Em nome da vida! Breve reflexão no domingo da Santíssima Trindade. Comentário de Chico Alencar

Foto: Wikimedia Commons

Mais Lidos

  • Dossiê Fim da escala 6x1: Redução da jornada de trabalho e o fim da escala 6x1: Desafios e estratégias sindicais no Brasil contemporâneo

    LER MAIS
  • Celular esquecido, votos mal contados. O que aconteceu no Conclave. Artigo de Mario Trifunovic

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

Natal. A poesia mística do Menino Deus no Brasil profundo

Edição: 558

Leia mais

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

16 Junho 2025

"A Santíssima Trindade é a primazia do coletivo sobre o individual. É a compreensão de que ser é ser-com-os-outros", escreve Chico Alencar, deputado federal - PSOL-RJ, comentando a solenidade da Santíssima Trindade.

Segundo ele, "Isso nos ajuda a mandar o inferno das guerras, das matanças, da crueldade e da ganância - tão em alta - pra fora daqui!"

Eis o comentário.

Somos corpo, somos gesto. Na tradição cristã, todo rito começa com o "Em nome do Pai...".

Um sertanejo, piedoso e pouco letrado, disse a um padre amigo meu: "Falar as palavras eu já sei, só não sei espalhar direito na cara e no peito...".

O mais importante é a intenção do que se diz e faz. O Espírito Santo - que nos conduz na direção da Verdade (João, 16, 12-15) - é a alma dos gestos e das palavras. O que dá a liga e liga três em um.

Em nome do Pai, que é Mãe, energia primeira, força maior que nos guia. Do Filho, sua e nossa descendência, Deus conosco, prosseguimento. E do Espírito Santo, que comunica, infunde, ilumina. Pomba da paz que rompe algemas e nos dá asas.

A Trindade é o mistério de um Deus uno e trino, pessoal e plural, que não se bastou: Deus Criador. Deus Filho, o Redentor, gente, carne, que fez morada entre nós. Deus Espírito, sopro vital, "ruah" (aragem, vento) que não se vê mas está em tudo que pulsa e viceja.

A Santíssima Trindade é a primazia do coletivo sobre o individual. É a compreensão de que ser é ser-com-os-outros.

Riobaldo, o jagunço filósofo de Guimarães Rosa (1908-1967), sabia: "Deus existe, sim, devagarinho, depressa. Ele existe - mas quase só por intermédio da ação das pessoas: de bons e maus...".

Mário de Andrade (1893-1945), pai de Macunaíma, também se reconhecia plural, e em busca: "Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cinquenta, mas um dia afinal toparei comigo".

Amar a Trindade é reconhecer a diversidade amorosa de um Deus Comunitário em nós. É buscar encontrar-se consigo mesmo.

Isso nos ajuda a mandar o inferno das guerras, das matanças, da crueldade e da ganância - tão em alta - pra fora daqui!

Façamos, contritos, o sinal bonito; persignemos com fervor o "escudo" protetor: "Em nome do Pai/Mãe, do Filho/a e do Espírito Santo. Amém!". Em nome da vida plena!

Em memória do amigo Helio Asp Fernandes (1952-2025)

Leia mais