Esclarecimento sobre o suposto excesso de informações sobre a pedofilia clerical

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17 Agosto 2018

Caros amigos, todos sabemos que, se os sismógrafos registram muitos abalos sísmicos, certamente não é culpa dos sismógrafos. Isso significa que algo está acontecendo na crosta terrestre. Dito de outra forma: os terremotos não são culpa dos sismógrafos! Assim como as más notícias sobre a Igreja não são culpa da mídia!

O comentário é de Luis Badilla, publicado por Il Sismografo, 16-08-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Se nós, há mais de 13 anos e particularmente nos últimos meses, registramos muitíssimas – demasiadas! – notícias sobre casos de pedofilia e de abusos sexuais por parte de membros do clero em todo o mundo, não é nossa culpa. Isso significa que, na Igreja, estão acontecendo coisas graves, velhas e novas, e que hoje em dia não é possível ocultar, diminuir, redimensionar ou manipular à vontade esses fatos tão tristes e chocantes para toda a comunidade eclesial.

Cada católico, independentemente do seu lugar e missão na Igreja, deve tomar consciência de que a pedofilia clerical é uma gravíssima crise que afeta o coração de toda a Igreja e é causa também – e cada vez mais – do afastamento da vida sacramental de muitíssimos fiéis. Nunca devemos esquecer que esses escândalos põem em dúvida a fé de muitíssimos católicos, especialmente entre as novas gerações.

Essas nossas simples considerações são a resposta que devemos a alguns amigos leitores que nos escreveram nestas horas, observando que damos “muitas notícias sobre fatos negativos, como os abusos sexuais”, que “esquecemos de contar as coisas boas” ou que “talvez não valha mais a pena ler tantas notícias contra a Igreja”.

Dado que cada um tem o direito de ler o que quiser, queremos aproveitar a oportunidade, porém, para esclarecer mais uma vez algumas ideias essenciais:

1) Nós somos substancialmente um “agregador”, ou seja, um serviço que procura, classifica, cataloga e oferece as principais notícias sobre a Igreja Católica na rede nas últimas 24 horas e fazemos o mesmo com outros assuntos relativos a outras confissões religiosas, assim como sobre questões sociais, culturais e políticas em relação às quais a Igreja Católica tem interesse pastoral e sociológico, uma vez que entram no âmbito da sua missão em favor da promoção humana.

2) Não somos um serviço eclesial guiado pela hierarquia. Somos católicos leigos que queremos prestar, livre e autonomamente, um serviço que consideramos importante e necessário para a comunidade eclesial, da alta hierarquia até o último fiel que deseja estar informado o mais rapidamente possível e do modo mais completo. A partir dos dados objetivos, parece que, nesse sentido, Il Sismografo conseguiu alcançar amplamente o seu propósito.

3) Nascemos precisamente no rastro da denúncia, por parte de Bento XVI, de uma grave insuficiência da Igreja no âmbito do conhecimento oportuno das notícias que circulam em rede [1]. A partir daquele momento, o nosso horizonte, até hoje, sempre foi o de dar a melhor resposta, a mais profissional e a mais séria possível ao desafio lançado pelo Papa Ratzinger. Il Sismografo está totalmente inserido nas reflexões de Bento XVI de 11 anos atrás.

4) Sabemos muito bem o que é a Igreja de Cristo, conhecemos a sua natureza e a sua história, e falamos sobre isso de modo abrangente, muitas vezes assinalando as muitíssimas coisas positivas, boas e santas, com particular referência ao ministério e ao magistério do sucessor de Pedro. Não compartilhamos sequer por um segundo a ideia, contida em algumas cartas recebidas, de que “amar a Igreja significa não a humilhar, expondo em praça pública as suas feridas, mesquinhez e pecados, porque a Igreja é sempre santa, enquanto os homens são pecadores”.

Não! Isso pode ser pedido para outros. Para nós, não.

5) O enorme drama da pedofilia clerical se agravou dramaticamente, a tal ponto que às vezes se tem a impressão da perda de controle da situação, justamente porque muitos, na hierarquia e no clero, acreditaram que era melhor esconder, ocultar, encobrir. Insistir nesse “modo de ser Igreja”, vetusto, irresponsável e omisso só antecipa novos fracassos, dilacerações e crises, e demonstra que alguns não entenderam nada do que está acontecendo há mais de três décadas. Para aqueles que pensam assim, queremos recordar o que os católicos proclamam muitas vezes: “A verdade vos libertará” (Jo 8, 32).

6) Aos nossos críticos, por fim, queremos dizer que, nas nossas escrivaninhas e nos nossos computadores, está o versículo de Lc 24, 29:

“Fica conosco, Senhor, pois já é tarde, e a noite vem chegando.”

Nota:

[1] Carta de sua Santidade Bento XVI aos bispos da Igreja Católica a propósito da remissão da excomunhão aos quatro bispos consagrados pelo arcebispo Lefèbvre: “Disseram-me que o acompanhar com atenção as notícias ao nosso alcance na internet teria permitido chegar tempestivamente ao conhecimento do problema. Fica-me a lição de que, no futuro, na Santa Sé, deveremos prestar mais atenção a essa fonte de notícias.”

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