03 Mai 2023
"Somos, portanto, chamados a reconhecer que somente a partir de uma profunda transformação da ação pastoral concreta – a sempre almejada 'mudança de mentalidade pastoral' de que fala o Papa Francisco – será então possível conseguir difundir a nova imaginação de cristianismo como o cristianismo da alegria do Evangelho. Daí resulta que também a pastoral do passado, aquela ligada à figura do acompanhamento, deve ser substituída por outra que melhor possa cumprir a sua finalidade específica: levar Jesus a todos e levar todos a Jesus".
A opinião é do teólogo italiano Armando Matteo, professor de Teologia Fundamental da Pontifícia Universidade Urbaniana e subsecretário adjunto da Congregação para Doutrina da Fé, em artigo publicado por Settimana News, 30-04-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Continua a coluna “Opção Francisco”, assinada pelo teólogo Armando Matteo para a revista Vita pastorale. Por cortesia do diretor, Dom Antonio Sciortino, a coluna é integralmente reproduzida e publicada digitalmente no Setttimana News
Leia também, em português, o primeiro, o segundo, o terceiro, o quarto, o quinto, o sexto, o sétimo, o oitavo, o nono, o décimo, o décimo primeiro, o décimo segundo, o décimo terceiro e o décimo quarto artigos da série.
Eis o artigo.
Declina a era da cristandade com o advento da mudança de época, é tempo de dar vida a uma imagem do cristianismo que supere a ideia ainda tão difundida de ser apenas uma experiência de consolo em relação à dureza da vida dos adultos.
É tempo de colocar a mão e o coração em uma nova imaginação do cristianismo. Nessa direção, a Opção Francisco encontra na perspectiva fundamental da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium do Papa Francisco seu ponto de luz e discernimento decisivo.
É tempo, então, de nos abrirmos à anunciação do cristianismo como experiência de alegria: da alegria do Evangelho, mais precisamente. Assim, a alegria do Evangelho será a alavanca graças à qual vivificará uma imagem do cristianismo presente e futuro capaz de tocar realmente o coração e a mente dos homens e mulheres de hoje.
Escutemos novamente pelo menos as primeiras linhas daquele documento fundamental de Francisco: “A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo renasce sem cessar a alegria”.
Além da consolação
É com essas palavras claras que o Papa Francisco destaca a verdadeira conquista que sempre alcança quem se encontra com Jesus, quem permite a Jesus entrar na sua existência, quem permite que Jesus o olhe com os seus olhos de misericórdia e predileção. Nesse contato a alegria simplesmente nasce e renasce. E é exatamente isso que nós, crentes de hoje, podemos e devemos propor aos nossos contemporâneos, especialmente aos adultos, no tempo da mudança de época. Não mais e não apenas uma experiência de consolação, mas uma experiência de alegria plena e verdadeira.
Consequentemente, o grande desafio que agora nos espera é precisamente o de remodelar cada espaço eclesial, começando por aquele mais acessível a todos que é a paróquia, para que fique evidente para todos que o que o cristianismo oferece é, essencialmente, um encontro de alegria e a alegria de um encontro com Jesus.
Teremos que trabalhar duramente, deixando ir embora muita coisa do passado e dando vida a muita coisa do futuro, para que fique claro para todos que, como crentes, não estamos mais aqui para oferecer consolo e contenção por uma vida adulta de provação e desafios infinitos. Estamos aqui para permitir a qualquer um encontrar-se com Jesus e experimentar a alegria que decorre desse encontro.
Somos, portanto, chamados a reconhecer que somente a partir de uma profunda transformação da ação pastoral concreta – a sempre almejada "mudança de mentalidade pastoral" de que fala o Papa Francisco – será então possível conseguir difundir a nova imaginação de cristianismo como cristianismo da alegria do Evangelho.
Daí resulta que também a pastoral do passado, aquela ligada à figura do acompanhamento, deve ser substituída por outra que melhor possa cumprir a sua finalidade específica: levar Jesus a todos e levar todos a Jesus.
Leia mais
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O cristianismo da alegria. Artigo de Armando Matteo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU