13 Mai 2025
Massimo Faggioli, professor de teologia histórica na Universidade Villanova, na Pensilvânia, e colaborador regular da La Croix International com sua coluna 'Sinais dos tempos', analisa o significado da eleição de Leão XIV em meio à ascensão do nacionalismo cristão nos Estados Unidos.
A entrevista é de Mélinée le Priol, publicado por La Croix International, 12-05-2025.
Você acompanhou a eleição do Papa Leão XIV da Universidade Villanova, perto da Filadélfia, onde você leciona — e onde o papa estudou matemática e filosofia na década de 1970. Como foi?
A atmosfera era eletrizante! Villanova não é apenas a universidade onde Robert Francis Prevost estudou, mas também pertence à Ordem de Santo Agostinho, que ele liderou como superior geral. Ele é realmente uma figura local. A equipe da universidade acompanhou de perto sua carreira ao longo dos anos, primeiro como bispo e depois como cardeal, muito antes do conclave. Os agostinianos de Villanova o conhecem bem e têm muito orgulho dele.
Pela primeira vez na história, um papa nascido nos Estados Unidos foi eleito. Seria este um ponto de virada?
Ela fala da vitalidade do catolicismo tanto nos Estados Unidos quanto na América Latina, bem como do caráter particular do catolicismo em Chicago, cidade natal de Leão XIV. Sua origem americana reflete claramente uma continuidade com o Papa Francisco. Ambos são membros de ordens religiosas — Prevost, um agostiniano, Francisco, um jesuíta. Mas agora teremos um papa que entende o contexto americano diretamente, sem necessidade de mediação ou tradução.
Esta eleição também envia uma mensagem ao trumpismo e ao vice-presidente americano J.D. Vance: ela destaca um tipo diferente de cultura católica americana. Dito isso, é importante enfatizar que Robert Prevost não é um católico liberal — ele é um católico social.
Você espera que ele se manifeste mais veementemente contra as políticas do governo Trump?
Em termos de substância, não espero uma grande mudança no pontificado de Francisco. O que mudará é o estilo e a estratégia. Ele provavelmente será diferente de Francisco, que muitas vezes reagia instintivamente.
Claro, sua teologia agostiniana não se parece em nada com a visão de mundo de J.D. Vance. Mas isso não significa que ele será o papa das facções anti-Trump. Novamente, ele é um católico social, não um liberal. É difícil colocá-lo no espectro tradicional esquerda-direita. Pelo que sei, os agostinianos tendem a ter uma abordagem cautelosa em relação a temas como gênero, por exemplo.
Dada sua herança mista — espanhola, crioula da Louisiana, italiana, francesa — e seus fortes laços com o Peru, podemos esperar um foco renovado na migração?
Ele é um papa pan-americano, e todas as igrejas das Américas foram profundamente moldadas pela migração. Então, sim, acredito que a preocupação com migrantes e refugiados será um dos pontos-chave de continuidade entre este papado e o anterior. Para os católicos latino-americanos, a questão da migração é inegociável. Nesse aspecto, não espero que ele seja brando.
Dito isso, ele também terá que falar com católicos na Europa, Ásia e África — para tranquilizá-los de que, embora seja um papa das Américas, não será o papa americano. Esse rótulo provoca fortes reações em muitas partes do mundo, e ele tem plena consciência disso. O fato de ter falado apenas em italiano e espanhol da sacada da Basílica de São Pedro após sua eleição diz muito.