03 Julho 2025
Lideranças católicas de Ásia, África e América Latina lançaram um apelo conjunto inédito por Justiça Climática, criticando as nações ricas por promoverem medidas insuficientes diante da crise ambiental. O documento, divulgado como um gesto enfático rumo à COP30 em Belém (PA), alerta que os países mais pobres são os mais afetados pelo aquecimento global, apesar de serem os que menos contribuem para o problema.
A informação é publicada por ClimaInfo, 03-07-2025.
“Esta não é apenas uma análise, mas um grito de dignidade”, declarou o cardeal congolês Fridolin Ambongo Besungu, arcebispo de Kinshasa (República Democrática do Congo). “Nós, pastores do Sul Global, exigimos Justiça Climática como um Direito Humano e espiritual”, reforçou durante coletiva no Vaticano, citado pela Associated Press.
O texto critica ainda o uso de lucros do petróleo para financiar transições energéticas, chamando-o de contradição grave, e denuncia a postura “negacionista e apática” das elites globais, que pressionam governos por políticas ambientais frágeis. Os líderes católicos condenaram especialmente a dependência contínua de combustíveis fósseis e propostas como mercados de carbono e mineração para tecnologias verdes, classificadas como “falsas soluções” que perpetuam a exploração ambiental e social.
No Brasil, o texto foi apresentado por lideranças da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em uma coletiva de imprensa na 3ª feira (1/7) em Brasília. “Não se supera a crise ambiental com soluções vindas do mesmo sistema que a provocou. É preciso romper com a lógica do lucro a qualquer custo”, afirmou Dom Vicente de Paula Ferreira, presidente da Comissão Episcopal para Ecologia Integral e Mineração da CNBB, ao Correio Braziliense.
O apelo ecoa os ensinamentos do falecido Papa Francisco, que fez da ecologia uma marca de seu pontificado com a encíclica Laudato Si’. Seu sucessor, o Papa Leão XIV, dá sinais de continuidade na agenda ambiental, visitando projetos de energia solar e mantendo o centro ecológico criado por Francisco em Castel Gandolfo.
Os religiosos defendem uma mudança radical no modelo econômico global, priorizando o bem comum em vez do lucro corporativo. O documento surge enquanto uma onda de calor atinge a Europa, incluindo o Vaticano, destacando a urgência da crise climática que atinge de forma desigual o planeta.
Folha, O Globo, Jornal do Comércio, Vatican News, Canção Nova, Terra, Correio Braziliense e Conexão In noticiaram o posicionamento católico em prol de Justiça Climática.
O Papa Leão XIV ainda não confirmou participação na COP30 em Belém após convite do governo Lula. Em coletiva no Vaticano, o cardeal Jaime Spengler, presidente da CNBB, afirmou que a decisão segue “em aberto” — citando um possível compromisso do pontífice na Turquia em novembro. A notícia é da agência ANSA.