Haiti. “País nas mãos de gangues, estamos atônitos e indignados com a impotência do Estado”, denunciam os bispos

No início de 2022, a ONU ajudou a realocar pessoas deslocadas pela violência de gangues em Porto Príncipe, Haiti. (Foto: Arquivo, Monica Chiriac | IOM Haiti)

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02 Agosto 2022

 

"A deterioração geral da situação no país nos preocupa cada vez mais como pastores deste povo que sofrer tanto". Assim começa a longa mensagem difundida pela Conferência Episcopal do Haiti, que lança mais um alarme sobre a presença agora descontrolada e sistemática de gangues armadas, que se somam a “corrupção, pobreza extrema, precariedade generalizada, sequestros, desconfiança interpessoal”. Um cenário em relação ao qual ninguém, nem ao nível institucional nem ao nível da população, parece reagir.

 

A reportagem é publicada por Agência SIR, 01-08-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.

 

Aliás, “o centro de Porto Príncipe tornou-se, nos últimos dias, palco de violentos confrontos entre gangues armadas ilegais, causando muitas vítimas entre a população civil sitiada e em situação de grande angústia. A própria polícia parece impotente”. A Catedral de Nossa Senhora da Assunção também foi atingida por um incêndio doloso na semana passada. Felizmente, os bombeiros conseguiram conter. Segundo as Nações Unidas, 471 pessoas morreram ou estão desaparecidas devido à onda de violência na última semana de julho.

 

A Conferência Episcopal diz estar “atônita e indignada com a impotência das autoridades do estado, que deixam o campo livre para que gangues fortemente armadas realizem com impunidade todos os seus atos premeditados. Eles sequestram, assaltam, destroem, matam, queimam e também desafiam os poderes constituídos, que parecem totalmente subjugados pelo que está acontecendo. Nos perguntamos: por que o Estado não age para reprimir com o rigor necessário dentro do Estado de Direito, para colocar os bandidos em posição de não prejudicar? É impossível neutralizar as fontes que fornecem armas e munições a grupos e indivíduos, ou pessoas intocáveis estão se beneficiando com isso?”.

 

A mensagem continua: “Unimos as nossas vozes àquelas de todos aqueles que sofrem com esta situação e que aspiram à segurança e à paz, para exigir uma intervenção imediata das autoridades do estado responsáveis pelo bem-estar dos cidadãos. É urgente trabalhar o mais rápido possível para desarmar as quadrilhas”. Os bispos se dirigem a “empresários, políticos, representantes das instituições e da sociedade civil, para trabalhar em sinergia para combater o flagelo da insegurança em todas as suas formas. Desta forma contribuiremos para a mudança desejada por todos. Não podemos continuar a viver como potenciais vítimas do banditismo que reina no país, nem podemos aceitar a situação em que nos encontramos hoje como se fosse normal.

 

Chegou a hora de acordar do nosso torpor, de dizer com todas as nossas forças: não à insegurança! Não aos sequestros! Não à legalização, por cumplicidade, da atividade dos bandos armados! Não a qualquer projeto de aniquilação do Estado!".

 

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