15 Mai 2025
O Papa Leão XIV se ofereceu para sediar ou facilitar negociações de paz entre países em guerra, pedindo que os líderes mundiais "se encontrem, conversem e negociem" durante um discurso aos católicos de rito oriental no Vaticano hoje.
A reportagem é de Camillo Barone, publicada por National Catholic Reporter, 14-05-2025.
"De minha parte, farei todos os esforços para que essa paz prevaleça", disse Leão em 14 de maio. "A Santa Sé está sempre pronta para ajudar a reunir os inimigos, cara a cara, para que conversem uns com os outros, para que os povos em todos os lugares possam mais uma vez encontrar esperança e recuperar a dignidade que merecem, a dignidade da paz".
O pontífice apelou a todos os líderes globais para que se empenhem na diplomacia antes de recorrerem ao combate. "A guerra nunca é inevitável", disse Leão. "As armas podem e devem ser silenciadas, pois não resolvem os problemas, apenas os agravam".
"Aqueles que fazem história são os pacificadores, não aqueles que semeiam sofrimento", disse ele.
O Papa Leão XIV rejeitou noções que dividem as pessoas entre boas e más.
"Nossos vizinhos não são, em primeiro lugar, nossos inimigos, mas nossos semelhantes; não criminosos a serem odiados, mas outros homens e mulheres com quem podemos conversar". Ele pediu a rejeição do que descreveu como "noções maniqueístas", que, segundo ele, apenas perpetuam a violência e a divisão.
O papa também afirmou o compromisso da Igreja Católica com a paz. "A igreja nunca se cansará de repetir: que as armas sejam silenciadas", disse ele.
Ele expressou gratidão por aqueles que "em silêncio, oração e abnegação, estão semeando sementes de paz", mencionando os cristãos no Oriente Médio que permanecem em suas terras de origem, apesar do conflito e da instabilidade. Ele insistiu que os cristãos devem ter permissão para permanecer em suas terras natais com todos os direitos necessários para uma existência segura.
Leão começou com a tradicional saudação da Páscoa: "Cristo ressuscitou. Ele realmente ressuscitou".
Ele destacou a importância das comunidades cristãs de rito oriental, destacando seu papel histórico como berço do cristianismo. Mencionou a carta apostólica Orientalium Dignitas, de 1894, do Papa Leão XIII, que reconhecia a dignidade das Igrejas Orientais e apelava à preservação de seus ritos e tradições.
O papa reconheceu os desafios enfrentados pelos cristãos orientais na diáspora, citando guerra, perseguição e instabilidade como razões pelas quais muitos foram forçados a fugir de suas terras natais.
"A herança inestimável das Igrejas Orientais está se perdendo", disse Leão. Ele instou o Dicastério do Vaticano para as Igrejas Orientais a ajudar a definir princípios que permitam aos católicos orientais preservar suas tradições no Ocidente.
A perda da tradição litúrgica oriental é uma preocupação séria, disse Leão. Ele alertou contra a assimilação dos católicos orientais pela cultura ocidental, onde perderiam sua identidade distinta. "Preservar os ritos orientais é mais importante do que geralmente se pensa", disse Leo.
O novo pontífice descreveu a contribuição do Oriente cristão como essencial para a Igreja global. Ele instou as comunidades orientais a preservarem o mistério em suas tradições, descrevendo-as como "medicinais" porque oferecem soluções para as lutas espirituais. A espiritualidade oriental não deve ser diluída ou alterada por conveniência, alertando contra a influência do consumismo e do utilitarismo, disse Leão.
Ele listou comunidades cristãs orientais afetadas pelo conflito, incluindo a Terra Santa, Ucrânia, Líbano, Síria, Oriente Médio, Tigré e Cáucaso.
Leão descreveu essas comunidades como "igrejas mártires", citando o Papa Francisco. Ele destacou a resistência dos cristãos orientais que continuam a viver em regiões devastadas pela guerra, apesar dos riscos, destacando sua resiliência como um testemunho de fé.
Leão disse que os líderes devem encarar a paz não como uma ferramenta política, mas como um imperativo moral, baseado no respeito à dignidade humana.