Homens chefes de família sem renda no Vale do Sinos

  • Sábado, 2 de Julho de 2011

O Censo 2010 revela as realidades brasileiras expressas nos diferentes municípios brasileiros. Os dados preliminares disponibilizados apresentam indicadores que caracterizam as famílias brasileiras em cada território e, por isso, subsidiam a análise da realidade vivida, assim como apontam perspectivas de avaliação das políticas públicas em implementação.

O ObservaSinos comprometido com o acesso, análise, sistematização e publicização destes dados dá sequência ao seu trabalho de aproximação com a realidade das famílias do Vale do Sinos, cujos seus chefes encontram-se sem rendimento.  Este dado, juntamente com outros indicadores - existência de banheiros nos domicílios, acesso à rede de esgoto e água e também energia elétrica – apresentam o cenário que caracteriza a linha da pobreza extrema, que está na pauta dos Programas Federal e Estadual recentemente lançados.

Conhecer e analisar esta realidade no âmbito local é fundamental para analisar e avaliar a implementação dos Programas propostos.

No Brasil, segundo dados preliminares do Censo 2010, 1.382.312 homens sem renda são responsáveis por domicílios particulares. Neste número estão incluídos os homens com rendimento nominal mensal somente em benefícios. Lares gaúchos representam 3,2% deste total e na região do Vale do Sinos são 4.956 domicílios.

Este quadro fica ainda mais complexo, quando são identificados 4.665 crianças e adolescentes, com idade entre 10 e 14 anos, responsáveis por domicílios brasileiros sem renda. 161 destes domicílios estão no Estado, sendo 23 domicílios localizados na região do Vale.

Esta aproximação ainda revela que 254.359 domicílios brasileiros são chefiados por homens idosos sem renda. No Estado são 9.391 domicílios e na região do Vale 1.248.

Crianças, adolescentes e idosos chefes de família e seus grupos familiares que vivem em situação de vulnerabilidade seguem desprotegidos.

Esta realidade fica ainda mais complexificada, quando é realizada a aproximação com os  domicílios com renda per capita de até 70 reais, que também estão na linha de pobreza extrema, conforme cálculo do IBGE. No Censo 2010, foram identificados 1.402.753 lares chefiados por homens com esta renda. Destes domicílios, 23.229 são lares gaúchos e 3,9% destes estão na região do Vale.

Os números revelam parcialmente esta realidade que necessita ser amiudada para a apreensão dos diferentes cenários e dimensões a ela implicada. As políticas e programas necessitam apreender e intervir neste conjunto de vulnerabilidades dos diferentes grupos familiares e do seu conjunto em cada território.

Este quadro ainda fica mais complexo quando revela a realidade dos homens chefe de família, já que são os segmentos menos atingíveis pelas políticas públicas. A maioria dos programas sociais atingem ainda exclusivamente às mulheres. Esta condição apresenta às mulheres potencialidades para a superação da extrema pobreza, em meio aos inúmeros limites, que ainda a elas estão impostos. Seguir conhecendo a realidade, seus números e suas expressões, constitui-se como condição para qualificar e controlar as políticas públicas e, consequentemente, afirmar uma outra lógica de desenvolvimento e civilização.