Fiéis a Cristo, acolhemos o divórcio (salvo a penitência)

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27 Fevereiro 2014

Desde ontem de manhã está reunida a Secretaria geral do Sínodo dos bispos para examinar as respostas ao questionário sobre a família enviado em novembro passado às dioceses. A partir dos primeiros dados se percebe “a urgência de se tomar consciência das realidades vividas pelo povo, de retomar o diálogo pastoral com as pessoas que se afastaram por diversas razões internas à Igreja e externas da sociedade”, dizia sábado ao Osservatore Romano o cardeal Lorenzo Baldisseri, que é o guia da secretaria geral do sínodo. Elemento comum entre o dossiê proveniente de cada conferência episcopal local é “o sofrimento de quantos se sentem excluídos o abandonados pela Igreja por se encontrarem num estado de vida que não corresponde à sua doutrina e à sua disciplina”, acrescentava o prelado. E é também para responder a estes sofrimentos que o Papa Francisco havia convocado o consistório extraordinário sobre a família que se realizou semana passada no Vaticano: discutir sobre aquelas problemáticas inéditas até há alguns anos que de modo mais aprofundado serão analisadas no Sínodo do próximo mês de outubro e daquele ordinário de 2015.

A reportagem é de Matteo Matzuzzi, publicada no jornal Il Foglio.it, 25-02-2014. A tradução é de Benno Dischinger.

O relatório do cardeal Walter Kasper, “de cunho teológico”, foi uma espécie de abertura: tantas perguntas, nenhuma resposta. Mas, nas intervenções dos purpurados (no total foram sessenta e nove sobre cento e cinquenta eminências presentes), emergiu um primeiro traço daquela que poderia ser a solução para aliviar o sofrimento dos divorciados que solicitam ser reaceitos aos sacramentos.

Não se trata de recolocar em alguma estante a Humanae Vitae de Paulo VI, nem de adaptar ao espírito dos tempos o ensinamento católico em questões de moral sexual. Quando muito, se pode discutir a possibilidade de possibilitar um percurso em etapas que reaproxime os divorciados à comunhão.

Quem o explicou num colóquio com o semanário francês Famille Chrétienne foi o cardeal Jean-Pierre Ricard, arcebispo de Bordeaux. Acima de tudo, explicou o purpurado, deveria ser fundamental reconhecer a falência do primeiro matrimônio e, portanto encontrar-se numa situação estabilizada pelo fato de que, entrementes, da nova união nasceram crianças. Deve ser verdadeiro, depois, o desejo de aceder novamente aos sacramentos e forte deve ser também a vontade de transmitir a fé às crianças. É indispensável, no entanto, um percurso penitencial – aliás também exigido pelo cardeal Kasper – que consistiria no serem introduzidos num percurso de acompanhamento sob a condução da Igreja. Nada de automático, portanto, para evitar que se caia na tentação de banalizar o próprio conceito de misericórdia, como admoestava em outubro passado o prefeito da congregação para a Doutrina da , o recém-nomeado cardeal Gerhard Ludwig Müller. Em todo caso, precisou Ricard, este percurso não se tornaria a norma geral, mas se aplicaria somente aos casos concretos, àquelas situações particulares sobre as quais o cardeal Kasper havia convidado os purpurados reunidos em consistório a refletir.

Muitas intervenções tocaram também a questão relativa aos procedimentos para a declaração de nulidade do matrimônio, “frequentemente longas e complexas”, acrescentou o purpurado francês, há dois anos indicado entre os favoritos à chefia do ex-Santo Ofício, junto ao depois escolhido Müller. A este propósito também se debateu sobre a oportunidade de constituir uma comissão ad hoc, encarregada de estudar o problema, de modo a chegar ao Sínodo com posições ainda mais claras. É verdade, admitiu o arcebispo de Bordeaux, no colégio cardinalício “há diversidades de pontos de vista e avaliações às vezes divergentes”, embora “concordes sobre os elementos essenciais: a fidelidade à palavra de Cristo, segundo a qual o que Deus uniu o homem não o pode separar e, de outra parte, o desejo de prestar atenção à condição das famílias, com frequência muito complicada”.

No entanto, a poucos dias do encerramento do consistório, será tornada conhecida uma carta do Papa enviada às famílias do mundo. Abrindo as reuniões com os cardeais, aos 20 de fevereiro passado, Francisco havia dito que “a família é hoje desprezada e maltratada” e a Igreja tem o dever de “ter sempre presente a beleza da família e do matrimônio, a grandeza desta realidade humana tão simples e conjuntamente tão rica”.

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