Dia Mundial pelo fim do Especismo: 24 de agosto de 2019

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24 Agosto 2019

"Trata-se de um holocausto biológico sem precedentes. O sofrimento animal comove mesmo as mentes pouco sensíveis ao direito básico à vida das espécies não humanas", escreve José Eustáquio Diniz Alves, doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE, em artigo publicado por EcoDebate, 23-08-2019.

Eis o artigo.

Não tenho dúvidas de que é parte do destino da raça humana, na sua evolução gradual, parar de comer animais, tal como as tribos selvagens deixaram de se comer umas às outras quando entraram em contato com os mais civilizados” - Henry Thoreau (1817-1862)

Em 24 de agosto de 2019 acontece o Dia Mundial pelo Fim do Especismo (DMFE). É uma oportunidade para denunciar o genocídio das espécies, o holocausto biológico, a aniquilação da biodiversidade, o ecocídio e a escravidão animal. É um momento para dar vez e voz aos seres sencientes que sofrem silenciosamente e dão a vida e o sangue para satisfazer o apetite humano e a ganância do consumismo. A luta contra o especismo é também contra a 6ª extinção em massa das espécies. Contra a dominação e a exploração da vida animal.

O Relatório Planeta Vivo 2018 elaborado pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF), mostra que o avanço da produção e consumo da humanidade tem provocado uma degradação generalizada dos ecossistemas globais e gerado um ecocídio da vida selvagem do planeta: as populações de vertebrados silvestres, como mamíferos, pássaros, peixes, répteis e anfíbios, sofreram uma redução de 60% entre 1970 e 2014. No mesmo período a população humana praticamente dobrou de tamanho.

O relatório da WWF é baseado no acompanhamento de mais de 16.700 populações de 4 mil espécies, utilizando câmeras, análise de pegadas, programas de investigação e ciências participativas. A perda de biodiversidade é inquestionável e indica que o monopólio humano não tem sido bom para a riqueza da vida na Terra.

Um dos indicadores mostrados no relatório é sobre o impacto crescente do lixo plástico nos oceanos e a interferência no modo de vida e sobrevida das diversas espécies, inclusive as aves marinhas. Na década de 1960, apenas 5% das aves tinham fragmentos de plástico no estômago. Hoje, o índice é de 90%. O desenvolvimento econômico tem gerado um holocausto biológico e uma maior morbidade da vida animal.

Um relatório preparado pela Plataforma Intergovernamental para Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), apresentado para mais de 130 delegações governamentais, mostrou que as atividades humanas ameaçam mais espécies atualmente do que nunca. Uma em cada quatro espécies está em risco de extinção.

A conclusão foi baseada no fato de que em torno de 25% das espécies de plantas e de animais estão vulneráveis. Isso significa que em torno de 1 milhão de espécies já enfrentam risco de extinção, muitas delas em décadas, a não ser que ações sejam tomadas para reduzir a intensidade de impulsionadores de perdas à biodiversidade. O relatório também examinou cinco fatores impulsionadores de mudanças “sem precedentes” na biodiversidade e em ecossistemas ao longo dos últimos 50 anos. São eles: mudanças no uso da terra e do mar; exploração direta de organismos; mudança climática, poluição e invasão de espécies estrangeiras.

O manifesto do Dia Mundial pelo Fim do Especismo (DMFE) diz: “A fronteira da espécie não é, e não pode ser, uma fronteira moral. Nossa sociedade deve evoluir para incluir os animais no nosso círculo de consideração moral”. O vegetarianismo e o veganismo são imperativos da ética de defesa animal. Como disse Mahatma Gandhi: “A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo que seus animais são tratados”.

O Brasil vive um momento de barbárie ambiental. A Amazônia está sendo desmatada, queimada e defaunada. A riqueza da flora está virando cinzas e os animais da floresta estão sendo queimados vivos. Trata-se de um holocausto biológico sem precedentes. O sofrimento animal comove mesmo as mentes pouco sensíveis ao direito básico à vida das espécies não humanas.

Amazônia pede socorro

Nenhuma ideologia de direita ou esquerda é capaz de justificar o racismo, o sexismo, o escravismo ou a discriminação contra as espécies. Para evitar o especismo, o ecocídio e a Aniquilação Biológica, todas as pessoas, em suas diferentes identidades e inserções sociais, deveriam participar das atividades, no dia 24 de agosto, do DIA MUNDIAL CONTRA O ESPECÍSMO. Que também será o DIA MUNDIAL CONTRA A DEFAUNAÇÃO DA AMAZÔNIA!

Referências:

ALVES, JED. Demografia, Democracia e Direitos Humanos, Texto Discussão n. 18, ENCE/IBGE, RJ, 2005

ALVES, JED. Redução da biodiversidade ou das atividades antropogênicas? Ecodebate, RJ,21/05/2010

ALVES, JED. Direitos Humanos, Direitos da Terra e Direitos da Biodiversidade. Ecodebate, RJ,12/01/2011

ALVES, JED. “Troque seu cachorro por uma criança pobre”. Ecodebate, RJ,06/09/2011

ALVES, JED. Classismo, sexismo, escravismo, racismo, xenofobismo, homofobismo e especismo, Geledes, 28/12/2011

ALVES, JED. Especismo e as desigualdades entre espécies. Ecodebate, Rio de Janeiro, 14/03/2012

ALVES, JED. Do antropocentrismo ao mundo ecocêntrico. Ecodebate, Rio de Janeiro, 13/06/2012

ALVES, JED. Morre o Solitário George: desaparece mais uma espécie em Galápagos. Ecodebate, Rio de Janeiro, 29/06/2012

ALVES, JED. Erradicar o Ecocídio. Ecodebate, Rio de Janeiro, 31/10/2012

ALVES, JED. Especismo e ecocídio: 100 milhões de tubarões mortos por ano. Ecodebate, RJ, 07/11/2012

ALVES, JED. Especismo e ecocídio: o massacre de elefantes e o comércio de marfim. Ecodebate, RJ, 21/11/2012

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ALVES, JED. Direitos Humanos e Direitos da Natureza. Ecodebate, Rio de Janeiro, 06/12/2013

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ALVES, JED. O naufrágio dos deltas devido às atividades humanas. Ecodebate, RJ, 21/05/2014

ALVES, JED. Especismo e ecocídio: a extinção dos Guepardos. Ecodebate, Rio de Janeiro, 22/08/2014

ALVES, JED. Especismo e ecocídio: a extinção dos leões na África Ocidental e perda de biodiversidade no mundo. Ecodebate, Rio de Janeiro, 15/10/2014

ALVES, JED. Para evitar o holocausto biológico: aumentar as áreas anecúmenas e reselvagerizar metade do mundo. Ecodebate, Rio de Janeiro, 03/12/2014

ALVES, JED. Deserto verde e Defaunação. Ecodebate, Rio de Janeiro, 18/03/2015

ALVES, JED. Especismo, Ecocídio e a degradação da Grande Barreira de Corais. Ecodebate, RJ, 15/05/2015

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ALVES, JED. Abolicionismo animal. Ecodebate, RJ, 06/11/2015

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ALVES, JED. Ser humano: maior espécie invasora. Ecodebate, RJ, 19/12/2016

ALVES, JED. A humanidade é especista. Ecodebate, RJ, 26/08/2016

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ALVES, JED. Sexta extinção em massa e a insegurança alimentar global. Ecodebate, RJ, 26/01/2018

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Mehrabi et al. “The challenge of feeding the world while conserving half the planet.” Nature Sustainability, 2018

Pelo fim da Escravidão Animal

Relatório da ONU mostra que 1 milhão de espécies de animais e plantas enfrentam risco de extinção, 15/05/2019

Eradicating Ecocide

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