ONU: Gaza “não é mais um lugar habitável” e só resta “miséria e dor”

Fonte: Wikimedia Commons

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16 Dezembro 2023

A ONU declarou que Gaza “não é mais um lugar habitável” e o nível de dor e miséria é tal que a população faminta não consegue esperar pela distribuição dos limitados alimentos que chegam e tentam conseguir algo para comer diretamente dos caminhões.

A reportagem é publicada por Público, 14-12-2023. A tradução é do Cepat.

O Comissário da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, chegou a Genebra para participar do Fórum Global sobre Refugiados, diretamente de Gaza. Trata-se do maior encontro internacional sobre refugiados e acontece a cada quatro anos.

Lazzarini desmentiu as acusações de Israel de que membros do Hamas estão roubando e desviando a ajuda humanitária. Afirma ter sido testemunha direta de como a população palestina teve de agir por conta própria, “parando os caminhões, tomando os alimentos e os comendo de imediato, o que mostra até que ponto estão famintos e desesperados”.

Desse modo, Lazzarini confirma que “isto não tem nada a ver com desvio de ajuda, não vi nenhuma arma. Só tem a ver com o total desespero do povo em Gaza”.

“Tenho que dizer que é um inferno”

Philippe Lazzarini, que esteve em Gaza três vezes desde o início da guerra, afirma que “é um inferno”. A maior parte da população foi deslocada à força, sobretudo para a zona sul da Faixa, em Rafah, que no momento acolhe a mais de um milhão de pessoas.

Lazzarini considera que Rafah “carece da infraestrutura e dos recursos necessários para sustentar tal população. Em seu interior, as famílias vivem em espaços minúsculos separados por cobertores pendurados em finas estruturas de madeira”.

A população de Gaza está agora comprimida em menos de um terço de seu território original e “não é realista pensar que as pessoas continuarão resistindo diante de condições tão inabitáveis”.

A resposta humanitária, nas mãos da UNRWA

Philippe Lazzarini afirma que toda a resposta humanitária depende em grande parte da capacidade da UNRWA e que a sua capacidade de cumprir o seu mandato em Gaza está severamente limitada.

Afirma estar “à beira do colapso”, dando abrigo a mais de um milhão de pessoas em suas escolas e outras instalações. Além disso, a UNRWA continua gerindo oito centros de saúde, em um total de 22. Também tem a missão de distribuir os alimentos que conseguem introduzir, mas declara que, “muitas vezes, é apenas uma garrafa de água e uma lata de atum por dia, por família, geralmente de seis ou sete pessoas”.

Devido a estas circunstâncias, a “realidade operacional não é sustentável. Nem para a população, nem para a Agência”, afirma o Comissário-Geral da UNRWA, acrescentando que, além disso, “foi confirmada a morte de mais de 130 funcionários da Agência para os Refugiados Palestinos”.

A UNRWA faz três apelos

Em primeiro lugar, pede um cessar-fogo humanitário imediato em Gaza e o fim do cerco para permitir a entrada de ajuda suficiente e agradece “o apoio esmagador de 153 Estados-membros das Nações Unidas, na Assembleia Geral, que pedem um cessar-fogo humanitário imediato”.

Em segundo lugar, solicitam a permissão para disponibilizar uma ajuda humanitária digna desse nome, significativa e adaptada às necessidades reais da população de Gaza. “O que 100 caminhões por dia, mais ou menos, podem oferecer a 2,2 milhões de pessoas?”.

Em terceiro lugar, coletivamente, pede a garantia de que o Direito Internacional Humanitário continue sendo o marco regulatório do conflito, que não seja seletivo, nem reinterpretado.

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