Pandemia acirra crise do petróleo e também põe em risco transição energética. Entrevista especial com Adriano Pires

Mundo em recessão, mais a baixa do preço do petróleo e a crise gerada pelo coronavírus. Na visão do economista, consequências serão dramáticas e exigirão “conhecimento e juízo” de governantes para reverter o quadro

Foto: Fernando Schmidt/CC

Por: João Vitor Santos | 26 Março 2020

A história não é boa e ainda não sabemos sobre um possível final feliz. A economia global não vinha bem, houve oferta excedente de petróleo no mundo, o preço caiu, os principais produtores e exportadores resolveram medir forças e a economia, já combalida, colapsou. Como se não bastasse, a humanidade é solapada por uma pandemia que faz o mundo parar e um cenário econômico de incertezas se torna uma verdadeira tempestade. “Está tudo uma confusão muito grande, o que dificulta responder perguntas sobre o novo patamar do preço do petróleo, quando a economia vai retomar o crescimento ou quando as bolsas vão sair desse estágio de quebradeira”, sintetiza o economista Adriano Pires, em entrevista concedida por telefone à IHU On-Line.

Para ele, além dos efeitos econômicos mais imediatos e do grande desafio que será a retomada do crescimento econômico global, a pandemia de Covid-19 pode influenciar até mesmo o desenvolvimento de energias renováveis, uma emergência no mundo de hoje. “O petróleo continua sendo a principal fonte de energia do mundo. Isso ficou claro porque uma queda de 30% no preço do barril derrubou todas as bolsas de uma maneira absurda”, aponta. E exemplifica: “o petróleo barato vai começar a dificultar também a penetração dos carros elétricos, as políticas de renovação de energia, pois esse preço menor torna o petróleo muito competitivo diante de outras fontes de energia. Isso também é algo que devemos ver como será resolvido daqui para a frente”. Fato é que “voltamos a ficar muito dependentes, porque o petróleo voltou a ficar muito barato” e “esses eventos que estamos vivendo hoje terão como consequência atrasar o processo de transição energética”.

E os caminhos para resolver todos esses impasses são ainda muito nebulosos. É por isso que Adriano defende que os líderes do Brasil e do mundo “demonstrem um pouco mais de conhecimento e de juízo”, pois observa que vivemos uma crise global de lideranças. “As lideranças políticas estão doentes há tempos porque contraíram o vírus da mediocridade. E lideranças medíocres não estão preparadas para administrar uma crise desse tamanho”, dispara. Na sua avaliação, o Brasil e grandes potências como Estados Unidos reagiram tarde a toda essa conjuntura, o que exige ainda mais ações para que 2021 não seja mais um ano perdido.

Embora reconheça que o cenário não seja bom e que é extremamente difícil fazer projeções, Adriano destaca que é importante que não percamos as esperanças nem o desejo de lutar e reverter essa situação. “Estamos vendo o mundo mudar. Acho que depois que isso tudo passar vai haver uma reformulação da economia como um todo, das empresas como um todo. Passando isso, o mundo vai ser diferente do que vimos até hoje”.

Adriano Pires (Foto: CBIE)

Adriano Pires é sócio-fundador e diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura - CBIE. Possui doutorado em Economia Industrial pela Universidade Paris XIII e mestrado em Planejamento Energético pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro - COPPE/UFRJ. Também é economista formado pela UFRJ e atua há mais de 30 anos na área de energia.

 

Confira a entrevista.

 

IHU On-Line – Nos últimos tempos, tem-se falado na crise do petróleo. Quais são as dimensões dessa crise e como ela se dá?

Adriano Pires – Desde o ano passado, temos tido uma crise econômica de nível mundial, com a queda do crescimento global. No início deste ano, começou o surto do coronavírus na China e foi se alastrando para o resto do mundo. Essa crise do coronavírus fez com que a taxa de crescimento fosse reduzida ainda mais. Assim, toda vez que há uma recessão econômica, cai o consumo de petróleo no mundo. O preço do petróleo já vinha em queda desde o final do ano passado e a crise do coronavírus fez com que houvesse uma queda ainda maior na demanda de petróleo.

Em função disso, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo - Opep se reuniu. Depois chegou a chamar a Rússia, que não é membro da Opep, criando a Opep+, tendo a Rússia como convidada. A Opep é o cartel que, ao longo do tempo, vem perdendo muito peso na decisão sobre o preço do petróleo no mercado internacional. E o que explica a perda de poder da Opep são, basicamente, dois fatores.

O primeiro é que o grupo representa hoje somente 42% da produção mundial de petróleo, o restante dos produtores são países “não Opep” que têm situações socioeconômicas muito distintas. A Arábia Saudita, que é o principal membro da Opep e é hoje a segunda maior produtora mundial de petróleo e a primeira exportadora, chamou a Rússia para uma conversa. A Rússia é a terceira produtora de petróleo no mundo e a segunda maior exportadora. A ideia era chegar a um acordo para uma redução de 1,5 milhão de barris por dia para tentar segurar a queda no preço do barril. Mas a Rússia não aceitou o acordo e com isso a Arábia Saudita dobrou a aposta, anunciando um aumento de produção para 12 milhões de barris por dia. Isso fez o preço do petróleo despencar mais de 30% e assim se criou essa crise do petróleo no mundo.

O petróleo, que estava em 45 dólares o barril, já caindo em função da crise e do coronavírus, foi para a casa dos 34 e chegou a 22 ou 23 dólares. O que está acontecendo? Este é o segundo fator: ainda não se conseguiu o acordo entre Rússia e Arábia Saudita e, ao mesmo tempo, a crise econômica e do coronavírus vai se aprofundando a cada dia. Está se vivendo, no mercado de petróleo, um momento diferente dos outros, porque se tem uma superoferta, está sobrando petróleo no mercado internacional e a demanda está caindo. E isso acontece porque a característica dessa crise econômica, em função do coronavírus, é diferente das outras. Apesar de o preço do petróleo estar caindo, o consumo não aumenta, porque as pessoas estão dentro de casa, não viajam de avião, as fábricas pararam, os shoppings fecharam. Assim, temos uma situação inédita no mercado.

IHU On-Line – Gostaria que o senhor detalhasse o papel de Arábia Saudita e Rússia no mercado de petróleo. Qual é o poder de fogo, de barganha, de cada um?

Adriano Pires – É um poder de fogo bastante grande. Como eu disse anteriormente, a Arábia Saudita é o segundo maior produtor do mundo – o primeiro são os Estados Unidos – e o primeiro exportador mundial de petróleo e a Rússia é o terceiro maior produtor e o segundo exportador. Por isso o poder desses dois é muito grande, estão entre os três maiores produtores e os dois maiores exportadores de petróleo no mundo. É um poder extraordinário e, agora, com esse preço baixo, não está bom para ninguém. Até mesmo para os Estados Unidos não é negócio o preço do petróleo estar muito baixo, porque começa a inviabilizar a produção do shale oil [ou petróleo de xisto], que transformou os Estados Unidos em principal produtor de petróleo do mundo.

Assim, tendo a achar que esses níveis de preço do petróleo já estão batendo no chão, porque com o valor de 20, 22 ou 23 dólares o barril, se começa a paralisar a produção de petróleo em alguns países. Se começa a paralisar, automaticamente começa a reduzir a oferta e, com isso, há uma tendência de o preço subir. Quando o preço chegou a praticamente 20 dólares, o barril de petróleo Brent cresceu 15% e o de WTI, 17%, mas chegou também a dar uma pequena reduzida. Mesmo que haja um acerto entre Rússia, Estados Unidos e os sauditas e membros da Opep, esse preço não vai voltar para 50 ou 60 dólares, porque há o efeito da crise econômica turbinada pelo coronavírus.

Incógnitas sobre novo patamar

É muito difícil estimar, hoje, qual o novo patamar de preço do petróleo em função desses acontecimentos todos, mas me aparece que, se houvesse um acerto entre os países produtores, esse petróleo poderia voltar para a casa dos 30 ou 35 dólares. Ele só vai voltar a crescer razoavelmente quando essa crise for realmente superada, imaginamos que no segundo semestre deste ano. Vamos torcer, porque está tudo muito confuso. Os mercados estão desorganizados, o mercado produtivo financeiro, o mercado de petróleo, está tudo uma confusão muito grande, o que dificulta responder perguntas sobre o novo patamar do preço do petróleo, quando a economia vai retomar o crescimento ou quando as bolsas vão sair desse estágio de quebradeira

IHU On-Line – Quem é mais leigo no tema pode considerar este um momento bom, pois pode imaginar que baixarão os preços de combustíveis na ponta final para o consumidor, como a gasolina. Essa baixa significa também uma baixa no preço da gasolina, do gás de cozinha etc.?

Adriano Pires – No Brasil, desde o início do governo Bolsonaro, a Petrobras tem reajustado os preços na refinaria seguindo tendências de mercado internacional, diferente do que ocorreu nos governos do PT, em que se usava o preço dos derivados para controlar a inflação, ajudando a eleger amigos do rei. Agora não, desde o governo Temer se está fazendo o que países desenvolvidos fazem, que é seguir a tendência de mercado internacional. A Petrobras tem tido toda a liberdade de fixar os preços como ela acha que é correto. Assim, viu-se, nas últimas semanas, uma redução bastante forte no preço da gasolina e do diesel. A gasolina, por exemplo, chegou a ser reduzida em 12% na refinaria e o óleo diesel, em 7,5%.

Se os preços continuarem na casa de 20 a 23 dólares o barril e se a Petrobras mantiver essa política que vem executando, a tendência é de reduzir ainda mais o preço da gasolina e do diesel. Certamente teremos preços mais baratos na bomba. Agora, atenção, pois é um momento muito interessante. Mesmo nos Estados Unidos, onde o preço da gasolina também está ficando muito barato, o consumo não está crescendo em função da pandemia do coronavírus. Este é o drama, ter um produto que está reduzindo drasticamente o preço, mas não está havendo crescimento do consumo.

IHU On-Line – Em que medida esses acontecimentos têm revelado o enfraquecimento da Opep?

Adriano Pires – A Opep está enfraquecida faz muito tempo porque, quando houve o primeiro e o segundo choque do petróleo, ela tinha 55% da produção de petróleo do mundo. De lá para cá, os países não Opep – que não integram o grupo – começaram a crescer em produção, como os Estados Unidos, a Rússia, a Noruega, o Canadá e o próprio Brasil. E, hoje, a situação se inverteu, a Opep só produz 42% do petróleo do mundo.

Além disso, os membros da Opep têm situações socioeconômicas muito diferentes. A Nigéria, por exemplo, tem uma situação e a Arábia Saudita tem outra, a única coisa comum a todos é a dependência do petróleo. Isso faz com que se tenha muita dificuldade de chegar a acordos com o corte de produção. Por exemplo, a Venezuela hoje é um país que está numa crise sem fim e qualquer redução na produção que signifique queda no preço resulta em uma receita dramática.

Se fala que, muitas vezes, quando a Opep chega a acordos de cortes de produção, há países que começam a vender o petróleo em mercado paralelo para poder manter uma receita maior. O cartel da Opep está tão falido que nos últimos anos se criou a Opep+, de que falamos antes, da Opep com a Rússia. Esse movimento foi feito na tentativa de fortalecer o cartel da Opep, que está muito fraco neste momento.

IHU On-Line – E, na prática, esse movimento não deu certo?

Adriano Pires – Vinha dando certo. O primeiro problema que ocorreu foi agora, quando a Arábia Saudita não chegou a um acordo com a Rússia sobre o corte de produção. E aí se tem dois governantes muito problemáticos, tanto o presidente da Rússia como o príncipe da Arábia Saudita, que é um cara que tem um temperamento muito esquisito. Não se esperava que a Arábia Saudita, em retaliação à Rússia, que rejeitou cortar a produção de 1,5 milhão de barris por dia, fosse ainda aumentar a produção e provocar uma queda de 30% no preço.

O problema todo agora é que, mesmo que eles cheguem a um acordo, o preço não vai subir tanto porque a crise econômica e o coronavírus estão agravando a situação no mundo inteiro. Todo o planeta está passando por uma situação que lembra uma terceira guerra mundial. Vemos países fechando fronteiras, pessoas não podem mais andar na rua, saúde em colapso, tudo isso mostra que estamos passando por uma situação nunca vista por esta geração.

IHU On-Line – Quais as consequências na cadeia produtiva como um todo, não só nos mercados de combustíveis?

Adriano Pires – Teoricamente, para países importadores de petróleo, esse seria um bom cenário, porque petróleo barato ajuda no crescimento econômico, os produtos e insumos ficam mais baratos. Mas o problema é que isso não está acontecendo hoje porque a demanda não cresce. Estamos numa armadilha e só vamos sair dela no dia que retomarmos o crescimento e se houver um controle, em escala global, da questão do coronavírus.

IHU On-Line – O preço do petróleo deve seguir ditando as regras do mercado global depois dessa pandemia?

Adriano Pires – Essa crise e a atitude da Arábia Saudita que fez baixar o preço do petróleo mostram algo interessante: o petróleo continua sendo a principal fonte de energia do mundo. Isso ficou claro porque uma queda de 30% no preço do barril derrubou todas as bolsas de uma maneira absurda. O petróleo barato vai começar a dificultar também a penetração dos carros elétricos, as políticas de renovação de energia, pois esse preço menor torna o petróleo muito competitivo diante de outras fontes de energia. Isso também é algo que devemos ver como será resolvido daqui para a frente.

IHU On-Line – Então, investir em fontes alternativas de energia será ainda mais complicado?

Adriano Pires – Voltamos a ficar muito dependentes, porque o petróleo voltou a ficar muito barato. E a tendência das fontes de energia está atrelada a preço, ninguém compra fonte de energia mais cara do que outra. Precisamos primeiro ver qual vai ser o patamar do preço do petróleo nos próximos anos para sabermos se essa transição energética ainda vai ser atrasada. Creio que todos esses eventos que estamos vivendo hoje terão como consequência atrasar o processo de transição energética de energia poluente, suja, de energia fóssil, para as energias limpas e renováveis.

IHU On-Line – E os custos ambientais serão “pagos” todos lá na frente. Correto?

Adriano Pires – Exatamente, uma situação “sui generis” que estamos vivendo, pela qual jamais imaginávamos que iríamos passar.

IHU On-Line – Como o senhor tem visto as ações dos principais líderes globais diante de todas essas tempestades?

Adriano Pires – Como já disse, o mundo está passando por uma situação inédita e que não sabemos como vai ser o “day after” e quanto tempo levará para tudo isso passar. Mas o fato é que estamos vendo o mundo mudar. Acho que depois que isso tudo passar vai haver uma reformulação da economia como um todo, das empresas como um todo. Passando isso, o mundo vai ser diferente do que vimos até hoje.

IHU On-Line – Mas será melhor ou pior?

Adriano Pires – A questão é: melhor ou pior para quem? Não sei até que ponto essa geopolítica do mundo será reforçada por essa crise toda. Aumentar o poder da China e da Rússia e diminuir o dos Estados Unidos? Não sei.

IHU On-Line – E sobre a economia brasileira, mesmo diante de tantas incertezas, o que o senhor vislumbra?

Adriano Pires – Perdemos 2019. Em 2019, poderíamos ter feito uma série de ações, de privatizações, e não fizemos. Agora, vai ficar muito difícil, pois vai se perder um pouco do controle fiscal, vai ser preciso gastar um dinheiro que não se esperava, em função da crise do coronavírus. Creio que 2020 para o mundo, em função da crise, será um ano perdido. Se formos otimistas, o mundo não cresce mais do que 1,5%. Aliás, a probabilidade é de que cresça menos do que isso. A economia brasileira e a da América Latina podem crescer o quê? Zero, talvez; ou entre zero e 1. Não vai ser mais do que isso.

Se entrarmos no segundo semestre ainda num cenário de muita crise, provavelmente 2021 será mais um ano perdido, de um crescimento muito baixo. É muito triste isso tudo, vemos a situação da economia mundial, mas essa é a realidade e temos que viver com ela e saber lidar com ela. Torcemos para que os governantes e os políticos, as lideranças, demonstrem um pouco mais de conhecimento e de juízo. Vemos que há muito tempo o mundo está sem grandes lideranças. Brinco ao falar que as lideranças políticas estão doentes há tempos porque contraíram o vírus da mediocridade. E lideranças medíocres não estão preparadas para administrar uma crise desse tamanho que o mundo e o Brasil estão vivendo. Não é uma crise brasileira, é uma crise de escala global.

IHU On-Line – E em específico o mercado de petróleo brasileiro, como fica com toda essa questão do pré-sal?

Adriano Pires – Não sei, com essa situação toda não sei se os leilões de petróleo serão adiados, se as privatizações de refinarias serão adiadas, é tudo uma interrogação. O fato é que, se o preço do petróleo ficar abaixo de 30 dólares, a própria Petrobras vai ter que rever seu plano de negócios. E não só a Petrobras, mas todas as empresas de todos os países vão ter que rever seus planos, porque este ano de 2020 se perdeu, é como se tivesse sido deletado.

Agora, temos que começar a pensar em 2021. Torço para que se consiga fazer leilões de petróleo, mas o cenário tem trabalhado para que isso não aconteça. A primeira coisa que acho que vai ter que ocorrer com a Petrobras é – mantido esse cenário de petróleo a 30 dólares – rever seu plano de negócio para os próximos anos.

IHU On-Line – Essa revisão consiste em quê?

Adriano Pires – Consiste em rever as metas de produção, em adiar a redução da dívida, consiste só em coisa ruim. Até porque a empresa vinha muito bem. Lembre-se de que o último trimestre de 2019 bateu recorde de lucro, com 40 bilhões, e neste trimestre foi-se ladeira abaixo.

IHU On-Line – Como ter esperança diante de um cenário desses?

Adriano Pires – Temos que ter esperança, pois o petróleo, por exemplo, é uma mercadoria que sempre viveu de ciclos, em função de crises e questões geopolíticas, então essa é mais uma etapa que estamos vivendo num ciclo de baixa. E vai passar. A esperança é de que os governos mundiais e do Brasil saibam tomar as atitudes corretas para que, quando voltar o crescimento, nós consigamos voltar a crescer de maneira mais rápida.

IHU On-Line – E, até agora, esses líderes todos vêm tomando as atitudes corretas?

Adriano Pires – Tanto Brasil como Estados Unidos demoraram a reagir e essa demora foi ruim. O que lamento em relação ao Brasil é termos perdido 2019. Muita coisa podia ter sido feita, era o primeiro ano do governo Bolsonaro com apoio de eleitores, mas ficamos naquela coisa de ‘nós’ e ‘eles’, o presidente brigando com o Legislativo, numa briga sem sentido, e perdemos 2019. Por azar nosso, para 2020 tínhamos toda a condição de crescer mais do que em 2019 – que foi o ano do chamado pibinho –, e aí somos pegos no meio do caminho por uma crise do choque do petróleo, do coronavírus, que, obviamente, não foi nossa culpa, mas que vamos ter de pagar a conta. Se estivéssemos numa posição melhor, a conta seria menor. Está faltando ainda maior mobilização do governo, da sociedade. Agora começa a acontecer um pouco isso, mas acho que o governo está ainda muito desorganizado para enfrentar uma crise desse tamanho.

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