18 Mai 2023
A reportagem é de Jose Lorenzo, publicada por Religión Digital, 17-05-2023.
Na audiência desta quarta-feira, 17 de maio, o Papa Francisco retomou o conteúdo do catecismo que havia programado para a semana passada, abordando a figura de um ilustre predecessor seu na Companhia de Jesus, São Francisco Xavier. Essa reflexão foi adiada devido à presença histórica do patriarca da Igreja Copta Ortodoxa, Tawadros II, na mesma audiência, em um encontro importante para o caminho da unidade.
Voltando, então, ao exemplo das missões católicas, Francisco elogiou a figura do santo navarro e o desgaste físico que ele suportou em prol da evangelização, sempre rumo a lugares cada vez mais distantes e desconhecidos, até sua morte, sozinho e exausto, às portas da China.
"Sua intensa atividade", destacou o Papa, "sempre esteve ligada à oração, à união com Deus, mística e contemplativa. Onde quer que estivesse, cuidava muito dos doentes, dos pobres e das crianças. O amor de Cristo foi a força que o levou aos confins mais distantes, com fadigas e perigos constantes, superando fracassos, decepções e desânimos, e ainda assim encontrando consolo e alegria para segui-lo e servi-lo até o fim".
"Há tantos sacerdotes, religiosas e leigos que vão em missões, com um zelo apostólico que deve ser continuamente cultivado", afirmou Francisco, reconhecendo o trabalho missionário que continua sendo realizado atualmente.
"Lamentavelmente, hoje os deixamos morrer no Mediterrâneo", expressou Francisco, lembrando as duras viagens enfrentadas por São Francisco Xavier, porque "as viagens de navio naquela época eram extremamente difíceis e perigosas". "Sigam em frente, tenham coragem", concluiu o Papa, convidando os jovens a expandirem seus horizontes e saírem ao mundo para evangelizar.
Em sua saudação aos peregrinos poloneses presentes na Praça São Pedro, Francisco não deixou de mencionar os esforços para alcançar a paz na Ucrânia. E antes de encerrar a audiência, ele pediu: "Oremos pela Ucrânia martirizada, onde tantas pessoas estão sofrendo, rezemos pelos feridos, pelas crianças, pelos que morreram, para que a paz possa retornar".
Caros irmãos e irmãs, bom dia!
Continuando nosso itinerário com alguns modelos exemplares de zelo apostólico, hoje encontramos a figura de São Francisco Xavier, que é justamente considerado o maior missionário dos tempos modernos e é o padroeiro das missões católicas.
Francisco nasce em uma família nobre, mas empobrecida, em Navarra, no norte da Espanha, em 1506. Ele vai estudar na Universidade de Paris para obter um cargo eclesiástico bem remunerado que garanta seu futuro. É um jovem simpático e brilhante, destaca-se no esporte e nos estudos. Em sua escola, ele conhece um colega mais velho e um pouco especial: Inácio de Loyola. Eles se tornam grandes amigos, e Inácio ajuda Francisco a ter uma experiência espiritual nova e profunda, uma verdadeira conversão para se libertar de toda ambição e se dedicar sem reservas ao serviço de Deus, amando e seguindo Jesus Cristo. Após concluir os estudos, juntamente com outros amigos, eles vão a Roma e se colocam à disposição do Papa para as necessidades mais urgentes da Igreja no mundo. Inicialmente, eles são cerca de dez e decidem se chamar "Companhia de Jesus".
Estamos em um tempo em que os horizontes estão se expandindo da Europa cristã para as terras desconhecidas do mundo. Novos continentes, descoberta de povos que ainda não ouviram falar do Evangelho de Jesus Cristo. O rei de Portugal pede ao Papa para enviar alguns jesuítas às Índias Orientais; entre eles está também Francisco Xavier. Assim começa o primeiro de um numeroso grupo de missionários apaixonados, preparados para suportar fadigas e perigos imensos, alcançar terras e encontrar povos de culturas e línguas completamente desconhecidas, impulsionados apenas pelo forte desejo de dar a conhecer Jesus Cristo e seu Evangelho e assim "salvar", conduzir as pessoas a Deus e ao seu verdadeiro bem.
Xavier é nomeado Núncio Apostólico, ou seja, representante do Papa Paulo III perante os governantes das chamadas Índias. Em pouco mais de onze anos, ele realizará uma obra extraordinária. As viagens de navio naquela época eram extremamente difíceis e perigosas. Muitos morriam durante a viagem devido a naufrágios ou doenças. Xavier passa mais de três anos e meio nos navios, um terço da duração de sua missão.
Chegando a Goa, na Índia, capital do Oriente português, Xavier estabelece sua base, mas não para por aí. Ele evangelizará os pobres pescadores da costa sul da Índia, ensinando catecismo e orações às crianças, batizando e cuidando dos enfermos. Mais tarde, durante uma oração noturna diante do túmulo do Apóstolo São Bartolomeu, ele sente que deve ir além da Índia. Deixa a obra já iniciada em boas mãos e corajosamente zarpa para as Molucas, as ilhas mais distantes do arquipélago indonésio, onde em dois anos de trabalho fundou várias comunidades cristãs. Ele põe o catecismo em versos na língua local e ensina a cantá-lo. Em suas cartas, entendemos bem quais são seus sentimentos. Ele escreve: "Os perigos e sofrimentos, aceitos voluntariamente e unicamente por amor e serviço de Deus nosso Senhor, são ricos tesouros de grandes consolações espirituais. Aqui, em poucos anos, pode-se perder os olhos de tantas lágrimas de alegria!" (20 de janeiro de 1548).
Um dia, na Índia, ele conhece um japonês, que lhe conta sobre seu país distante, onde nenhum missionário europeu havia ido antes. Xavier decide partir o quanto antes, e chega depois de uma viagem cheia de aventuras em um junco chinês. Os três anos no Japão são muito duros, pelo clima, pela oposição e pelo desconhecimento do idioma, mas aqui também as sementes plantadas darão bons frutos.
No Japão, Xavier entende que o país decisivo para a missão na Ásia foi outro: a China. Com sua cultura, sua história, sua grandeza, chegou a dominar toda aquela parte do mundo. Assim regressa a Goa e pouco depois embarca novamente com a esperança de entrar na China, apesar de esta estar fechada a estrangeiros. Mas seu plano falha: ele morreu na pequena ilha de Sancian, esperando em vão pousar no continente perto de Canton. Em 3 de dezembro de 1522, completamente abandonado, apenas um chinês ao lado dele para zelar por ele. Assim termina a jornada terrena de Francisco Xavier. Tinha 46 anos, mas já tinha os cabelos brancos, esgotadas as forças, entregue sem reservas ao serviço do Evangelho.
A sua intensa atividade esteve sempre ligada à oração, à união mística e contemplativa com Deus. Onde quer que estivesse, cuidava muito bem dos doentes, dos pobres e das crianças. O amor de Cristo foi a força que o levou aos confins, com cansaços e perigos contínuos, superando fracassos, decepções e desânimos, ainda mais, dando-lhe conforto e alegria para segui-lo e servi-lo até o fim.
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Francisco: “Hoje deixamos as pessoas morrerem no Mediterrâneo” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU