01 Outubro 2021
"Eles têm a impressão de que os resultados do processo deliberativo serão de alguma forma quase impostos. Se esse sentimento não for levado em consideração, se não lhe for dado o devido espaço, é muito provável que o resultado final do Caminho Sinodal possa coincidir com o aprofundamento das já significativas divisões existentes no catolicismo alemão", escreve o teólogo e padre italiano Marcello Neri, professor da Universidade de Flensburg, na Alemanha, em artigo publicado por Settimana News, 30-09-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Começa hoje em Frankfurt (até sábado) a Assembleia Plenária do Caminho Sinodal da Igreja Católica alemã.
Cada um dos quatro Fóruns elaborou um texto básico e contribuições tendo em vista a ação prática em seu próprio âmbito (apenas o que diz respeito ao papel das mulheres na Igreja não apresentará um texto básico; enquanto aqueles sobre a existência presbiteral e sobre o amor e a sexualidade elaboraram apenas o texto básico sem outras contribuições).
Antes da reunião da Assembleia, os participantes tiveram a oportunidade de propor modificações, comentários e sugestões aos textos (através de um aplicativo dedicado); estes serão recolhidos e discutidos por uma Comissão, que decidirá quais farão parte do debate e votação na assembleia.
A burocratização da "discussão" é tornada necessária pelos prazos restritos e pelo número de participantes - a que se somam fortes tensões internas na assembleia por conta de avaliações até quase contrapostas do material elaborado pelos Fóruns (em particular pelo primeiro sobre o poder e a sua gestão na Igreja).
Com essa Assembleia entra-se na fase deliberativa do Caminho Sinodal, ainda que dela ainda não sairão os documentos definitivos.
Ontem foi divulgada um comunicado assinado por 57 participantes do Caminho Sinodal, criticando as recentes decisões do papa de não aceitar a renúncia oferecida por alguns bispos (entre todos, Marx de Munique e Heße de Hamburgo). Já na quarta-feira, a Associação para a Teologia Pastoral de Língua Alemã publicou uma declaração de posicionamento (aqui) dirigida a toda a Assembleia e aos seus participantes: um apelo para decidir com coragem e de forma vinculante para todos, como última oportunidade para começar a recuperar alguma credibilidade da Igreja Católica na Alemanha, tanto no contexto sócio-civil como no que diz respeito aos próprios fiéis.
De acordo com os Estatutos, os documentos elaborados pelos Fóruns poderão ser aprovados definitivamente na fase de “segunda leitura” (portanto, na próxima Assembleia Plenária) por uma maioria de 2/3 dos votantes. A execução prática caberá então a cada bispo diocesano em suas Igrejas locais; os Estatutos também pedem aos bispos que enviem as resoluções finais à Santa Sé.
Num artigo publicado no katholisch.de, Ch. Brüwer afirma que "será decisivo considerar se nas discussões e deliberações também serão levadas em conta as vozes daqueles que têm uma opinião divergente (no que diz respeito aos textos assim como serão apresentados à Assembleia)". Eles têm a impressão de que os resultados do processo deliberativo serão de alguma forma quase impostos. Se esse sentimento não for levado em consideração, se não lhe for dado o devido espaço, é muito provável que o resultado final do Caminho Sinodal possa coincidir com o aprofundamento das já significativas divisões existentes no catolicismo alemão.
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Alemanha: Caminho Sinodal. Artigo de Marcello Neri - Instituto Humanitas Unisinos - IHU