O mundo depois do coronavírus. Artigo de Yuval Noah Harari

Mais Lidos

  • “Os israelenses nunca terão verdadeira segurança, enquanto os palestinos não a tiverem”. Entrevista com Antony Loewenstein

    LER MAIS
  • Golpe de 1964 completa 60 anos insepulto. Entrevista com Dênis de Moraes

    LER MAIS
  • “Guerra nuclear preventiva” é a doutrina oficial dos Estados Unidos: uma visão histórica de seu belicismo. Artigo de Michel Chossudovsky

    LER MAIS

Revista ihu on-line

Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

Edição: 552

Leia mais

Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

Edição: 551

Leia mais

Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

Edição: 550

Leia mais

26 Março 2020

“A epidemia do coronavírus é, portanto, uma grande prova de cidadania. Nos próximos dias, cada um de nós terá que escolher entre confiar em dados científicos e especialistas em atenção médica, ou em teorias conspiratórias infundadas e políticos interesseiros. Se não tomarmos a decisão correta, poderíamos estar renunciando a nossas liberdades mais apreciadas, pensando que esta é a única maneira de salvaguardar nossa saúde”, escreve Yuval Noah Harari, historiador e escritor israelense, autor de livros como Sapiens: uma breve história da humanidade e Homo Deus: uma breve história do amanhã, em artigo publicado por The Financial Times, 24-03-2020. A tradução da versão espanhola publicada por CPAL Social, 24-03-2020, é de Wagner Fernandes de Azevedo.

Eis o artigo.

 

Essa tempestade passará. Porém as decisões que tomarmos hoje mudarão nossa vida nos anos vindouros.

A humanidade hoje enfrenta uma crise global. Talvez a maior crise de nossa geração. As decisões que as pessoas e os governos tomarão nas próximas semanas provavelmente moldem o mundo nos anos vindouros. Não somente moldarão nossos sistemas de saúde, mas também nossa economia, nossa política e nossa cultura. Devemos atuar rápida e decididamente. Também devemos levar em conta as consequências do longo prazo de nossas ações. Quando escolhemos entre alternativas, não somente devemos nos perguntar como superar a ameaça imediata, mas também que tipo de mundo habitaremos assim que passar a tormenta. Sim, passará. A humanidade sobreviverá, a maioria de nós seguiremos vivos, porém habitaremos um mundo diferente.

Muitas medidas de emergência de curto prazo se tornarão em hábitos de vida. Essa é a natureza das emergências. Os processos históricos avançam rapidamente. Decisões que em tempos normais levam anos de deliberação se aprovam em questões de horas. Entram em serviço tecnologias imaturas e inclusive perigosas, porque os riscos de não fazer nada são maiores. Países inteiros servem como cobaias em experimentos sociais de grande escala. O que acontece quando todos trabalham em casa e se comunicam somente à distância? O que acontece quando escolas e universidades operam apenas online? Em tempos normais, governos, empresas e juntas educativas nunca aceitariam realizar tais experimentos. Porém, esses não são tempos normais.

Nesse momento de crise, enfrentamos duas opções muito importantes. A primeira, entre a vigilância totalitária e o empoderamento cidadão. A segunda, entre o isolamento nacionalista e a solidariedade global.

 

Vigilância sob a pele

Para deter a epidemia, populações inteiras devem cumprir certas diretrizes. Há duas principais maneiras de conseguir. Um método é que o governo vigie as pessoas e castigue aqueles que infringem as regras. Hoje, pela primeira vez na história da humanidade, a tecnologia torna possível vigiar a todos o tempo inteiro. Há cinquenta anos, a KGB não podia seguir 240 milhões de cidadãos soviéticos durante as 24 horas do dia nem conseguia processar efetivamente toda a informação que recolhia. A KGB dependia de agentes e analistas humanos, e não podia pôr um agente humano para seguir a todos os cidadãos. Porém agora, os governos podem confiar em sensores ubíquos e algoritmos poderosos em vez de espiões de carne e osso.

Na batalha contra a epidemia de coronavírus, alguns governos já usaram os novos instrumentos de vigilância. O caso mais notável é a China. Vigiando atentamente os smartphones das pessoas, usando centenas de milhões de câmeras de reconhecimento fácil e obrigando as pessoas a comprovar e informar sobre sua temperatura corporal e sua condição médica, as autoridades chinesas não somente podem identificar rapidamente portadores suspeitos de coronavírus, como também rastrear seus movimentos e identificar todos com quem tiveram contato. Uma variedade de aplicativos móveis advertem os cidadãos de sua proximidade a pacientes infectados.

Esse tipo de tecnologia não se limita ao Leste Asiático. O primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, há pouco autorizou a Agência de Segurança de Israel a fazer uso de tecnologia de vigilância, normalmente reservada para combater terroristas, para rastrear pacientes com coronavírus. Quando o subcomitê parlamentar negou-se a autorizar a medida, Netanyahu a impôs com um “decreto de emergência”.

Se pode argumentar que não há nada novo nisso tudo. Nos últimos anos, tanto os governos como as corporações utilizaram tecnologias cada vez mais sofisticadas para rastrear, vigiar e manipular as pessoas. No entanto, se não somos cuidadosos, a epidemia poderia marcar um feito importante na história da vigilância. Não somente porque poderia normalizar o uso de instrumentos de vigilância massiva em países que até hoje os rechaçaram, mas ainda mais porque significa uma transição dramática da vigilância “sobre a pele” à vigilância “sob a pele”.

Até agora, quando se tocava com o dedo a tela de um smartphone e se dava um clique em um link, o governo queria saber exatamente onde se havia dado o clique. Porém, com o coronavírus, o interesse central mudou. Hoje o governo quer saber a temperatura do dedo e a pressão arterial sob a pele.

 

O bolo de emergência

Um dos problemas que enfrentamos ao determinar em que pé estamos na matéria de vigilância é que nenhum de nós sabe exatamente como estão nos vigiando e o que ocorrerá nos próximos anos. A tecnologia de vigilância se desenvolve em grande velocidade, e o que parecia ficção-científica há dez anos são hoje velhas notícias. Como experimento mental, considera um governo hipotético que exige que cada cidadão use um bracelete biométrico que monitora a temperatura corporal e a frequência cardíaca durante as 24 horas do dia. Os dados resultantes são atesourados e analisados por algoritmos do governo. Os algoritmos saberão que está doente inclusive antes de que você saiba, e também saberão onde esteve e com quem se encontrou. As cadeias de infeção também podem ser encurtadas drasticamente e inclusive rompê-las por completo. Tal sistema poderia deter a epidemia em questão de dias. Soa maravilhoso, não é?

O aspecto negativo é que, evidentemente, legitimaria um novo e aterrorizante sistema de vigilância. Se sabe, por exemplo, que cliquei em um link da Fox News e não em um da CNN, isso pode dizer algo sobre meus pontos de vista políticos e talvez inclusive sobre minha personalidade. Porém se pode controlar o que ocorre com a temperatura do meu corpo, a pressão arterial e a frequência cardíaca enquanto vejo um videoclipe, posso saber o que me faz rir, o que me faz chorar e o que me enfurece.

É essencial recordar que a ira, a alegria, o aborrecimento e o amor são fenômenos biológicos, assim como a febre e a tosse. A mesma tecnologia que identifica a tosse poderia identificar as risadas. Se as corporações e os governos começam a recoletar em massa nossos dados biométricos, podem chegar a nos conhecer muito melhor que nós mesmos, e não somente prever nossos sentimentos, mas também manipulá-los e nos vender o que quiserem, seja um produto ou um político. O monitoramento biométrico faria com que as táticas de hackeio de dados da Cambridge Analytica parecessem da Idade da Pedra. Imagina uma Coreia do Norte em 2030, quando cada cidadão tenha que usar um bracelete biométrico durante 24 horas por dia. Se alguém escuta um discurso do Grande Líder e o bracelete recolher os sinais reveladores de ira, estará acabado.

Se pode, evidentemente, estar a favor do monitoramento biométrico como uma medida temporal durante um estado de emergência. Que desaparecesse com o término da emergência. Porém as medidas temporais têm o feio hábito de sobreviver às emergências, em especial porque sempre há uma nova emergência surgindo no horizonte. Meu país de origem, Israel, por exemplo, declarou um estado de emergência durante sua Guerra de Independência de 1948, o que justificou uma série de medidas temporais, desde a censura de imprensa e o confisco de terras até regulações especiais para fazer tortas (não é piada). A Guerra de Independência foi vencida há muito tempo, porém Israel nunca declarou que a emergência havia terminado e não aboliu muitas das medidas “temporais” (o decreto de emergência sobre as tortas foi abolido misericordiosamente em 2011).

Inclusive quando as infecções por coronavírus se reduzirem a zero, alguns governos famintos de dados poderiam argumentar que necessitam manter os sistemas de monitoramento biométrico porque há uma nova onda de coronavírus, ou porque há uma nova estirpe de ebola na África central, ou porque... já se entende a ideia. Livrou-se de uma grande batalha nos últimos anos por nossa privacidade.

A crise do coronavírus poderia ser o ponto de inflexão da batalha. Quando se dá a possibilidade às pessoas de escolher entre privacidade e saúde, normalmente escolhem a saúde.

 

A polícia do sabão

Pedir ao povo que escolha entre privacidade e saúde é, de fato, a causa do problema. Porque essa é uma escolha falsa. Podemos e devemos desfrutar da privacidade e da saúde. Podemos escolher proteger nossa saúde e deter a epidemia de coronavírus, não estabelecendo regimes de vigilância totalitária, mas sim empoderando os cidadãos. Nas últimas semanas, Coreia do Sul, Taiwan e Singapura organizaram alguns dos esforços mais exitosos para conter a epidemia de coronavírus. Ainda que esses países tenham utilizado algumas aplicações de rastreamento, basearam-se muito mais em provas generalizadas, em relatórios honestos e na cooperação voluntária de um público bem informado.

A vigilância centralizada e as sanções severas não são a única maneira de fazer com que as pessoas cumpram diretrizes que lhes beneficiem. Quando as pessoas se informam dos dados científicos, e quando as pessoas confiam em autoridades públicas que lhes informam esses dados, os cidadãos podem fazer o correto, inclusive sem um Big Brother que os vigie atentamente. Uma população motivada e bem informada costuma ser muito mais poderosa e efetiva que uma população ignorante e vigiada.

Considere, por exemplo, lavar as mãos com sabão. Esse foi um dos maiores avanços na higiene humana. Essa ação simples salva milhões de vidas a cada ano. Apesar de darmos por óbvio, somente no século XIX que os cientistas descobriram a importância de se lavar as mãos com sabão. Anteriormente, inclusive médicos e enfermeiros passavam de uma operação cirúrgica à seguinte, sem lavar as mãos. Hoje, bilhões de pessoas lavam as mãos todos os dias, não porque tenham medo da polícia do sabão, mas porque entendem os fatos. Lavo as mãos com sabão porque escutei falar de vírus e bactérias, entendo que esses pequenos organismos causam enfermidades e sei que o sabão pode eliminá-los.

Porém para conseguir esse nível de cumprimento e cooperação, necessita-se confiança. As pessoas necessitam confiar na ciência, confiar nas autoridades públicas e confiar nos meios de comunicação. Nos últimos anos, políticos irresponsáveis socavaram deliberadamente a confiança na ciência, nas autoridades públicas e nos meios de comunicação. Hoje, esses mesmos políticos irresponsáveis podem se ver tentados a tomar o caminho do autoritarismo, argumentando que não se pode confiar que o público fará o correto.

Normalmente, a confiança que foi erodindo durante anos não poderá ser reconstruída da noite para o dia. Porém esses não são tempos normais. Em um momento de crise, a maneira de pensar também pode mudar rapidamente. Podem ocorrer amargas disputas entre irmãos durantes anos, porém quando ocorrer uma emergência, de repente se descobre uma reserva oculta de confiança e amizade, e presta-se a ajuda mútua. Em vez de construir um regime de vigilância, não é demasiado tarde para reconstruir a confiança do povo na ciência, nas autoridades públicas e nos meios de comunicação. Definitivamente, também deveríamos usar novas tecnologias, porém essas tecnologias deveriam empoderar os cidadãos. Estou a favor de controlar a temperatura do meu corpo e minha pressão arterial, porém esses dados não se devem usar para criar um governo todo-poderoso. Em troca, esses dados devem permitir tomar decisões pessoais mais informadas, e também para que o governo seja responsável de suas ações.

Se poderia rastrear minha própria condição médica durante as 24 horas do dia, não apenas saberia se me tornei um perigo à saúde de outras pessoas, como também que hábitos contribuem para minha saúde. E se pudesse acessar e analisar estatísticas confiáveis sobre a propagação do coronavírus, poderia julgar se o governo está me dizendo a verdade e se está adotando as políticas adequadas para combater a epidemia. Sempre que o povo fale de vigilância, recorda que a mesma tecnologia de vigilância pode ser utilizada não somente pelos governos para vigiar as pessoas, mas também pelas pessoas para supervisionar os governos.

A epidemia do coronavírus é, portanto, uma grande prova de cidadania. Nos próximos dias, cada um de nós terá que escolher entre confiar em dados científicos e especialistas em atenção médica, ou em teorias conspiratórias infundadas e políticos interesseiros. Se não tomarmos a decisão correta, poderíamos estar renunciando a nossas liberdades mais apreciadas, pensando que esta é a única maneira de salvaguardar nossa saúde.

 

Necessitamos de um plano global

A segunda opção importante que enfrentamos é entre o isolamento nacionalista e a solidariedade global. A epidemia e a crise econômica resultante são problemas globais. Eles só podem ser efetivamente resolvidos através da cooperação global.

Em primeiro lugar, para vencer o vírus, precisamos compartilhar informações globais. Essa é a grande vantagem dos humanos sobre os vírus. Um coronavírus na China e um coronavírus nos Estados Unidos não podem trocar conselhos sobre como infectar seres humanos. Mas a China pode ensinar aos Estados Unidos muitas lições valiosas sobre o coronavírus e como tratá-lo. O que um médico italiano descobre em Milão logo de manhã pode muito bem salvar vidas em Teerã ao entardecer. Quando o governo do Reino Unido hesita entre várias políticas, pode receber conselhos de coreanos que já enfrentaram um dilema semelhante há um mês. Mas, para que isso aconteça, precisamos de um espírito de cooperação e confiança global.

Os países devem estar dispostos a compartilhar informações abertamente e a procurar humildemente conselhos, e devem poder confiar nos dados e nas ideias que recebem. Também precisamos de um esforço global para produzir e distribuir equipamentos médicos, especialmente kits de teste e máquinas respiratórias. Em vez de cada país tentar fazê-lo localmente e acumular qualquer equipamento que possa obter, um esforço global coordenado pode acelerar bastante a produção e garantir que o equipamento que salva vidas seja distribuído de maneira mais justa. Assim como os países nacionalizam as principais indústrias durante uma guerra, a guerra humana contra o coronavírus pode exigir que "humanizemos" as linhas de produção essenciais. Um país rico com poucos casos de coronavírus deve estar disposto a enviar o equipamento necessário a um país pobre com muitos casos, confiando que, se mais tarde precisar de ajuda, outros países lhe darão ajuda.

Poderíamos considerar um esforço global semelhante para agrupar a equipe médica. Os países menos afetados hoje podem enviar pessoal médico para as regiões mais afetadas do mundo, para ajudá-los em suas horas de necessidade e obter uma experiência valiosa. Mais tarde, se o centro da epidemia mudar, a ajuda poderá começar a fluir na direção oposta.

A cooperação global também é vitalmente necessária na frente econômica. Dada a natureza global da economia e das cadeias de suprimentos, se cada governo fizer suas próprias coisas sem considerar os outros, o resultado será um caos e uma crise cada vez mais profunda. Precisamos de um plano de ação global e precisamos dele rapidamente.

Outra necessidade é chegar a um acordo global sobre viagens. Suspender todas as viagens internacionais por meses causará grandes dificuldades e dificultará a guerra ao coronavírus. Os países devem cooperar para permitir que pelo menos um pequeno número de viajantes essenciais continue a atravessar fronteiras: cientistas, médicos, jornalistas, políticos e empresários. Isso pode ser alcançado através de um acordo global sobre a pré-seleção de viajantes por seu país de origem. Se for sabido que apenas viajantes cuidadosamente selecionados podem viajar de avião, estarão mais dispostos a aceitá-los em cada país.

Infelizmente, os países hoje dificilmente fazem essas coisas. Uma paralisia coletiva tomou conta da comunidade internacional. Parece não haver adultos na sala de controle. Por semanas, esperava-se que houvesse uma reunião de emergência dos líderes mundiais para desenvolver um plano de ação comum. Os líderes do G7 conseguiram organizar uma videoconferência apenas nesta semana, e nenhum plano foi alcançado.

Em crises globais anteriores, como a crise financeira de 2008 e a epidemia de Ebola de 2014, os Estados Unidos assumiram o papel de líder mundial. Mas o atual governo dos EUA abdicou da tarefa de líder. Ele deixou bem claro que se importa muito mais com a grandeza dos Estados Unidos do que com o futuro da humanidade.

Este governo abandonou até seus aliados mais próximos. Quando ele proibiu todas as viagens da União Europeia, nem se deu ao trabalho de notificá-los com antecedência, sem falar, nem consultar a União Europeia sobre esse movimento drástico. Ele escandalizou a Alemanha quando supostamente ofereceu a uma empresa farmacêutica alemã um bilhão de dólares para lhe comprar os direitos de monopólio de uma nova vacina Covid-19. Mesmo que o governo atual eventualmente mude de rumo e proponha um plano de ação global, poucos seguiriam um líder que nunca assume responsabilidade, que nunca admite erros e que geralmente leva todo o crédito para si mesmo enquanto coloca toda a culpa nos outros....

Se outros países não preencherem o vazio que os Estados Unidos deixaram, não só será muito mais difícil interromper a epidemia atual, como seu legado continuará envenenando as relações internacionais nos próximos anos. No entanto, toda crise também é uma oportunidade. Esperamos que a epidemia atual ajude a humanidade a entender o grave perigo da desunião global.

A humanidade precisa tomar uma decisão. Seguiremos o caminho da desunião ou seguiremos o caminho da solidariedade global? Se escolhermos a desunião, a crise não apenas permanecerá, mas provavelmente causará catástrofes ainda piores no futuro. Se escolhermos a solidariedade global, será uma vitória, não apenas contra o coronavírus, mas contra todas as futuras epidemias e crises que a humanidade possa enfrentar no século XXI.

Leia mais

Comunicar erro

close

FECHAR

Comunicar erro.

Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

O mundo depois do coronavírus. Artigo de Yuval Noah Harari - Instituto Humanitas Unisinos - IHU