Academia de Ciências Sociais do Vaticano expressa preocupação por aumento da desigualdade na América

Foto: Pontifícia Academia de Ciências Sociais

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Por: João Flores da Cunha | 04 Mai 2017

A Pontifícia Academia de Ciências Sociais, ligada ao Vaticano, expressou “grande preocupação” por conta do enfraquecimento da classe média na América, e alertou para a “crescente desigualdade social entre elites restritas e a massa da população”. Em um comunicado de imprensa emitido no dia 2-5, o órgão afirmou que essas tendências podem trazer consequências negativas para a democracia.

A Academia realizou um encontro de quatro dias no Vaticano para debater a exclusão social e formas de participação na sociedade. O órgão manifestou sua “preocupação pela propagação da fragmentação social, por um lado, e, ao mesmo tempo, pela incapacidade dos sistemas políticos para governar a sociedade”.

Segundo a Academia, “esses dois fenômenos estão se estendendo por muitos países, e criam situações de forte desintegração social”. Entre as causas dessas tendências, estão “a crise da representação política” e “os desequilíbrios demográficos a nível mundial”, de acordo com o comunicado.

O fator mais importante, porém, é o aumento da desigualdade, segundo o texto. O órgão destacou que, se por um lado a classe média se fortaleceu na China e na Índia, por outro “se enfraqueceu muito” na América e na Europa. Para a Academia, “quando a classe média sofre contratempos, a democracia está em perigo”.

A Pontifícia Academia de Ciências Sociais é um órgão que tem como objetivo discutir temas vinculados às ciências sociais e oferecer subsídios para auxiliar a Igreja no desenvolvimento de sua doutrina social. Seus membros – em sua maioria, professores e pesquisadores – são indicados pelo Papa.

Segundo a nota da Academia, o evento foi conduzido a partir de uma mensagem do papa Francisco dirigida à presidenta do órgão, Margaret Archer. Nela, o pontífice alerta para o “aumento endêmico das desigualdades sociais”. A mensagem de Francisco foi publicada no dia 29-4 pelo jornal L'Osservatore Romano, diário semi-oficial do Vaticano.

O chanceler da Pontifícia Academia, Marcelo Sánchez Sorondo, declarou à agência Telám que “o enfraquecimento da classe média a nível continental na América é um problema muito sério”. Para Sánchez, a desigualdade “cresceu muito, e isso faz com que a classe média, que é um fator muito importante na sociedade, esteja desaparecendo”.

Ele vinculou a tendência de aumento da desigualdade à “crescente robotização” e a “medidas monetaristas”. Sánchez assinalou ainda que “a política tem que guiar a economia em direção do bem comum, e isso significa pôr ordem”.

Na América Latina, que é a região mais desigual do mundo, a pobreza está aumentando, conforme estudo da Comissão Econômica para América Latina e Caribe – Cepal. O ano de 2015, o último para o qual o órgão tem dados consolidados, marcou uma inversão na tendência da evolução da pobreza na região, que vinha diminuindo na última década. Hoje, a pobreza atinge 175 milhões de pessoas na América Latina, segundo a Cepal.

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