01 Fevereiro 2023
Subir nos ombros dos gigantes teológicos do século XX significou recolher uma memória efetivamente crítica, inclusiva, promissora. Uma surpreendente galeria de pensadores e, finalmente, também pensadoras – de Hans Küng a Raimon Panikkar, de Adriana Zarri a Jean-Marc Ela, de Dorothee Sölle a Paolo De Benedetti – provenientes de todos os continentes, pertencentes a diversas Igrejas e ligados às várias disciplinas teológicas.
O comentário é da teóloga italiana Marinella Perroni, professora do Pontifício Ateneu Santo Anselmo, e do teólogo italiano Brunetto Salvarani, professor da Faculdade Teológica da Emília-România.
O artigo foi publicado no caderno La Lettura, do jornal Corriere della Sera, 29-01-2023. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A simples lista de autores, com um aceno ao cerne de seu discurso e depois a lista de revisores, nos faz entender a complexidade da obra, que não pode ser resumida em poucas palavras, tal e tamanha é a variedade e a riqueza de abordagens e temas.
Então vamos ver como quem organizou o livro apresenta a obra. "Diante de 26 presentes - escreve Marinella Perroni, na primeira parte da introdução - muitos mais são os ausentes; a lista dos teólogos do século XX que, desde o Concílio Vaticano II até o presente, teceram a trama do pensamento teológico é muito mais longa do que a que serve de sumário para este livro. Inevitavelmente, tivemos que buscar critérios para ficar dentro dos limites previstos".
"Por isso, decidimos tratar apenas dos teólogos que morreram nas duas primeiras décadas deste século e, dentro desta lista infelizmente muito longa, apenas alguns. Apenas uma parte, é verdade, mas uma parte pelo todo. De fato, interessados mais no método do que na exaustividade, não quisemos compilar uma espécie de enciclopédia, mas apenas iniciar um caminho que, esperamos, poderá ser percorrido também por outros dentro e fora das faculdades teológicas, sem excluir o público em geral".
Em seguida, Brunetto Salvarani, na segunda parte da introdução, destaca um fato, embora conhecido, mas do qual muitas vezes não se tiram as consequências: "Como assinalou Philip Jenkins, em seu clássico A Terceira Igreja [2004], estamos atravessando hoje por um momento de profunda transformação na história das religiões, uma mudança silenciosa que o cristianismo já experimentou no século passado, com seu centro de gravidade deslocando-se impetuosamente para o Sul: África, América Latina, Ásia... Nas próximas décadas, o cristianismo deveria desfrutar de um autêntico boom mundial, mesmo que a grande maioria dos crentes não seja branca, nem europeia, nem euro-americana”.
E Cristina Simonelli, no posfácio: "Um livro como este é, no seu conjunto, uma revisão da investigação teológica do século XX, com a clara vantagem sobre muitos dos repertórios desse tipo de recolher uma memória efetivamente crítica, inclusiva e promissora".
Ou seja - traduzimos - a possibilidade de intuir os muitos fios que entrelaçam a teologia hoje, e ajudam a imaginar o tapete que formarão amanhã, transmitindo uma arte antiga que homens e mulheres repensaram com ousadia para estimular a fé cristã a voltar a florescer.
A coletânea de artigos intitulada “Guardare alla teologia del futuro. Dalle spalle dei nostri giganti” (Ed. Claudiana, 304 páginas) é organizada por Marinella Perroni e Brunetto Salvarani, com posfácio de Cristina Simonelli.
Nesse livro cada autor ocupa-se de um teólogo: Alberto Melloni escreve sobre Giuseppe Alberigo; Marco Dal Corso sobre Rubem Alves; Gaetano Sabetta sobre Tissa Balasurya; Selene Zorzi sobre Kari Elisabeth Børresen; Natalino Valentini sobre Olivier Clément; Paolo Naso sobre James Cone; Letizia Tomassone sobre Mary Daly; Massimo Giuliani sobre Paolo De Benedetti; Rosanna Virgili sobre James D. G. Dunn; Sergio Tanzarella sobre Jacques Dupuis; Giulio Albanese sobre Jean-Marc Ela; Claudio Monge sobre Claude Geffré; Cettina Militello sobre Rosemary Goldie; Clara Aiosa sobre Catharina Halkes; Eric Noffke sobre Martin Hengel; Vito Mancuso sobre Hans Küng; Stella Morra sobre Ghislain Lafont; Vito Impellizzeri sobre Johann Babtist Metz; Roberto Mancini sobre Raimon Panikkar; Marcello Neri sobre Paolo Prodi; Andrea Grillo sobre Paul Ricoeur; Fabrizio Mandreoli sobre Juan Carlos Scannone; Serena Noceti sobre Edward Schillebeeckx; Fabrizio Bosin sobre Dorothee Sölle; Stefano Sodaro sobre Adriana Zarri.
Guardare alla teologia del futuro. Dalle spalle dei nostri giganti | Foto: divulgação
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Viva a teologia do século XX - Instituto Humanitas Unisinos - IHU