Alemanha, sinal de pare ao Comitê Sinodal

Imagem da última sessão do Caminho Sinodal Alemão, realizada em Setembro de 2022 | Foto: Synodaler Weg/Maximilian von Lachner

21 Fevereiro 2024

Eliminada a votação sobre o Estatuto na próxima Assembleia Geral dos Bispos alemães.

A reportagem é de Mimmo Muolo, publicada por Avvenire, 20-02-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.

Retirada da agenda da Assembleia Plenária dos Bispos da Alemanha a votação do estatuto do Comitê Sinodal, marcada para a próxima semana. Foi confirmado pelo porta-voz da Conferência Episcopal Alemã, Matthias Kopp, à Kna, a agência de imprensa dos bispos alemães. Uma decisão que parece consequência direta da carta com a qual o Cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, e dois chefes de dicastério da Cúria Romana (os cardeais Victor Manuel Fernández, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, e Robert Prevost, prefeito do Dicastério para os Bispos) haviam pedido aos prelados alemães, no dia 16 de fevereiro para adiar a iniciativa.

O confronto em curso com a Igreja Católica na Alemanha marca, portanto, neste momento, um ponto de virada, depois de em outubro passado o Papa já ter alertado, numa carta a algumas teólogas, sobre a sua contrariedade por tal órgão. Ao noticiar isso, o Vatican News destaca que o projeto de aprovação dos estatutos de um Comitê Sinodal (criado em novembro), destinado por sua vez a preparar a introdução de um Conselho diretivo e decisório, é “o fruto do processo de reforma do Synodale weg, o polêmico caminho sinodal alemão iniciado em 2019”. O órgão reuniria 27 bispos e vários laicos para continuar as discussões e tomar eventuais decisões sobre temas da autoridade eclesiástica, do papel da mulher, da moral sexual e da vida sacerdotal.

No entanto, o Papa já sublinhava na referida carta que o Comitê Sinodal “não pode ser harmonizado com a estrutura sacramental da Igreja Católica” e recordava também que a sua constituição era “proibida pela Santa Sé com uma carta datada de 16 de janeiro de 2023, por mim especificamente aprovada". Por isso, na sua carta Parolin, Fernández e Prevost não só reiteraram a posição já expressa pelo Pontífice, mas pediram para cancelar a votação do estatuto (como de fato aconteceu) e o seu adiamento após as conversações previstas entre os representantes do Vaticano e da Conferência Episcopal Alemã. Esse encontro, lembra a matéria do Vatican News, deverá seguir-se aos anteriores que tiveram lugar em Roma em novembro de 2022 e julho de 2023, mesmo que a data ainda não seja conhecida. E assim a carta dos três cardeais – “levada ao conhecimento do Papa e por ele aprovada” – fez questão de sublinhar: “Se o estatuto da Comissão Sinodal for adotado antes desse encontro, surge a questão do propósito do encontro e do processo de diálogo em curso em geral”.

Conforme relatado pela Kna, a carta de Parolin e dos dois chefes do Dicastério também aponta que um conselho desse tipo não está contemplado pelo Direito Canônico vigente; portanto, uma decisão a respeito adotada pela Conferência Episcopal seria nula também porque não teria autoridade para aprovar o seu estatuto. “A aprovação do estatuto do Comitê Sinodal estaria, portanto, em conflito com a ordem do Santo Padre e o colocaria mais uma vez diante de fatos consumados”, lê-se no documento do Vaticano. Em suma, para o bom conhecedor, poder-se-ia encerrar o assunto. E pelo menos nesse caso parece que “as poucas palavras” do conhecido provérbio surtiram efeito.

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