20 Mai 2025
O Papa Leão XIV poderia vir ao Brasil para participar da cúpula internacional sobre o clima a ser realizada em Belém, às portas da floresta amazônica, de 10 a 21 de novembro. Essa é a esperança do Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM), cujo presidente, o cardeal Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre, foi recebido na quinta-feira, juntamente com o secretário-geral, monsenhor Lizardo Estrada Herrera, pelo pontífice estadunidense-peruano, e agora, à margem da conferência da fundação Centesimus Annus - Pro Pontifice, relata o encontro com o novo papa.
Francisco queria ir à COP de Dubai em 2023, mas teve que desistir por causa de uma bronquite.
A entrevista com Jaime Spengler é de Iacopo Scaramuzzi, publicada por la Repubblica, 17-05-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Como foi a audiência com o Papa Leão?
Pedimos essa audiência com o Papa para tratar de questões que envolvem a realidade da Igreja na América Latina. O tema mais forte que discutimos com o Papa foi a questão da Cop30 que será realizada em novembro na cidade de Belém, que é considerada a porta da Amazônia. Esse foi o assunto que mais nos ocupou ontem durante a audiência. Há também outras questões mais internas da gestão do CELAM que também apresentamos ao Santo Padre.
Vocês o convidaram para a cúpula do clima em Belém?
Nós sinalizamos essa possibilidade. Sabemos que outros já encaminharam esse convite. Certamente seria bom que ele participasse desse evento crucial às portas da Amazônia, tendo em vista as dificuldades que podemos ver no horizonte da celebração da Cop30, quando alguns governos (como os Estados Unidos, por exemplo) já se retiraram.
Robert Francis Prevost é um papa latino-americano?
Eu diria que ele é um Papa universal. Podemos ver sua genealogia: francês, italiano, espanhol. Gerado nos Estados Unidos, mas com uma vida vivida na América Latina, no Peru, mas não só lá, porque durante o tempo em que foi Prior Geral dos Agostinianos pôde viajar pelo mundo inteiro. Sem dúvida, uma possibilidade assim é um privilégio: conhecer as diferentes realidades eclesiais do mundo é algo que nenhuma universidade pode nos oferecer. Depois o nomearam bispo no Peru, onde serviu por mais de dez anos em uma diocese de periferia, e depois o transferiram para Roma como prefeito do dicastério episcopal: por isso eu diria que ele é um papa realmente universal.
Por que um jovem agostiniano de Chicago nos anos 1980 decide ir para o Peru?
É um mistério da vida humana. Mas você deveria perguntar a ele.
Quando e como a primeira experiência missionária e depois pastoral, no Peru, em Chiclayo, moldou a mente, a espiritualidade e a eclesiologia do Papa Leão?
A alma. Moldou a alma, a maneira de refletir, de viver, de rezar, de ver ou, melhor, de contemplar a realidade não só da América Latina. E veremos isso durante os próximos anos de seu magistério.
Na noite de sua eleição, na varanda da Basílica de São Pedro, ele falou sobre o Sínodo: até que ponto está envolvido no processo sinodal?
O processo sinodal foi um processo muito bonito. Enquanto o mundo está passando por uma situação de diferentes conflitos, nós testemunhamos e participamos desse movimento extraordinário de escuta de todas as comunidades que quiseram cooperar nesse processo sinodal. O que significa sinodalidade? Para mim é muito simples, significa ter diante dos olhos o que é essencial na fé cristã, a comunhão e a unidade da Igreja e a experiência da fé, o que nos leva a cultivar um senso de responsabilidade e corresponsabilidade em relação a esse patrimônio que pertence a toda a comunidade eclesial.