24 Mai 2017
A Conferência dos Bispos da África do Sul condenou o "sofrimento" causado pela violência contra mulheres e crianças no país, já que novos dados revelam que uma mulher é morta a cada oito horas por alguém que ela conhece e uma em cada cinco crianças já foi abusada sexualmente.
A reportagem é de Rose Gamble, publicada por The Tablet, 23-05-2017. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
Embora o país esteja em choque com essas estatísticas, "a violência doméstica é comum", afirmaram os bispos da África do Sul em uma declaração divulgada no dia 19 de maio.
"A integridade física das mulheres e das crianças não é respeitada", acrescenta a declaração, assinada por Stephen Brislin, Arcebispo da Cidade do Cabo e presidente da Conferência dos Bispos da África do Sul.
"Cada crime contra a mulher e a criança faz com que o delicado tecido da nossa sociedade revele um pouco mais", diz a declaração.
Não se pode depender da prisão e do processo criminal, segundo os bispos. Ao contrário, eles pedem que sejam implementados programas de educação para crianças "a fim de reduzir a violência no futuro".
"Ao invés de apenas investir enormes quantias de dinheiro no sistema criminal e nas penitenciárias, mais fundos deveriam ir para programas e apoio aos pais", diz a declaração dos bispos.
"Nossos corações e orações estão voltados para todas as vítimas de violência", concluem.
Centenas de manifestantes tomaram as ruas de Pretória em 20 de maio, irritados com o aumento da violência contra as mulheres e crianças na África do Sul.
Uma recente onda de ataques violentos contra mulheres e meninas gerou uma série de manchetes na África do Sul.
Segundo dados divulgados pelo Conselho de Pesquisa Médica da África do Sul (Medical Research Council - MRC), até 40% dos homens agridem suas parceiras todos os dias. Além disso, uma mulher é morta por alguém que ela conhece a cada oito horas no país e uma em cada cinco mulheres já sofreu pelo menos um ato de violência em sua vida.
O presidente sul-africano Jacob Zuma visitou a casa dos pais de uma menina de três anos que foi violentada e morta, na semana passada.
"Como cidadãos deste país, nós precisamos dizer 'Basta'", disse Zuma após a visita. "Este foi um dos incidentes mais tristes que já encontrei. É uma crise no país, a maneira como mulheres e crianças estão sendo mortas."
A Aliança Democrática, principal partido de oposição, disse que o aumento da violência representa um "fracasso em tornar a África do Sul segura para todos" e convidou a todos a debater o problema em nível nacional.
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África do Sul. Uma em cada cinco crianças já foi abusada sexualmente. Bispos denunciam o ‘sofrimento’ causado pela violência - Instituto Humanitas Unisinos - IHU