13 Mai 2025
"No entanto, Leão XIV está sendo Papa com grande naturalidade e se submete pacientemente à tarefa de fornecer uma atualização cotidiana de seu léxico teológico: por enquanto, cercado pelo entusiasmo afetuoso que acolhe os Papas e insidiado apenas por atentados à sua reputação construídos em ambientes tão desqualificados que reduzem sua periculosidade", escreve Alberto Melloni, em artigo publicado por Corriere della Sera, 12-05-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
O Papa Leão XIV é para todos um livro fechado. Ele nunca escreveu uma introdução ao cristianismo e dezenas de ensaios como Joseph Ratzinger tinha feito. Não existe nenhuma entrevista autobiográfica sua comparável à de Bergoglio, na qual ele se apresentou como "El Jesuita" por excelência. Ele não escreveu um comentário sobre o Vaticano II como o que Karol Wojtyła havia escrito para sua diocese. E certamente não foi como Montini, que havia fundado uma variedade de séries de livros, revistas, editoras — inclusive trabalhando como tradutor de um livro de Maritain dedicado aos "três reformadores", entre os quais o agostiniano Martinho Lutero — que contavam quase tudo sobre sua cultura e sua prudência, mesmo antes de ter que se aventurar como arcebispo de Milão na diocese mais importante do mundo.
No entanto, Leão XIV está sendo Papa com grande naturalidade e se submete pacientemente à tarefa de fornecer uma atualização cotidiana de seu léxico teológico: por enquanto, cercado pelo entusiasmo afetuoso que acolhe os Papas e insidiado apenas por atentados à sua reputação construídos em ambientes tão desqualificados que reduzem sua periculosidade.
Ontem, no Regina Coeli recitado na loggia da bênção, o Papa propiciou uma ideia de sua relação com o magistério de seus predecessores, por meio de três citações interessantes pela maneira como foram usadas.
Leão XIV vinculou seu ensinamento sobre a paz ao de Paulo VI, citando o apelo proferido diante da ONU em 4 de outubro de 1965: "Nunca mais guerra, nunca mais guerra", disse o Papa Montini na época, pedindo o desarmamento. E Leão XIV repetiu essas palavras. Mas no auge da Guerra Fria, Paulo VI acrescentou que "enquanto o homem permanecer o ser fraco, volúvel e até mesmo maldoso que muitas vezes se mostra, as armas da defesa serão, infelizmente, necessárias".
O Papa Prevost nem sequer indiretamente evocou essa parte, tornando aquela mensagem mais cortante.
Em seguida, o novo Papa citou o discurso de coroação de João Paulo II: "Não tenham medo", disse Leão XIV aos jovens, com o convite para não extinguir a vocação ao seguimento de Jesus. Na realidade, o que o Papa Wojtyla lançou em 22 de outubro de 1978 não foi um convite aos indivíduos, mas às sociedades secularizadas: "Não tenham medo! Abram, aliás, escancarem as portas a Cristo! Ao seu poder salvador abram as fronteiras dos Estados, os sistemas econômicos e políticos, os vastos campos da cultura, da civilização e do desenvolvimento". Também neste caso, Prevost se apropriou da frase solene, mas deslocou o eixo do discurso do corpo político para a alma, chamada ao radicalismo cristão.
A terceira citação é a da "Terceira Guerra Mundial em pedaços": uma frase usada pelo Papa Bergoglio desde 18 de agosto de 2014 sem indicar a fonte e depois repetida em vários eventos, incluindo o discurso aos diplomatas. Aqui não houve nenhuma adaptação; o Papa Leão XIV não citou o ato com o qual Bergoglio extraia as consequências; isto é, a condenação moral da posse de armas atômicas inserida na "Fratelli tutti". Mas, mesmo assim, essa metáfora soa como uma profecia ainda mais precisa poucas horas depois do momento em que o mundo esteve à beira de um conflito nuclear (entre a Índia e o Paquistão), como na época da crise dos mísseis cubanos em 1962.
Essas três citações não fazem parte apenas do trabalho com o qual os redatores da Secretaria de Estado, que preparam os discursos do Papa, acrescentam citações de outros pontífices e aos quais Francisco impôs citar também o magistério das conferências episcopais, que, como concílios provinciais permanentes, dão voz aos bispos, vigários de Cristo para cada uma das Igrejas particulares "nas quais e a partir das quais" existe a única Igreja. São citações que expressam uma fidelidade a uma tradição e uma liberdade da pregação.