15 Mai 2025
"Mais insidioso é Steve Bannon, que continua sendo o ideólogo populista do Maga. Para Bannon, que aposta fortemente na mobilização de católicos conservadores, estadunidenses e não, Robert Francis Prevost é a pior escolha que os cardeais poderiam ter feito. Em relação aos marginalizados do mundo, o Papa Leão XIV está no antípoda do Maga."
O artigo é de Stefano Stefanini, embaixador italiano aposentado, publicado por La Stampa, 12-05-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
O Papa Leão XIV não perde tempo em um mundo que não tem tempo a perder, com Zelensky desafiando Putin a silenciar as armas imediatamente. E ele está bem ciente de que a guerra não se limita à Ucrânia. Gaza e Caxemira também estão na tela pontifícia. Ao sair do Conclave, o novo Papa iniciou imediatamente com uma mensagem totalmente dominada pela palavra "paz". No primeiro Regina Coeli, ele a repete: "guerras nunca mais", e a reforça. Sua paz, de fato, se encaixa nas condições necessárias para alcançá-la: "justiça" para o "amado povo ucraniano" e a libertação dos reféns, juntamente com "ajuda à extenuada população civil" de Gaza. Remarcações fortes. Eles não diminuem em nada a visão norteadora e evangélica da paz como bem universal, mas mostram um Pontífice consciente dos obstáculos concretos no caminho para alcançá-la. Eles devem ser removidos. E Leão XIV o diz justamente no momento em que a diplomacia terrena finalmente dá sinais de vida para pôr fim à guerra na Ucrânia, aborda as questões do Oriente Médio e apazigua o conflito entre a Índia e o Paquistão. A mensagem de paz de São Pedro torna-se, assim, também um grande incentivo às iniciativas político-diplomáticas em curso. A paz na Terra exige "homens de boa vontade".
Até Donald Trump é convocado. Volodymyr Zelensky se junta a eles. Vladimir Putin está encurralado.
Apenas três dias após sua eleição ao trono de São Pedro, Robert Francis Prevost já está mostrando a marca original de sua personalidade e formação, de Chicago a Lima, à continuidade com Jorge Mario Bergoglio. O que quer ter, e reiterou no Regina Coeli, recordando o alerta sobre a "guerra mundial em pedaços", depois de ter ido rezar, na véspera, em Santa Maria Maggiore, sobre o túmulo do Papa Francisco. Os verdadeiros líderes, terrenos ou religiosos, admiram, mas não imitam. No Papa Prevost, desponta imediatamente a qualidade de líder, testada por eventos muito tragicamente terrenos: as guerras. Se, sobre a Ucrânia, o Papa Francisco pareceu dizer, pelo menos inicialmente, que para ter paz talvez seja necessário dar a outra face, o Papa Leão XIV diz "chega de bofetadas".
Após três anos e três meses de bofetadas russas que também levaram Bergoglio a transferir a ênfase sobre o "martirizado povo ucraniano", pedir uma "paz autêntica, justa e duradoura" é uma mensagem dirigida a Vladimir Putin no mesmo dia em que o presidente russo novamente contorna a proposta ucraniana, europeia e estadunidense de cessar-fogo por um mês com uma contraproposta de negociações sem interromper a guerra. O que o torna mais uma vez o principal obstáculo à paz. Após a contraproposta de Zelensky, trégua e negociações, ele não tem mais desculpas.
Muito se falou, mesmo nestas colunas, de Leão XIV em antítese a Donald Trump. A contraposição foi imediatamente percebida nos EUA. Não tanto e não apenas pela mídia tradicional, como a CNN ou o New York Times, classificados como anti-Trump, mas pela base da Maga, que ignorou as felicitações do presidente e de JD Vance, para atacar imediatamente Leão XIV. O "Papa marxista" da teórica da conspiração Laura Loomer pode ser ignorado; por mais "influencer" que seja, Loomer poderá mandar demitir funcionários da Casa Branca, não o Pontífice...
Mais insidioso é Steve Bannon, que continua sendo o ideólogo populista do Maga. Para Bannon, que aposta fortemente na mobilização de católicos conservadores, estadunidenses e não, Robert Francis Prevost é a pior escolha que os cardeais poderiam ter feito. Em relação aos marginalizados do mundo, o Papa Leão XIV está no antípoda do Maga. Trump quer que sejam deportados, como, não importa; Prevost, como Bergoglio antes dele, quer que sejam tratados com a dignidade de seres humanos.
Aqui, a distância é intransponível, e isso também se aplica aos epígonos Maga na Europa e na Itália. Mas, em matéria de paz, o Vaticano de Leão XIV e a Casa Branca de Donald Trump não estão muito distantes. O presidente estadunidense se apresentou como o líder que põe fim às guerras. Ele interveio no Paquistão e na Índia para convencê-los a declarar um cessar-fogo. Leva adiante iniciativas diplomáticas com a Ucrânia e com o Irã. Em sua próxima viagem ao Oriente Médio, espera pressionar Benjamin Netanyahu por uma trégua – com a libertação dos reféns – em Gaza. E quanto à Ucrânia, ameaça impor sanções à Rússia se não aceitar o cessar-fogo proposto por Volodymyr Zelensky e quatro líderes europeus, Merz, Macron, Starmer, Tusk —pena que a Itália tenha faltado, uma ausência que trunca as asas à nossa política externa; mas aqui cairíamos em um discurso complexo...
Em tudo isso, Trump encontra agora em Leão XIV um poderoso aliado que apela diretamente aos "poderosos do mundo". Ele em primeiro lugar, é claro, mas não está fazendo exatamente o que o Papa pede? Talvez para fins menos nobres — comentou com um "comerciaremos mais com ambos" o cessar-fogo indo-paquistanês —, mas os caminhos do Senhor são inescrutáveis. E se também levassem ao cobiçado Prêmio Nobel da Paz? Conferido conjuntamente a dois estadunidenses, Donald Trump e Robert Francis Prevost? E também são infinitos.