Slow Food em guerra contra o desperdício

Mais Lidos

  • “Os israelenses nunca terão verdadeira segurança, enquanto os palestinos não a tiverem”. Entrevista com Antony Loewenstein

    LER MAIS
  • Golpe de 1964 completa 60 anos insepulto. Entrevista com Dênis de Moraes

    LER MAIS
  • “Guerra nuclear preventiva” é a doutrina oficial dos Estados Unidos: uma visão histórica de seu belicismo. Artigo de Michel Chossudovsky

    LER MAIS

Revista ihu on-line

Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

Edição: 552

Leia mais

Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

Edição: 551

Leia mais

Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

Edição: 550

Leia mais

22 Setembro 2018

A comida mudará o mundo. O último desafio do Slow Food será lançado no dia 24 de setembro, na conclusão do Salão do Sabor. Para Carlo Petrini, é uma espécie de volta para o futuro.

A reportagem é de Paolo Viana, publicada por Avvenire, 21-09-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Nessa quinta-feira, 20, da tribuna do distrito de Lingotto, em Turim, inaugurando a 12ª edição do Terra Madre, ele observava comprazido: “Quando lançamos o Salão, há 22 anos, a sensibilidade para esses temas certamente não era a de que desfrutamos hoje...”.

O pai do “escargot” mais famoso do food system sonha em mudar o mundo desde que militava no Partido de Unidade Proletária (PDUP), mas hoje é um dos mais influentes maîtres à penser, e, quando ele intima a comer menos carne na pátria do “battuto di Fassona”, ninguém respira.

Nesses 40 anos, a revolução petriniana do alimento “bom, limpo e justo” conquistou a Turim pós-operária e trouxe de volta à vida a Turim saboia, de índole lenta e saborosa. O Salão tem 58 mil metros quadrados de exposição das iguarias mais procuradas do mundo, por onde passa o povo do Terra Madre, formado para resgatar os agricultores pobres das regiões mais remotas. Mas talvez seja justamente esse povo um pouco rural e tão gourmand que conseguirá impor aos mercados uma “ditadura do proletariado”, que até agora permaneceu confinada nas periferias da história.

Era também o sonho de Alice Waters, guest star do Salão: há 40 anos, em Berkeley, no berço do movimento estudantil, ela abriu um pequeno restaurante com o qual impostou a revolução culinária estadunidense sobre os princípios da sustentabilidade, da beleza e da autenticidade. No dia 4 de outubro, será lançado na Itália o seu livro Con tutti i miei sensi [Com todos os meus sentidos].

Food for change, portanto: o tema desta edição também é o da campanha de sensibilização que o movimento fundado por Petrini vai lançar no mundo para “educá-lo” a um consumo de qualidade, respeitoso do ser humano e do ecossistema e que terá como primeiro objetivo a luta contra o desperdício.

“Não é mais suficiente – explica Giuseppe Orefice, do comitê executivo italiano do Slow Food – mudar o modo de consumir para combater as mudanças climáticas. Devemos fazer isso pela biodiversidade, para garantir o acesso aos saberes, pela proteção da mulher.”

Trabalhando sobre o senso de pertença dos militantes e selecionando membros que põem em práticas essas ideias, o Slow Food incide cada vez mais sobre as escolhas de compra e sobre a organização da produção e do catering.

Nessa sexta-feira, 21, Franco Fassio, ecodesigner e pesquisador da Universidade de Pollenzo, autor de Circular economy for food [Economia circular para os alimentos], explicou que é preciso uma abordagem holística e destacou a emergência do packaging plástico – “que nunca é contabilizado” –, invocando uma “flexibilidade circular dos processos produtivos e de consumo de modo a chegar a uma distribuição mais equitativa”.

De acordo com o pesquisador, apenas uma transição para a economia circular, através de food policies glocais, interromperá um desperdício que, em nível mundial, vale 2,6 trilhões de dólares por ano e que constitui “o escândalo do século XXI”, segundo Vytenis Andriukaitis, comissário europeu para a Saúde e para a Segurança Alimentar, que se pronunciou na inauguração junto com o ministro italiano das Políticas Agrícolas, Gian Marco Centinaio.

O custo de 88 milhões de toneladas de alimentos descartados a cada ano, disse ele nessa quinta-feira, “não é apenas humano. O desperdício de comida também é dinheiro perdido: 143 bilhões de euros”.

Em outubro de 2017, a comissão emitiu diretrizes sobre segurança e higiene alimentar aplicáveis à doação de alimentos, e, no dia 30 de maio, os Estados-membro se comprometeram a reduzir o desperdício alimentar e a monitorar o progresso.

Embora não havendo ainda objetivos vinculantes, “os Estados-membro – disse – devem publicar programas de prevenção; a comissão está preparando uma metodologia de medição comum que será adotada até março de 2019; os primeiros relatórios dos Estados-membro estão previstos para 2022; a comissão levará em consideração a possibilidade de fixar objetivos de redução do desperdício alimentar em nível da União Europeia que deverão ser alcançados até 2030”.

Leia mais

Comunicar erro

close

FECHAR

Comunicar erro.

Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Slow Food em guerra contra o desperdício - Instituto Humanitas Unisinos - IHU