Reencontrar o sentido do tempo. Reflexões sobre o pensamento de Byung-Chul Han

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10 Janeiro 2019

Nativo da Coreia, mas residente na Alemanha e professor em Berlim, ensaísta de natureza modesta, extremamente culto, sempre respeitoso, preocupado em radicar a reflexão filosófica no mais prosaico cotidiano das nossas vidas, Byung-Chul Han é um filósofo que pode nos ajudar a entender melhor o homem do século XXI. O que impressiona em sua escrita é a capacidade de conciliar um claro rigor germânico, baseado em numerosas leituras, com uma espécie de sobriedade asiática, uma surpreendente economia de palavras.

A reportagem é de Marc Rastoin, publicada por La Civilta Cattolica, 05-01-2019. A tradução é de Luisa Rabolini

Um bom ponto de partida para iniciar no pensamento de Byung-Chul Han é dado pelo seu livro de 2009, Il profumo del tempo. L’arte di indugiare sulle cose (O perfume do tempo. A arte de persistir nas coisas - em tradução livre). Byung-Chul Han faz uma releitura crítica do sociólogo francês Alain Ehrenberg, que foi capaz de compreender a evolução de longo prazo da cultura contemporânea; um novo imperativo categórico agora pesa sobre os sujeitos modernos e exige que eles "tenham sucesso na vida": "Seja você mesmo! Realize os seus sonhos! Aproveite os seus talentos!" Byung-Chul Han retoma e completa o pensamento de Ehrenberg, observando que o atual sistema econômico neoliberal explora para sua própria vantagem esse clima, tanto emocional como intelectual, para lucrar o máximo do indivíduo que tenta se realizar.

Ao contrário de outros autores animadas por uma visão essencialmente mais econômica ou psicológica, o pensador sul-coreano analisa a importância do desaparecimento, na sociedade atual, dos tempos de iniciação e, mais geralmente, dos limiares: "A vida tornou-se mais febril, mais confusa, mais desorientada. Por causa de sua dispersão, o tempo não exerce mais nenhuma força ordenadora. Por isso na vida não emergem momentos decisivos ou tais a proporcionar um ponto de virada. O tempo da vida não é mais articulado através de cortes, conclusões, limiares e transições, nos apressamos praticamente de um presente a outro. Assim envelhecemos, sem nos tornar velhos. E por fim perecemos intempestivamente. Precisamente por esse motivo, morrer hoje tornou-se mais difícil do que nunca”. Ora, "os limiares certamente causam sofrimento e paixão, mas também fazem você feliz". Para o filósofo sul-coreano, a raiz da doença contemporânea é constituída mais pela "fragmentação" do tempo que por sua "aceleração".

Nesse contexto, o homem de hoje corre o risco de se exaurir numa correria louca por atividades e na contínua representação de si, de modo que a depressão e o burn-out se tornam as doenças emblemáticas de nossa época. Observamos de passagem que esta perigosa tendência psicológica não poupa agentes pastorais, sacerdotes, leigos ou religiosos.

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