Por: Jonas | 06 Agosto 2013
É uma tradição que já completou mais de 40 anos. Por ocasião da festa do fim de Ramadã, “Id al-Fitr”, o Vaticano envia uma mensagem de felicitações aos muçulmanos de todo o planeta. Normalmente, a mensagem leva a assinatura do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso, o dicastério vaticano que se ocupa das relações com o Islã.
A reportagem é de Alessandro Speciale, publicada no sítio Vatican Insider, 02-08-2013. A tradução é do Cepat.
Contudo, Francisco quis dedicar um gesto de atenção aos irmãos muçulmanos e escolheu assinar pessoalmente a mensagem: “Este ano, o primeiro de meu Pontificado, decidi assinar, eu mesmo, esta tradicional mensagem e enviá-la, queridos amigos, como expressão de apreço e amizade a todos os muçulmanos, especialmente aqueles que são líderes religiosos”.
Trata-se de uma “iniciativa sua, completamente pessoal”, explicou à Rádio Vaticana, o presidente do Pontifício Conselho, o cardeal Jean-Louis Tauran, para manifestar o “grande respeito que tem pelos fiéis do Islã”. Já por ocasião de uma de suas primeiras manifestações públicas, o encontro com os diplomatas acreditados junto a Santa Sé, em 22 de março, Francisco enfatizou a importância do diálogo entre as religiões, “sobretudo, o diálogo com o Islã”.
Tauran recordou que o então cardeal Jorge Mario Bergoglio, há alguns anos, “enviou um sacerdote da Arquidiocese de Buenos Aires ao Cairo para estudar o árabe, porque queria uma pessoa que fosse capaz, que tivesse uma boa formação, especialmente para o diálogo com o Islã”.
No entanto, Francisco não é o primeiro papa que se dirigiu diretamente aos muçulmanos por ocasião desta festa final do Ramadã. João Paulo II já havia feito isto, em 1991, após a Guerra do Golfo, para expressar sua dor e sua solidariedade com as vítimas.
Em sua mensagem, o papa Francisco se concentrou sobre o tema do “respeito recíproco” entre as religiões, que deve ser construído através da educação das novas gerações, para que as demais religiões e seus fiéis sejam conhecidos, “evitando colocá-los em ridículo ou desmerecer suas crenças e práticas”.
O Papa também recordou São Francisco de Assis, que “amou profundamente a Deus e a todo ser humano, até o ponto de ser chamado ‘irmão universal’”. “Amou, ajudou e serviu aos necessitados, enfermos e pobres; também se preocupou muito com a criação”, acrescentou o Pontífice, embora não tenha citado o episódio do diálogo entre o Pobrezinho de Assis e o Sultão, que suscitou diferentes interpretações.
“‘Respeito’ – explicou o Papa em sua mensagem – significa uma atitude de amabilidade para com as pessoas que nutrimos consideração e estima. ‘Mútuo’ significa que não se trata de um processo unidirecional, mas de algo que é compartilhado pelas duas partes. O que somos chamados a respeitar em cada pessoa é, antes de tudo, sua vida, sua integridade física, sua dignidade e os direitos que dela emanam, sua reputação, sua propriedade, sua identidade étnica e cultural, suas ideias e suas decisões políticas”.
Por isso, devemos “pensar, falar e escrever do outro de um modo respeitoso, não apenas em sua presença, mas sempre e em todas as partes evitando críticas injustas ou a difamação”, e “respeitar a religião do outro, seus ensinamentos, símbolos e valores. Um respeito especial se deve aos líderes religiosos e aos lugares de culto”. “Quanta dor os ataques causam para um ou outro deles!”, exclamou Francisco.
Segundo o cardeal Tauran, o Pontífice está consciente do fato de que, “na realidade, não nos conhecemos o suficiente”. No entanto, acrescentou o purpurado, a cordialidade e a simplicidade do Papa não devem ser interpretadas como uma atitude “naïf”: “Está claramente consciente das dificuldades, mas ele é gentil. Obviamente está preocupado e não se esquece dos cristãos que sofrem em alguns países de maioria muçulmana, sem esquecer também que os muçulmanos são alvo dos ataques de discriminação de outros países”.
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No final do Ramadã, Papa escreve aos muçulmanos do mundo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU