Papa se encontra com vítimas italianas de abusos e reforça compromisso da Igreja. Entrevista com Hans Zollner

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13 Setembro 2016

Consolida-se o compromisso da Igreja com a proteção dos menores contra todas as formas de abuso. A Plenária da Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores concluiu, nesse domingo, uma reunião de trabalho realizada no Vaticano, que começou no dia 5 de setembro.

A reportagem é de Radio Vaticana, 12-09-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Entre os temas fortes tratados pelos membros do órgão desejado pelo Papa Francisco, estão: a instituição de um dia de oração pelas vítimas, a realização de um modelo-guia para as conferências episcopais e a publicação de um site da Comissão.

Durante as sessões de trabalho, também foi enfatizada a importância do documento papal "Como uma mãe amorosa", que ressalta a responsabilidade dos bispos, o compromisso com a educação e ainda os inúmeros encontros realizados em várias partes do mundo por parte de membros da Comissão.

Alessandro Gisotti pediu a reflexão do padre Hans Zollner, membro da Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores.

"Eu acho que compartilhamos muitas atividades que realizamos dentro dos grupos de trabalho. Eu acho que podemos dizer que, nesses últimos meses, pelo menos 70-80 encontros foram realizados nas mais diversas partes do mundo: da Europa à América, até a Oceania. Vimos como em muitas partes do mundo, onde até agora não se falava do tema dos abusos e da prevenção, agora, muitas pessoas estão se mobilizando dentro da Igreja e também fora dela. E que a Igreja, nessas áreas, às vezes, é realmente a parte mais ativa e mais importantes, justamente graças ao sistema das escolas católicas, graças a todo o sistema educacional e ao trabalho com os jovens e as famílias. Por isso, ficamos muito contentes por poder compartilhar as muitas atividades que foram realizadas e que agora, na minha opinião, já indicam uma certa conscientização em nível universal."

 

Eis a entrevista.

 

Está crescendo justamente a cultura da proteção, dessa conscientização cada vez mais profunda?

Uma das experiências e também das reflexões foi esta: devemos nos mobilizar nos vários níveis e em vários âmbitos. Desta vez, falamos das diretrizes e de um modelo, de um formato que queremos submeter à atenção do Santo Padre, que poderia funcionar como inspiração para as conferências episcopais para melhorar ainda mais ou para trabalhar em certas áreas onde as diretrizes não foram suficientemente desenvolvidas. O outro âmbito é o da oração, da atenção à assistência espiritual às vítimas, para aqueles que querem receber essa ajuda ou que, às vezes, também esperam essa ajuda.

Soubemos que o Santo Padre reagiu – depois da entrega da nossa proposta, ocorrida há alguns meses – com um dia de oração pelas vítimas de abuso. Foi enviada uma carta às conferências episcopais, declarando essa necessidade de pensar a respeito e de fazer uma proposta. O que aconteceu, depois dessa carta, foi o pedido de que as respectivas conferências episcopais ponham-se ao trabalho onde isso ainda não foi feito, a fim de poder propor uma data e também uma forma para aquela Igreja local pela qual eles são responsáveis. Nesta semana, também teremos a possibilidade de encontrar os novos bispos nomeados, tanto para as terras de missão – e, portanto, os bispos que pertencem à Propaganda Fide, à Congregação para a Evangelização dos Povos –, tanto aqueles que estão sob a jurisdição da Congregação para os Bispos. Portanto, temos a oportunidade de poder falar com os novos pastores das Igrejas locais – o cardeal O'Malley, a vítima de abuso Mary Collins e eu –, transmitindo-lhes uma mensagem que pensamos que é consistente. Estamos muito contentes porque, pela primeira vez, fomos convidados.

Sabemos como o Papa Francisco traz no coração a proteção dos menores, continuando um grande trabalho iniciada pelo seu antecessor, em particular. Houve uma oportunidade de encontro com o papa nesses dias?

A Comissão não se encontrou com o Santo Padre, mas eu soube que duas vítimas de abuso na Itália tiveram um encontro com o Santo Padre, dentro de uma audiência para o Ano Jubilar, no sábado passado, durante a qual eles lhe entregaram dois livros, que foram publicados em italiano neste ano: Giulia e il lupo [Júlia e o lobo] e Vorrei risorgere dalle mie ferite [Gostaria de ressurgir das minhas feridas]. O primeiro é sobre a experiência de uma jovem abusada por um sacerdote na Itália e é o primeiro livro na italiano, em italiano e sobre uma experiência na Itália. O outro livro é sobre as mulheres consagradas, que são abusadas por sacerdotes. O papa – pelo que me foi dito por essas duas senhoras – ficou muito impressionado e pediu para poder acompanhar também esse caso. Portanto, eu acho, por aquilo que soubemos e vimos nesses anos – desde que temos o Papa Francisco, assim como o Papa Bento –, que os papas têm uma grande atenção pessoal, muito empática e muito próxima, para as pessoas em grandes dificuldades e também para aqueles que sofreram um abuso sexual por parte de um membro do clero.

 

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