Província do Nordeste dos EUA divulga nomes de jesuítas acusados de abuso sexual

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16 Janeiro 2019

Após medidas semelhantes tomadas por outras províncias dos Estados Unidos, a Província do Nordeste dos Estados Unidos da Companhia de Jesus, no dia 15 de janeiro, divulgou uma lista de membros com acusações confiáveis de abuso sexual de menores.

A reportagem é de Michael J. O’Loughlin, publicada por America, 15-01-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

“No centro desta crise está o dano doloroso, pecaminoso e ilegal provocado contra crianças por parte de pessoas em quem elas deveriam confiar”, disse John J. Cecero, SJ, provincial da Província do Nordeste, em um comunicado. “Há muitas décadas, não conhecíamos quaisquer melhores práticas para lidar com essas violações e, infelizmente, cometemos erros ao longo do caminho.”

A lista inclui 50 nomes e também acusações que datam de 1950. Quinze dos jesuítas citados ainda estão vivos. A Associated Press informou que todos os supostos abusos ocorreram antes de 1997. Pelo menos 32 dos jesuítas listados têm acusações que foram relatadas pela primeira vez em 2002 ou depois, quando uma série de artigos no jornal The Boston Globe expôs o encobrimento generalizado dos abusos sexuais de menores por parte de padres católicos e quando os bispos dos Estados Unidos adotaram uma política de “tolerância zero” ao abuso sexual. A Província do Nordeste abrange os ministérios jesuítas na Nova Inglaterra e em Nova York, assim como no norte de Nova Jersey.

Entre os nomes citados na lista estão um ex-diretor e presidente da Fordham Preparatory School, uma escola secundária só de meninos adjacente ao campus da Fordham University, no Bronx. Eugene J. O’Brien, SJ, foi diretor da escola de 1960 a 1970 e também atuou como reitor de 1970 a 1979. De acordo com a província, as acusações de abuso que datam dos anos 1960 contra o padre O’Brien foram relatadas pela primeira vez em 1993. Um artigo de 2008 do jornal The New York Times relatou que uma acusação de abuso de um menor contra o padre O’Brien foi resolvida em 1997 pela Companhia de Jesus e pela Arquidiocese de Nova York no valor de 25.000 dólares.

Christopher J. Devron, SJ, atual presidente da Fordham Prep, disse em um comunicado que “não há nenhum jesuíta em quaisquer dessas listas que estejam atuando atualmente na Fordham Prep ou na Fordham University ou que vivam atualmente no campus da universidade”.

“Qualquer incidente de abuso por parte de um padre ou professor já é demais”, acrescentou o padre Devron, “para as vítimas sobreviventes, suas famílias e a Igreja”.

A lista divulgada pela Província do Nordeste não inclui detalhes sobre onde vivem os jesuítas acusados com credibilidade. Mas pelo menos alguns deles foram designados para morar na Murray-Weigel Hall após suas remoções do ministério, uma casa de repouso localizada nas “adjacências” da Fordham, de acordo com uma declaração do reitor da Fordham University, Joseph M. McShane, SJ. A residência fica a uma curta caminhada da Fordham Prep e perto de pelo menos duas outras escolas secundárias.

A Fordham University e a Fordham Prep se distanciaram das decisões de colocar os jesuítas acusados de abuso na Murray-Weigel, dizendo em comunicados que a província designou os jesuítas para morar nessa residência.

“A Fordham University historicamente não tem poderes para decidir quem é designado para residir na Murray-Weigel Hall”, disse o padre McShane em seu comunicado. “Não obstante, por insistência da Fordham, a Província do Nordeste removeu recentemente todos os homens com acusações confiáveis conhecidas contra eles da Murray-Weigel Hall.”

Além disso, disse a declaração do padre Devron, “a Província concordou em não designar esses homens como residentes para essa comunidade no futuro”.

Quem também está incluído na lista é John T. Ryan, SJ, que de 1989 a 1994 foi editor associado para o desenvolvimento na revista America. Em um comunicado, Matt Malone, SJ, presidente e editor-chefe da America Media, disse que tomou conhecimento no início deste mês das acusações contra Ryan, que abandonou os jesuítas em 2002.

“O padre Ryan é o único jesuíta em qualquer uma das listas provinciais de jesuítas acusados com credibilidade que foi empregado da America Media”, disse o padre Malone. Ele disse que, depois de uma revisão de arquivos e entrevistas com membros da equipe atual que se recordam do padre Ryan, “eu não recebi nenhuma informação que indicasse que qualquer membro da equipe da America Media, então ou agora, tivesse conhecimento da suposta má conduta do padre Ryan com menores”.

A Província do Nordeste é a última província dos Estados Unidos a divulgar uma lista de jesuítas que enfrentam uma acusação confiável, fato que a Província disse ter sido determinado por uma “preponderância de evidências de que a acusação, após a investigação, é mais provavelmente verdadeira do que o contrário. A credibilidade também pode ser estabelecida por condenação em um tribunal ou pela admissão da verdade da acusação por parte do jesuíta.”

Em dezembro, outras províncias dos Estados Unidos divulgaram listas de jesuítas com acusações confiáveis de abuso contra menores. A Província do Meio-Oeste divulgou uma lista de 65 jesuítas com uma “acusação estabelecida” de abuso de um menor que datava de 1955. A Província de Maryland publicou uma lista que incluía 19 jesuítas com acusações confiáveis de abuso contra menores desde 1950. Quarenta e dois jesuítas com acusações que datam de 1955 foram incluídos na lista da Província Central e Meridional. Já a Província do Oeste publicou os nomes de 111 jesuítas que datam de 1950.

Os jesuítas têm mais de 16.000 membros em todo o mundo e se descrevem como “a maior ordem religiosa masculina da Igreja Católica”.

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