Transição energética e desenvolvimento na América Latina é tema de evento no IHU

Atividade integra o Ciclo de Estudos América Latina em tempos de penumbra. Incertezas e possíveis rotas e começa logo mais, às 10h

Arte: IHU

Por: João Vitor Santos | 23 Abril 2024

É possível pensarmos o desenvolvimento sem contar com o uso dos combustíveis fósseis e sem expropriações dos minerais? Esta é uma pergunta que tem suscitado o debate em todo o mundo, mas como pensar numa resposta para ela no contexto da América Latina? Logo mais, às 10h, o professor Bruno Fornillo, da Universidade de Buenos Aires, na Argentina, abordará este e outros pontos na conferência Ecologia, lítio e transição energética. Desenvolvimento na Argentina, Brasil e Bolívia. A atividade integra o Ciclo de Estudos América Latina em tempos de penumbra. Incertezas e possíveis rotas. A palestra de hoje é quarta e o Ciclo ainda segue até 22 de maio. As transmissões são sempre ao vivo pelas redes do IHU. As palestras já proferidas podem ser acessadas no Canal do IHU no YouTube.

 

O tema da transição energética e a busca por recursos que considerem a preservação ambiental é bastante cara ao IHU. O enfoque da América Latina também é algo que vem sendo abordado em publicações na seção Notícias do Dia no site do IHU. Em um dos artigo de Raúl Zibechi, que por sinal também participou do Ciclo de Estudos América Latina em tempos de penumbra. Incertezas e possíveis rotas, aborda justamente os interesses internacionais nas minas de lítio da América Latina. Com o governo Javier Milei, este recurso natural passa a ver visto como moeda de barganha, pois o mineral é visado tanto pela China quanto pelos Estados Unidos. Ambos, grandes consumidores, estão com as reservas no limite.

Neste artigo, Zibechi pontua: “a verdade é que a China tem projetos até nas regiões mais remotas do país: desde minas de lítio na árida fronteira boliviana, no norte, até planos para construir um porto a 4.000 km de distância, no extremo sul do país, a apenas uma curta viagem de barco da Antártida. Esse é o ponto em que o Pentágono quer intervir [na relação com Argentina], para controlar os passos do seu principal adversário e, chegado o momento, poder bloqueá-lo”.

Francesca Santolini, em outro artigo publicado no IHU, também chama atenção que, em tempos de ascensão da extrema-direita, questões como transição energética são terrenos férteis para germinar o ecofacismo. O problema é que esta perspectiva, por vezes, aparece com uma proposta muito mais clara do que como a questão ambiental vem sendo abordada pela esquerda. “É necessário abandonar a crença de que o ambientalismo progressista seja o titular exclusivo dos temas ecológicos. Nas raízes do ecofascismo existe a ideia, aberrante, mas amplamente argumentada, da convergência entre pureza racial e conceito de meio ambiente como parte do conceito mais amplo de pátria: cada nação e cada etnia foram fundidas com o seu ambiente, a proteção de uma implica aquela do outro", escreve Francesca Santolini.

Saiba mais sobre Bruno Fornillo

Pesquisador do CONICET. Historiador pela Universidade de Buenos Aires (UBA), mestre em Sociologia da Cultura pela Universidade Nacional de San Martín, doutor em Ciências Sociais pela UBA e em Geopolítica por Sorbonne Paris 8.

Bruno Fornillo (Foto: acervo UBA )

É membro do Instituto de Estudos sobre a América Latina e o Caribe (FSOC-UBA) e da Cátedra de História Americana Contemporânea (FFyL-UBA). Suas principais áreas de pesquisa são: História contemporânea da Bolívia – Recursos naturais, energia e geopolítica na América do Sul. Projeto: Recursos naturais e perspectivas de desenvolvimento. Os casos da Argentina, Bolívia e Brasil (2005-2011).

Assista as outras conferências do Ciclo

 

 

 

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