22 Novembro 2023
Outra tragédia, uma menina de dois anos perde a vida após mais um naufrágio nas águas de Lampedusa: resgataram-na e levaram-na a bordo de um barco patrulha que interveio para ajudar um grupo de migrantes, mas morreu no barco, as tentativas de ressuscitá-la foram inúteis. Pelo menos oito os desaparecidos no naufrágio de ontem à tarde e entre eles está também outra criança. Os migrantes recuperados pelas unidades da Capitania dos Portos de Capo Ponente foram 43 no total: a menina que morreu fazia parte do grupo e os homens da Marinha a transportavam, junto com os demais sobreviventes, em direção ao porto. Pouco depois, outro navio improvisado, um navio de pesca do qual outros 400 os migrantes desembarcaram na maior das ilhas das Pelágias, ajudados sempre por barcos patrulha da Guarda Costeira.
A reportagem é de Ricardo Arena, publicada por La Stampa, 21-11-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
O naufrágio da tarde foi de um pequeno barco de ferro com 53 pessoas a bordo, que partiram da Tunísia, de Sfax: 43 foram depois recuperados nas rochas da costa, graças à intervenção contemporânea de barcos patrulha e bombeiros, que iluminaram a área. Os 43 sobreviventes vêm da Costa do Marfim, Burkina Faso, Guiné Bissau, Guiné Konakry e Mali. Em outro lugar foram encontrados outros dois jovens, salvos por dois pescadores de Lampedusa, Giuseppe e Salvatore Del Volgo, pai e filho, na costa de Muro Vecchio. Os dois sicilianos carregaram a bordo os jovens africanos, dando imediatamente o alarme, que permitiu a recuperação dos outros 43: enquanto os dois primeiros sobreviventes eram levados para Cala Pisana, onde foram desembarcados e entregues aos cuidados de profissionais de saúde do 118, e se iniciavam as buscas pelos outros oito que foram parar no mar, não encontrados até à noite.
Os pescadores, durante a curta travessia até Cala Pisana, colocaram nos jovens as mantas que tinham à disposição e deram-lhes um pouco de pão para comer. Assim que chegaram ao continente, os dois foram levados à clínica para os primeiros tratamentos e depois ao centro do bairro de Imbriacola. Lá prestaram os primeiros depoimentos à polícia, confirmando que havia mais de 50 pessoas a bordo.
Nas horas seguintes, o barco pesqueiro com 400 migrantes foi interceptado, rebocado e levado ao porto comercial pelos barcos patrulha. Os migrantes foram desembarcados de acordo com os procedimentos normais.
“Poderia ter sido um massacre em maior escala, mas Lampedusa continua a ser a jangada no Mediterrâneo que salva vidas humanas, enquanto a Europa fica parada olhando ou, no máximo, critica – comenta o prefeito das ilhas, Filippo Mannino. A Itália não pode ser deixada sozinha na gestão desse drama humanitário, quantas vidas inocentes ainda temos que sacrificar para fazer com que algo se mova?”.
“Mais uma vez somos atingidos por um acontecimento trágico - acrescenta Debora Diodati, vice-presidente da Cruz Vermelha. Estamos em contato com os nossos operadores no hotspot que, como sempre, estão atuando numa situação de emergência. A notícia da morte da menina no Dia Internacional dos Direitos da Criança é terrível”.
O desembarque dos 400 que chegaram à noite não foi o único do agitado dia de ontem, em que, após dois dias de trégua, foram retomados os desembarques em Lampedusa: 145 chegaram com 3 pequenos barcos, em três momentos diferentes; em Cala Madonna, 50 migrantes, originários da Gâmbia, Senegal, Guiné e Mali, foram encontrados pelos carabineiros; outros 48, marfinenses, guineenses, senegaleses e gambianos, foram resgatados pelo barco patrulha da guarda de finanças.
O terceiro bloco de 47 migrantes estava num pequeno barco, que saiu de Sfax, na Tunísia, e chegou a Lampedusa depois do barco patrulha da Guarda Costeira o ter socorrido. A bordo estava uma jovem grávida de sete meses, imediatamente internada na clínica e um homem que foi colocado em quarentena por tuberculose.
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Lampedusa, naufrágios sem fim, morre uma menina de dois anos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU