13 Mai 2025
O telefonema de Zelensky convidando-o para Kiev, depois a promessa ao jornalista de Lima. “Não tão cedo” em seu país de origem
A reportagem Iacopo Scaramuzzi, publicada por La Repubblica, 13-05-2025.
Todos querem o novo Papa e todos projetam nele seus desejos, esperanças e planos. Robert Francis Prevost é bispo de Roma há apenas cinco dias e já há sugestões de viagens aos cinco cantos do globo. Urbi et orbi, é o destino do papel.
O primeiro convite formal veio de Volodymyr Zelensky. No primeiro telefonema com Leão XIV, tornado público ontem pelo próprio presidente ucraniano, ele convidou o Papa a fazer uma "visita apostólica" a Kiev: "Tal visita traria verdadeira esperança a todos os fiéis e a todo o nosso povo", escreveu Zelensky no X. O telefonema foi "muito caloroso e verdadeiramente significativo", o presidente ucraniano agradeceu ao Pontífice por "seu apoio à Ucrânia e a todo o nosso povo" e lembrou "os milhares de crianças deportadas da Rússia" e "a assistência do Vaticano para trazê-las de volta para suas famílias", em referência à mediação humanitária realizada nos últimos meses pelo Cardeal Matteo Zuppi. Zelensky, que informou o Papa Leão sobre os vislumbres de esperança de um cessar-fogo, disse que eles e o Pontífice "concordaram em permanecer em contato e esperam se encontrar em um futuro próximo".
Será uma oportunidade para avaliar a viabilidade de uma visita do Papa à Ucrânia. O Papa Francisco queria ir a Kiev, mas não sem antes ir a Moscou. O Papa Leão terá que decidir se aceita, e quando, o convite. Se as chancelarias ocidentais esperam que o pontífice nascido em Chicago incline a política do Vaticano mais fortemente em favor da Ucrânia, certamente, especialmente em seus primeiros passos, Prevost está confiando muito na Secretaria de Estado e na rede de núncios apostólicos. Um primeiro teste decisivo de sua visão geopolítica será, em todo caso, a audiência que concederá aos embaixadores acreditados junto à Santa Sé na próxima sexta-feira, enquanto amanhã receberá os representantes das Igrejas Orientais.
Enquanto para a Ucrânia teremos que esperar por possíveis negociações de paz para esclarecer a situação, a primeira viagem de Leão XIV poderá ser para Niceia, na Turquia, para o aniversário do Concílio de 325. "Estou ciente do projeto, estamos preparando a organização", disse ele ontem, à margem de uma reunião com jornalistas. O Papa Francisco há muito valoriza esta jornada de forte valor ecumênico, porque ela une todos os cristãos antes do cisma entre Oriente e Ocidente (1054) e entre a Igreja Católica e a Reforma Protestante do século XVI.
Um evento ainda mais significativo porque ocorre no ano em que, devido à coincidência dos calendários Juliano e Gregoriano, a Páscoa caiu no mesmo dia para católicos e ortodoxos. As coisas devem ficar mais claras nos próximos dias, quando o Patriarca de Constantinopla Bartolomeu chegar ao Vaticano para participar da missa que marca o início de seu pontificado no domingo. O primus inter pares da Ortodoxia poderia aproveitar a oportunidade para convidar formalmente o Papa para Niceia, e a comemoração, inicialmente marcada para 24 de maio, poderia ocorrer em julho ou, mais provavelmente, no outono.
Com uma delicada questão diplomática a resolver: se a viagem tivesse sido feita por Francisco, que já havia feito uma visita de Estado à Turquia, provavelmente teria sido possível simplificar a parte da visita às autoridades estatais turcas, também devido ao seu estado de saúde precário. Como se trata de um novo Papa, resta saber se, além de Niceia, uma parada em Ancara não seria apropriada.
O Papa Leão, por sua vez, não se compromete a prometer outras viagens, pelo menos não aos jornalistas que, ontem, lhe perguntaram sobre várias viagens. A um jornalista português que lhe perguntou se pretendia ir ao santuário de Fátima, um lugar rico em devoção popular, mas também em história política do século XX, o Papa explicou, falando na terceira pessoa, que "o Cardeal Prevost tinha planejado vir, mas os planos mudaram". Uma coisa é o que um cardeal planeja, outra é o que um Papa faz.
Quanto ao seu país de origem, um jornalista americano perguntou-lhe se ele pretendia “regressar a casa em breve”, e Prevost respondeu sem hesitar: “Não em breve”. Ele parecia mais aberto à possibilidade do Peru, país onde passou 20 anos como missionário e bispo. “Esperem notícias minhas no Peru em breve”, disse o novo Papa à jornalista peruana Paola Ugaz. Será que ele terá uma viagem no coração?