O apelo do Papa copta: “Patriotismo e igualdade contra os extremismos”

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29 Abril 2017

Cidadãos, não minorias. Nações, não seitas. Segundo o Papa Tawadros II, Patriarca da sede de São Marcos e guia da Igreja copta-ortodoxa, este é o antídoto contra esse extremismo que atacou no Domingo de Ramos duas igrejas no Egito. Tawadros se encontrará nas próximas horas, na mesquita do Cairo da Universidade de al Azhar, prestigiosa instituição do islã sunita, com o Papa Francisco, Bartolomeu, Patriarca de Constantinopla, e com o Grão-Imã Ahmed al Tayyeb, em um encontro sem precedentes no diálogo entre cristãos e muçulmanos. Em sua residência de verão, ao sul de Alexandria, o Papa Tawadros acolhe famílias e fiéis.

A entrevista é de Rolla Scolari e publicada por Vatican Insider, 28-04-2017. A tradução é de André Langer.

Eis a entrevista.

Sua Santidade, quais são a mensagem e o simbolismo deste encontro de religiões?

O Egito é descrito na história como a Terra da Paz, no período faraônico, cristão, islâmico, moderno. Os egípcios vivem nos arredores do Nilo, bebem das suas águas e obtêm dele uma natureza de moderação. Por isso, o Egito estará muito contente em receber a mensagem de paz que acompanha a visita do Papa de Roma.

Será um encontro das religiões contra o terrorismo?

Certamente é uma mensagem forte, embora simbólica, porque não se combate o terrorismo somente com encontros, mas com a ativação de medidas coletivas. O terrorismo é um perigo para todos os países.

O encontro acontece no momento em que o número de cristãos do Oriente, que fogem da violência jihadista, diminui. Qual é o papel da Igreja copta neste momento tão difícil?

Os cristãos voltarão ao Oriente Médio assim que a situação se estabilizar: o ser humano não pode desfazer-se de sua nação. Aqui estão os nossos mosteiros e as nossas igrejas. Quem deixa esta região deixa uma grande herança, perde muito. Os coptas têm um papel histórico.

Em março, na al Azhar, você falou sobre as responsabilidades dos líderes religiosos na luta contra o extremismo. O que isso significa?

A educação é central para qualquer transformação. Há elementos nos métodos educativos que não ajudam a reforçar as ideais de cidadania e igualdade. Purificar o método educativo, formar os professores. Esses são os primeiros passos que devemos dar. Devemos investir em um método educativo patriótico, que coloque no centro a nação, não seitas.

Existe um grande debate no Egito sobre a ideia de cidadania como oposta à ideia de comunidade religiosa. Uma vez que está incluída na Constituição, as minorias sofrem. Como se poderia tornar efetiva?

Nos últimos 60 anos, os coptas foram excluídos de certos níveis de participação política. Depois das revoluções de 2011 e 2013 tratamos de enfrentar a questão da cidadania com a nova Constituição. No Parlamento, há 39 deputados cristãos (um número muito grande em relação ao passado, ndr.). A presença do presidente al Sisi nas missas de Natal demonstra que o Estado está buscando soluções. Foi aprovada uma lei sobre a construção de igrejas (a licença para construí-las, muito difícil de obter, estava nas mãos do Estado, mas agora é de responsabilidade dos governos locais, ndr.).

Entre os coptas há alguns que criticaram a lei como se fosse um compromisso fraco com o governo.

Antes não existia nenhuma lei, razão pela qual poder contar com uma já é uma vitória. Para ter uma resposta do governo era preciso esperar 20 anos. Agora, quatro meses. A prática demonstrará a eficácia da lei, e, se houver necessidade para modificá-la, não terei dúvidas.

 Passaram-se seis anos desde a revolução de 2011. O que mudou?

Trata-se de operações de reforma cirúrgica no corpo do Egito. A revolução de 2011 começou bem, mas três dias depois, ela foi roubada por outros.

Quem?

As forças do Islã político, que quiseram governar o Egito: os egípcios gostam da religião, mas não querem ser governados pela religião. A revolução de 2013 abriu uma nova etapa.

No Egito, nem todos concordariam em definir 2013 como uma revolução. Ativistas e grupos de direitos humanos acusam al Sisi de reprimir os dissidentes...

Foi uma revolução popular, protegida por um exército popular. Quem fala da questão dos direitos humanos de fora do país fala de um número limitado de pessoas na prisão depois de ter enfrentado processos, mas esquecem de mencionar as doenças e a pobreza no país. Além disso, estamos agora no meio de uma guerra contra o terrorismo, que exige fortes medidas para alcançar a paz.

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