS estima que, a cada ano, mais de 800 mil pessoas suprimem a própria vida, ou seja, uma morte a cada 40 segundos. No Brasil, conforme o Ministério da Saúde, a cada 45 minutos uma pessoa morre por suicídio. Entre 2011 e 2016, houve 62.804 mortes por suicídio no país.
O tema de capa desta revista IHU On-Line é inspirado pela realização, aqui em São Leopoldo, RS, da reunião latino-americana dos coordenadores e diretores dos Centros Sociais da Companhia de Jesus. Buscando entender melhor a inspiração destes centros sociais espalhados pela América Latina e o serviço que tentam prestar, entrevistamos alguns diretores e pesquisadores que neles atuam.
Nos últimos anos, diversos países latino-americanos, como Equador e Bolívia, incorporaram, nas suas constituições, o conceito do bem-viver, que nas línguas dos povos originários soa como Sumak Kawsay (quíchua), Suma Qamaña (aimará), Teko Porã (guarani). Para alguns sociólogos e pesquisadores temos aí uma das grandes novidades no início do século XXI. Esta edição da IHU On-Line, em parceria com escritório brasileiro da Fundação Ética Mundial no Brasil, busca compreender melhor a contribuição específica que trazem os povos originários para a crise civilizacional que vivemos.