As grandes mulheres por trás das vacinas contra o Covid

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18 Janeiro 2021

Por trás de cada vacina Covid existe uma grande mulher. Sarah Gilbert, por exemplo, diretora do grupo de Oxford, convenceu seus trigêmeos a participar do experimento no verão. Mas só depois de terminar os exames semestrais. Aos 21 anos, estudantes de bioquímica, primeiro tiraram boas notas, depois a vacina. Algum crédito, se pararmos o Covid, também vai para seu marido, que quando jovem abandonou sua carreira de cientista para permitir que ela seguisse em frente. E ela realmente foi em frente, estudando vetores virais por décadas para combater - entre outras coisas - a MERS: o coronavírus do Oriente Médio a partir do qual Oxford partiu para desenvolver tão rapidamente a vacina usada hoje contra o Covid.

A reportagem é de Elena Dusi, publicada por Repubblica, 14-01-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.

Uma mulher também dirige a ReiThera, a empresa de Castel Romano que trabalha na vacina italiana. Mas Antonella Folgori, bióloga com estudos em Roma e Estrasburgo, não está sozinha. Apenas 30% dos cerca de cem cientistas que trabalham nos laboratórios da ReiThera são homens. “Devo muito ao meu marido e aos meus dois filhos, que entenderam as minhas muitas ausências, me apoiaram nos momentos felizes e principalmente nas dificuldades e me ajudaram nas minhas escolhas”, diz hoje, ao final da primeira fase de testes.

Sarah Gilbert, diretora do grupo de Oxford (Foto: Reppublica)

Se recebemos as primeiras doses da primeira vacina BioNTech dez meses depois do aparecimento do coronavírus, é também porque Katalin Karikò há trinta ainda anos não desistiu de seu trabalho, apesar dos golpes. Nascida em uma impronunciável cidade húngara - Kisújszállás - mantida entre dormitórios e bolsas de estudo na Universidade de Szegen, ela trocou a Hungria pelos EUA em 1985 com seu marido, uma filha de dois anos (agora campeã olímpica de remo pela Equipe norte-americana) e mil dólares costurados na barriga do ursinho, resultado da venda do carro da família no mercado negro.

Katalin Karikò, vice-diretora da BioNTech (Foto: Reppublica)

Do sonho americano, entretanto, Karikò recebeu apenas amargos despertares. Ninguém jamais acreditou em seus estudos sobre o RNA e possíveis aplicações no campo das vacinas. Sem vaga na Penn University, coincidindo com um diagnóstico de câncer em 1995, por acaso e só em 2013 conseguiu levar suas patentes para a empresa alemã BioNTech, da qual atualmente é vice-diretora (depois de também ter recebido uma oferta trabalho da Moderna). Nada de pressa, cada frasco injetado hoje tem atrás de si a história pessoal, os fracassos e depois a capacidade de dezenas de pesquisadores de se superarem.

Kathrin Jansen, diretora de pesquisa e desenvolvimento de vacinas da Pfizer (Foto: Reppublica)

“Normalmente, nesse ponto, as pessoas simplesmente se despedem e vão embora, porque é tão horrível”, disse Karikò à revista americana Stat, sobre seu annus horribilis de 1995. “Eu pensei que não era capaz, que não era inteligente. Pensei em ir a outro lugar fazer outra coisa ". Hoje seu nome foi sugerido para o Prêmio Nobel.

Do outro lado do Atlântico, na parceira da BioNTech, a multinacional Pfizer, trabalha a mulher que a Nature incluiu entre os dez cientistas de 2020: Kathrin Jansen, diretora de pesquisa e desenvolvimento de vacinas da empresa, mãe de vacina contra papilomavírus. Conectada em smartworking em seu apartamento em Manhattan com os 650 membros de sua equipe, ela coordenou em tempo recorde os testes da vacina de RNA desenvolvida pela BioNTech, de abril a novembro.

Nita Patel, diretora de desenvolvimento da vacina da Science (Foto: Reppublica)

Na Novavax, outra empresa estadunidense que está prestes a desenvolver um remédio para a Covid, encontramos Nita Patel, diretora de desenvolvimento da vacina. Ela também mostra o quão longe a ciência pode ir, quando você se empenha com tenacidade. Nascida na aldeia de Sojitra, no estado indiano de Gujarat, Patel vem de uma infância de miséria, com seu pai incapacitado por tuberculose quando ela tinha 4 anos. E é justamente com uma vacina contra essa doença que Patel começou a trabalhar, antes de se jogar no turbilhão do Covid.

General Chen Wei recebe a vacina (Foto: Reppublica)

Entre as mulheres de ferro na luta contra o coronavírus está Chen Wei, general do Exército Vermelho Chinês, uma heroína nacional por seu trabalho na vacina contra o Ebola. Já em 29 de fevereiro, um mês e meio após o sequenciamento do vírus, a vemos com a manga do uniforme arregaçada para receber a primeira injeção de uma vacina, produzida em parceria com a farmacêutica CanSino, que definir de experimental seria um eufemismo. Mas que hoje é um dos pilares da luta da China contra o Covid.

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