27 Fevereiro 2023
"A finalidade específica que os agentes pastorais do passado assumiam para com seus contemporâneos consistia, de fato, em acompanhá-los para verificar como a visão cristã do mundo poderia oferecer garantias suficientes para enfrentar a complexa etapa da maturidade. A qual, não se deve esquecer com demasiada facilidade, até recentemente representou uma época de grandes desafios e grandes esforços", escreve o teólogo italiano Armando Matteo, professor de Teologia Fundamental da Pontifícia Universidade Urbaniana e subsecretário adjunto da Congregação para Doutrina da Fé, em artigo publicado por Settimana News, 26-02-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Leia também, em português, o primeiro, o segundo, o terceiro, o quarto, o quinto, o sexto, o sétimo, o oitavo, o nono, o décimo e o décimo primeiro artigos da série.
Opzione Francesco | Foto: divulgação
Eis o artigo.
Ligada ao imaginário do cristianismo como lugar de contenção da angústia adulta de ter que enfrentar a árdua labuta de viver e, portanto, ao imaginário da fé como experiência de consolação, está a forma concreta assumida pela ação pastoral nos séculos passados. Trata-se da forma do acompanhamento.
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A finalidade específica que os agentes pastorais do passado assumiam para com seus contemporâneos consistia, de fato, em acompanhá-los para verificar como a visão cristã do mundo poderia oferecer garantias suficientes para enfrentar a complexa etapa da maturidade. A qual, não se deve esquecer com demasiada facilidade, até recentemente representou uma época de grandes desafios e grandes esforços.
Bastaria recordar os discursos dos nossos pais ou dos nossos avós, no caso dos mais jovens entre nós. Quantas vezes nos contaram sobre a fome que passaram quando pequenos, sobre as inúmeras doenças já em tenra idade, sobre suas lembranças da guerra, sobre aqueles microcosmos de vilarejos e aldeias em que viveram e em que cada um era chamado quase sempre e quase só pelo sobrenome, e depois sobre a lembrança da morte precoce de parentes e muito mais, que foi o tempo passado!
E eis que, precisamente para aqueles homens e mulheres que foram nossos avós e nossos pais, o cristianismo - obviamente aquela certa versão do cristianismo típica dos séculos passados - era apresentado como a melhor escolha para uma existência adulta vivida com o mínimo de frustrações e ressentimentos.
Tornar-se adultos
E era assim o tempo que nos tornávamos adultos, tornando-nos cristãos, e nos tornávamos cristãos, tornando-nos adultos. A aposta básica daqueles que nos precederam no trabalho pastoral era exatamente esta: nenhuma ocasião como a de se tornar adultos era mais perfeitamente adequada para fazer perceber a todo mundo a credibilidade da religião cristã.
A partir disso se compreende porque, precisamente em torno desse núcleo, se organizava o resto do trabalho pastoral. No que diz respeito aos meninos e jovens, por um lado, o interesse principal girava em torno de acompanhá-los até a idade adulta, proporcionando-lhes um mínimo de conhecimento bíblico e religioso (a "doutrina"), já que o resto teria sido feito justamente por seu tornar-se adultos. Para os não tantos idosos do passado (a longevidade de massa é uma conquista muito recente), por outro lado, não havia muito mais a fazer senão acompanhá-los até a etapa final da jornada humana, permitindo-lhes saborear a alegria de paraíso, justa recompensa para aqueles que de bom grado haviam se esforçado para corresponder aos seus deveres familiares, civis e religiosos.
Se agora não podemos deixar de admirar a extraordinária capacidade pastoral daqueles que nos precederam, mesmo sem negar alguns elementos de ambiguidade em seu procedimento, o verdadeiro problema - segundo a Opção Francisco - é aquele para o qual a atual mentalidade pastoral ainda permanece aquela do acompanhamento, como se não tivesse havido nenhuma mudança de época entre nós e os nossos pais e os nossos avós!
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Pastoral do passado. Artigo de Armando Matteo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU