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  • Cadernos IHU ideias

    382º - Povos indígenas e emergência climática: visibilidade, participação e reivindicações nas conferências climáticas da ONU

    Autor: Luiz Felipe Barboza Lacerda

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  • Cadernos Teologia Pública

    184ª edição - Uma maneira de proceder: a importância dos Exercícios Espirituais para o pensamento de Michel de Certeau

    Autor: Cainan Espinosa Gimenes e Leandro Couto Carreira Ricon

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  • Cadernos IHU ideias

    381º - Realidades virtuais, danos aumentados, impactos reais

    Autor: Elisa García Mingo e Jacinto G. Lorca

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O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Em sua escuta na clínica psicanalítica, Sigmund Freud tinha acesso a um observatório privilegiado não apenas para estudar a psique humana, mas também para refletir acerca da “formação subjetiva do poder naquele momento de crise do mundo liberal clássico”, argumenta o psicanalista político Tales Ab’saber. Olhando para os fenômenos sociais em curso, quando escreve Psicologia de massas e análise do eu, em 1921, Freud analisava os construtos psíquicos que reverberavam em comportamentos subjetivos e também sociais, como a adesão a líderes fascistas como Hitler e Mussolini, cujo poder de hipnotismo irracional segue reverberando em pleno século XXI na personificação de presidentes como Bolsonaro, Trump e Orbán. Para que a experiência de conversão à liderança de figuras históricas nas décadas de 1930 e 1940 funcionasse, assim como em nosso tempo continue a operar com sucesso, uma tríade de elementos é crucial: mentes vazias de pensamento crítico, abandono da autonomia e abandono da razão. Em seu lugar, o superego do líder autoritário lança suas raízes e se vale do uso do ódio como categoria política, “veneno automático e infinito” do qual Freud estava muitíssimo consciente. “O fascismo operacionaliza esse uso do ódio de forma muito eficaz, a qualquer momento evocando esse arcaísmo para a produção de poder, ainda mais quando o capitalismo mantém a competitividade, a lógica do desprezo social da sociedade de classes, os átomos do ódio em movimento, como se eles tivessem sido pacificados, só que não o foram”, pondera Ab’saber.

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Em 20 de setembro passado completaram-se 190 anos do início da Guerra dos Farrapos, também conhecida por Revolução Farroupilha. O episódio que está na gênese do que se tornaria o imaginário hegemônico em torno do “gaúcho”, sobretudo associado a uma visão romântica construída pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho – MTG, mais ou menos um século depois do fim do conflito entre os dissidentes sulistas e as tropas imperiais. As contradições mais evidentes desta história são conhecidas, como, por exemplo, o Massacre dos Porongos. Mas há um outro Rio Grande do Sul, que é bastante mais diverso e rico, manifesto na produção literária gaúcha – ficcional, jornalística e documental – que traz novos contornos à história do Estado, o que inclui, por exemplo, um grupo abolicionista de meados do século XIX.

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Impactos que vão muito além daqueles especificamente técnicos, como ganho de tempo, acesso instantâneo a informações e conectividade 24 horas por dia. Se em um passado nem tão distante a Inteligência Artificial (IA) aparecia tímida em nosso cotidiano ou em enredos de ficção científica, hoje ela está disseminada e problematiza o mundo do trabalho, as sociabilidades, a política, a economia, a forma como aprendemos e acessamos o conhecimento e até a forma como se faz guerra. Entre tantas mudanças, algo é unívoco: a ética das IAs não pode ser deixada nas mãos das Big Techs, cujo poder hoje é quase ilimitado, operando segundo seus interesses, sem prezar pela democracia.