Ratzinger e a influência sobre o conclave

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23 Abril 2019

Uma poderosa manobra para influenciar o próximo conclave a fim de fortalecer a ala do colégio cardinalício que gostaria de ver no trono de Pedro um bispo mais próximo a ele mesmo e a Wojtyla do que a Bergoglio. Esse parece ser o sentido da intervenção de Bento XVI.

Nascido em 1927 (em 16 de abril, atualmente com noventa e dois), eleito papa em 2005 até 28 de fevereiro de 2013, quando renunciou, Joseph Ratzinger viveu em silêncio, em um pequeno mosteiro, no Vaticano, em duzentos metros da Casa de Santa Marta onde mora seu sucessor.

O comentário é de Luigi Sandri, publicado por L'Adige, 15-04-2019. A tradução é de Luisa Rabolini

Ele havia violado seu isolamento pela primeira vez há um ano, quando sugeriu algumas de suas reflexões críticas sobre a situação da Igreja católica. E, com maior vigor, saiu de sua reserva uma segunda vez no começo do mês, quando os jornais europeus anteciparam partes de um texto mais extenso, quase uma miniencíclica.

Se, formalmente, é obsequioso com Francisco, o texto é enervado por avaliações históricas e teológicas muito distantes daquelas do papa argentino. Ratzinger, aflito pelo escândalo da pedofilia do clero, defende que ela explodiu devido à revolução cultural de 1968 que - afirma - solapou a ordem moral e também as defesas éticas de muitos padres.

No entanto, essa análise contrasta com as investigações do Vaticano, segundo as quais esse flagelo já estava presente mesmo em meados do século passado, apesar de ter sido oficialmente ocultado. Por outro lado, quando o papa emérito menciona o trabalho que ele próprio fez para combater esse horror, silencia sobre o fato de ter impedido que fosse levado a cabo um processo contra Marcial Maciel, o padre mexicano fundador dos Legionários de Cristo, bastante presente no Vaticano, principalmente na época de João Paulo II.

Ao impedir o processo - com a desculpa da idade muito avançada do acusado -, Bento XVI impediu o desbaratamento da teia de proteções que o abjeto padre desfrutou em Roma por décadas. E também quando o antigo guardião da ortodoxia católica lastima os muitos males atuais do Ocidente, causados – como ele escreve - pela "ausência de Deus na esfera pública", faz uma análise precipitada: de fato, no início do século XX, duas terríveis guerras mundiais foram desencadeadas por potências formalmente cristãs.

Se for lido detalhadamente, o texto de Ratzinger parece um testamento, ou seja, um apelo dramático para orientar a catolicidade para uma direção diferente daquela impressa por Bergoglio. Mas isso é possível?

A empresa depende muito (não totalmente, porque a Igreja é maior do que ele!) do bispo de Roma. No entanto, agora ninguém pode saber quando, por morte natural ou por demissão do Papa reinante, o novo conclave será aberto. Enquanto isso, o pontífice emérito lançou seu alarme: motivo de exultação para aqueles que gostariam de um futuro papado semelhante ao seu; de aborrecimento para aqueles que esperam por um Francisco II.

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