Honduras. A marcha dos condenados e as mudanças à vista...

Caravana de Migrantes | Foto: correodelorinoco.gob.ve

Mais Lidos

  • "A ideologia da vergonha e o clero do Brasil": uma conversa com William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • O “non expedit” de Francisco: a prisão do “mito” e a vingança da história. Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • A luta por território, principal bandeira dos povos indígenas na COP30, é a estratégia mais eficaz para a mitigação da crise ambiental, afirma o entrevistado

    COP30. Dois projetos em disputa: o da floresta que sustenta ou do capital que devora. Entrevista especial com Milton Felipe Pinheiro

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

24 Outubro 2018

A partir de Tegucigalpa, capital de Honduras, ate a fronteira com os Estados Unidos, a distância em linha reta é de 3500 km. Andando pelas estradas possíveis, trechos de asfalto e principalmente trilhas de terra, essa distância pode aumentar até 4.800 km.

Há algumas semanas, milhares de centro-americanos - hondurenhos, guatemaltecos, salvadorenhos, nicaraguenses - e também mexicanos e sul-americanos caminham, com esposas, filhos e outros parentes jovens, com o objetivo de alcançar os Estados Unidos, entrar, legalmente ou não, conseguir um emprego e uma casa e começar uma nova vida.

São os condenados do hemisfério americano, parte dos condenados da Terra, famintos, sem emprego, sem futuro, desesperados ... São uma parte, pequena, do exército de pobres e empobrecidos que tentam manter viva a última esperança, o chamado "sonho americano".

O comentário é publicado por Il Sismografo, 22-10-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eles não têm nada a perder. Nada, também porque não possuem nada. No máximo, podem ser detidos, presos e mandados de volta, mas pelo menos tentaram e isso, para eles, já é alguma coisa. Aliás, nesse momento é o único recurso que eles têm para dizer que querem viver, que apesar de tudo estão vivos. Permanecer em seus países e cidades, sem tentar, seria a condenação final, aquela dos descartados que em determinado momento se apagam como uma vela.

Agora, essas pessoas, milhares, enquanto andam, sobrevivem graças à enorme generosidade dos povos da Guatemala e do México, liderados pelas dioceses católicas que há dias mobilizam-se freneticamente para dar aos “passantes” o que podem: água, roupas, medicamentos, alimentos , sapatos ...

O que está acontecendo nessas terras da América não é um fenômeno qualquer. É muito grave e alarmante. A forma em que essa migração em massa se desenvolve é sem precedentes. Nunca tinha sido visto antes. Sob certos aspectos, assemelha-se a fenômenos já vistos ao longo do deserto do Saara, no caso da "rota dos Bálcãs" ou nas costas ocidentais da África.

Ninguém é capaz de antecipar como esse caso irá terminar. Talvez essa onda humana vá se romper contra a Polícia Federal e o Exército dos Estados Unidos, e depois cairá o silêncio. Já aconteceu em outras situações asiáticas e africanas.

Em qualquer caso, o continente americano não será mais o mesmo. Os tempos futuros desenharão outra realidade, do Alasca à Patagônia, e com toda a probabilidade será inquietante. A marcha dos condenados é um sinal de alarme.

Veja o mapa do caminho percorrido pela Caravana de Migrantes: 

(Foto: TeleSur)

Leia mais