Os refugiados e o inverno mais difícil de todos os tempos. “Enquanto as necessidades humanitárias crescem exponencialmente, os recursos disponíveis se reduzem drasticamente”

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13 Dezembro 2022

Perfila-se um inverno cada vez mais difícil para milhões de refugiados e deslocados em diferentes partes do mundo. O risco para essas pessoas desesperadas, indicam as organizações humanitárias internacionais, é ter que escolher entre comer ou se aquecer. São refugiados e deslocados que, forçados a fugir de conflitos e perseguições e a deixar todos os seus bens e as redes de apoio, nestes meses frios do ano correm o risco de se depararem com a dramática impossibilidade de aquecer os seus abrigos de emergência, conseguir roupas e cobertores para se abrigar do frio e preparar refeições quentes.

A reportagem é de Francesco Citterich, publicada por L'Osservatore Romano, 12-12-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.

Uma das situações mais dramáticas está na Ucrânia: desde o início da invasão militar russa em 24 de fevereiro, quase um terço dos habitantes foi forçado a deixar suas casas. Mais de 7,8 milhões de pessoas foram registradas como refugiados em toda a Europa, enquanto outras 6,5 milhões são deslocadas internamente. No país, a situação continua a se deteriorar. Milhões de pessoas vivem em casas danificadas ou em edifícios inadequados para protegê-las do frio, com cortes de energia, de aquecimento e de abastecimento de água.

Para as pessoas que fogem de violências e perseguições, este é, sem dúvida, o inverno mais difícil de todos os tempos. O frio e as temperaturas extremas atingem idosos, crianças, mulheres e homens em fuga, já provados por gravíssimas crises globais: aos efeitos decorrentes da pandemia de covid-19, de fato se somam os efeitos dos combates, em particular o aumento exorbitante do custo de produtos essenciais, como alimentos, combustível e energia.

Esses aumentos de preços forçarão muitas famílias de refugiados e deslocados a uma luta pela sobrevivência para cobrir os custos de água e refeições quentes, roupas de inverno, aquecimento e remédios. Já em 2021, quase 193 milhões de pessoas estavam em condições de insegurança alimentar aguda, um aumento de quase 40 milhões em relação a 2020. A guerra na Ucrânia, um dos maiores fornecedores mundiais de grãos, fez disparar o custo de produtos básicos como trigo e óleo vegetal. O Programa Alimentar Mundial previu que, se o conflito continuar a impactar a produção de trigo e milho, em 2023 mais 47 milhões de pessoas serão empurrados para a insegurança alimentar aguda.

Mas há muitas outras zonas em risco. Após mais de 40 anos de conflito, o Afeganistão continua sendo uma das situações humanitárias mais complexas do mundo, com 3,5 milhões de afegãos deslocados por causa dos conflitos e cerca de 1,5 milhão por eventos climáticos extremos. Em algumas áreas do país, as temperaturas invernais podem cair facilmente para 25 graus negativos, deixando milhares de famílias expostas às intempéries. O inverno atinge um país já provado não só por quatro décadas de guerra, mas também por uma grave crise econômica e pelo terremoto que em junho passado, nas províncias do sudeste de Paktika e Khost, significou para milhares de pessoas perdas devastadoras.

O cenário não é melhor na Síria: refugiados e deslocados terão que enfrentar novamente o frio extremo e tempestades de neve. Este será o décimo segundo inverno consecutivo em fuga para muitos deles.

Existem mais de 10 milhões de refugiados sírios e iraquianos e deslocados internos na Síria, Líbano, Jordânia, Iraque e Egito. O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) estima que 3,4 milhões deles estejam numa condição de extrema necessidade. “Vivemos uma fase em que os conflitos e as violências se sobrepõem a outras crises de natureza econômica, geopolítica e climática", declara o ACNUR. “E, infelizmente, enquanto as necessidades humanitárias crescem exponencialmente, os recursos disponíveis se reduzem drasticamente”.

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