09 Abril 2021
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de João 20,19-31, que corresponde ao 2° Domingo de Páscoa, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto.
Aterrorizados com a execução de Jesus, os discípulos refugiam-se numa casa conhecida. De novo estão reunidos, mas Jesus já não está com eles. Na comunidade há um vazio que ninguém pode preencher. Falta-lhes Jesus. Não podem escutar as suas palavras cheias de fogo. Não podem vê-Lo abençoando com ternura os desgraçados. A quem seguirão agora?
Está anoitecendo em Jerusalém e também no seu coração. Ninguém os pode consolar da sua tristeza. Pouco a pouco, o medo vai-se apoderando de todos, mas não têm a Jesus para que fortaleça o seu ânimo. A única coisa que lhes dá alguma segurança é «fechar as portas». Já ninguém pensa em sair pelos caminhos a anunciar o reino de Deus e curar a vida. Sem Jesus, como vão espalhar sua Boa Nova?
O Evangelista João descreve de forma insuperável a transformação que se produz nos discípulos quando Jesus, cheio de vida, se torna presente no meio deles. O Ressuscitado está de novo no centro da sua comunidade. Assim deve ser para sempre. Com Ele tudo é possível: libertarmo-nos do medo, abrir as portas e pôr em marcha a evangelização.
Segundo o relato, a primeira coisa que Jesus infunde na sua comunidade é a sua paz. Nenhuma censura por O terem abandonado, nenhuma queixa ou reprovação. Só paz e alegria. Os discípulos sentem o seu alento criador. Tudo começa de novo. Impulsionados pelo seu Espírito, continuarão a colaborar ao longo dos séculos no mesmo projeto salvador que o Pai confiou a Jesus.
O que a Igreja necessita hoje não são apenas reformas religiosas e apelos à comunhão. Necessitamos de experimentar nas nossas comunidades um «novo início» a partir da presença viva de Jesus no meio de nós. Só Ele deve ocupar o centro da Igreja. Só ele pode impulsionar a comunhão. Só ele pode renovar os nossos corações.
Não bastam os nossos esforços e trabalhos. É Jesus quem pode desencadear a mudança de horizonte, a libertação do medo e dos receios, o novo clima de paz e serenidade de que tanto necessitamos para abrir as portas e ser capazes de partilhar o evangelho com os homens e mulheres do nosso tempo.
Mas temos de aprender a acolher com fé sua presença entre nós. Quando Jesus volta a apresentar-se depois de oito dias, o narrador diz-nos que, todavia, as portas continuam fechadas. Não é somente Tomé que tem de aprender a acreditar com confiança no Ressuscitado. Também os outros discípulos devem ir superando pouco a pouco as dúvidas e medos que ainda os fazem viver com as portas fechadas à evangelização.
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