Vírus no ar e máscara obrigatória. O quebra-cabeça do contágio divide os especialistas

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06 Abril 2020

O estadunidense Fauci: "Há dados que mostram que as pessoas podem espalhar a doença apenas conversando".

A reportagem é de Elena Dusi, publicada por La Repubblica, 03-04-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.

"Pelo nosso conhecimento, parece possível que o vírus Sars-Cov2 seja transmitido com aerossóis gerados por pacientes expirando”. É possível que "se espalhe por meio de conversas, além da tosse e espirro". O fato de encontrar vestígios de seu genoma no ar "não significa que haja vírus vital suficientes para infectar uma pessoa". Mas sua presença "tanto nas gotículas quanto no aerossol do ar indica a possibilidade de infecção também por essa via".

Harvey Fineberg, secretário do Comitê de Doenças Infecciosas Emergentes dos Estados Unidos, responde ao pedido de parecer urgente de Kelvin Droegmeier, consultor de saúde da Casa Branca.

Há indícios de que o coronavírus não se transmita apenas por gotículas emitidas por espirros e tosse: partículas maiores que 5 mícrons (milésimos de milímetro) que caem em poucos segundos. Mas que se dissemine também carregado pelos aerossóis: partículas menores e mais leves, capazes de permanecer suspensas no ar por até três horas.

"Há observações recentes de que o vírus pode se disseminar mesmo quando as pessoas conversam", confirmou Anthony Fauci, diretor do Instituto Americano de Doenças Infecciosas (NIAID). A Organização Mundial da Saúde também disse que estava pronta para ampliar as indicações sobre o uso de máscaras.

Então o coronavírus permanece suspenso no ar? Posso ser infectado ficando no quarto com um paciente, respeitando o limite de 1 a 2 metros? Como explica Fineberg, é apenas uma suspeita.

O presidente do Istituto Superiore di Sanità (ISS), Silvio Brusaferro, reitera: "Faltam confirmações". A capacidade dos vírus circularem no ar "é conhecida nos contextos sanitários", onde um grande número de pacientes está concentrado em espaços restritos. Se surgirem dados mais seguros, acrescenta Brusaferro, ‘avaliaremos’ as indicações sobre as máscaras."

De qualquer forma, acrescenta Gianni Rezza, diretora do departamento de doenças infecciosas da ISS, “está excluído que o vírus circule ao ar livre".

Matteo Moro, chefe do controle de infecções do Hospital San Raffaele, em Milão, lembra que "em um caso, com a Sars, uma transmissão aérea foi demonstrada. Mas permaneceu um exemplo isolado". Também estão sendo coletados indícios para o coronavírus de hoje.

Um experimento do Niaid no New England Journal of Medicine calculou a permanência máxima do coronavírus no ar em três horas. Embora a quantidade de microrganismos diminua pela metade em uma hora, é muito mais do que se esperava.

O Nebraska Medical Center encontrou amostras de coronavírus no ar de quartos onde os pacientes haviam sido isolados, a mais de um metro de distância dos leitos, incluindo os corredores externos e aberturas de ventilação.

Outro experimento do Boston MIT mediu entre 7-8m a distância que um espirro pode atingir.

Um estudo publicado ontem na Nature Medicine pela Universidade de Hong Kong encontrou a presença de coronavírus em gotículas e aerossóis emitidos por alguns voluntários com a tosse. Usar a máscara poderia reduzir a carga viral.

Finalmente, na revista Emerging Infectious Diseases, um grupo chinês do Guangzhou Center for Disease Control relatou o caso de três famílias infectadas em um restaurante sem janelas, apesar de suas mesas estarem a uma distância segura.

Os ambientes fechados podem estar em risco? Não o exclui Carlo Federico Perno, virologista da Universidade de Milão. "Uma pessoa doente que respira por muito tempo em um ambiente pequeno e não ventilado concentra vírus no ar", explica ele.

Isso não significa que seja fácil ser infectado dessa maneira. "A probabilidade de ficar doente e a gravidade dos sintomas dependem da carga viral, ou seja, da quantidade de vírus inalado". Nem sabemos qual é o limiar dos micróbios além do qual certamente de desenvolve a doença. "Mas, no futuro - confirma Perno -, teremos que tomar cuidado com aglomerações e ambientes fechados. Não penso em supermercados, que são amplos, mas nos espaços pequenos com muita gente e pouca ventilação. Ali não será suficiente respeitar as distâncias".

As máscaras (caso estejam disponíveis) também não serão uma panaceia. "Aquelas cirúrgicas - explica Moro - são abertas nas laterais. Ao inalar, elas deixam passar qualquer vírus presente".

 

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