29 Outubro 2018
Mais de duzentos e sessenta padres sinodais, cerca de setenta entre especialistas e auditores, e apenas sete freiras sem direito a voto. Eminência, como é possível que a Igreja, enquanto se questiona sobre o futuro, ignore, ou quase, metade de si mesma?
"Neste Sínodo, o tema esteve muito mais presente do que no passado. E a questão do papel das mulheres e seu voto está na mesa, sim ...”.
O cardeal Christoph Schönborn, grande teólogo dominicano e arcebispo de Viena, olha ao seu redor no último dia do Sínodo sobre os jovens.
Na noite do último sábado foi aprovado o documento final. Francisco convidou a defender a Igreja das "perseguições" diabólicas: "Somos todos pecadores, mas a Igreja, nossa mãe, é santa. É um momento difícil porque o Acusador através de nós ataca a mãe e a mãe não se toca. Este é o momento de defender a mãe, com oração e penitência”. O ponto mais controverso do texto (número 150: 178 sim, 65 não) é aquele sobre a sexualidade, no qual é “renovado o compromisso da Igreja contra toda a discriminação e violência" e é "recomendado promover" os "caminhos já existentes de acompanhamento na fé de pessoas homossexuais". O documento também pede para que os jovens "peçam com muita força" que as mulheres tenham mais espaço.
Schönborn explica: "Muitos falaram sobre a necessidade de uma conversão cultural. A Igreja precisa disso".
A entrevista é de Gian Guido Vecchi, publicada por Corriere della Sera, 28 -10-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
O que pode ser feito?
Muitos disseram isso: deve ser feito tudo o que hoje já é possível para que as mulheres possam participar do processo de tomada de decisão na Igreja.
Também houve uma petição na internet: por que os superiores das ordens masculinas votam mesmo quando não são padres e as superioras daquelas femininas não?
O Sínodo foi concebido por Paulo VI como Sínodo dos Bispos, uma expressão da colegialidade entre os bispos e o Papa. Mas já no Sínodo anterior tinha sido aprovada a novidade de que tivessem direito ao voto também alguns superiores gerais não sacerdotes. Isso significa que há espaço para reflexão ... A questão está na mesa.
A Igreja não é composta somente de sacerdotes ...
Evidente, na nossa arquidiocese, muitas funções importantes são ocupadas por mulheres, na Áustria as mulheres são 53% dos conselheiros paroquiais. A questão não é que sejam homens ou mulheres, mas a competência das pessoas.
O que mais lhe impressionou este ano?
O Sínodo sobre os jovens foi fortemente marcado pela nova maioria da Igreja ... De todas as intervenções nas plenárias, eu contei no máximo de 25 por cento de europeus, as outras vinhas principalmente da Ásia, África e América Latina: eu diria que esse é o aspecto profético desta assembleia.
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"Vamos refletir sobre o voto das mulheres no Sínodo”. Entrevista com Christoph Schönborn - Instituto Humanitas Unisinos - IHU