31 Agosto 2021
"Um enfermeiro salvou minha vida, um homem com muita experiência". Foi assim que o Papa Francisco respondeu a uma pergunta sobre sua saúde dois meses após a cirurgia de cólon a que foi submetido, em 4 de julho, na Policlínica Gemelli. Em uma longa entrevista à rádio Cope, emissora da Conferência Episcopal espanhola, Bergoglio falou pela primeira vez sobre sua recente cirurgia e expressou toda sua gratidão a Massimiliano Strappetti, o enfermeiro do Fundo de assistência sanitária, o ambulatório do Vaticano, que organizou a internação e a cirurgia no hospital Gemelli e que depois acompanhou o ilustre paciente ao longo dos dez dias de internação e da longa convalescença na Casa Santa Marta.
A reportagem é de Francisco Antonio Grana, publicada por Il Fatto Quotidiano, 30-08-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
“É a segunda vez na minha vida - explicou Francisco - que um enfermeiro salva a minha vida. A primeira vez foi no ano de 1957”. Naquela época, quando tinha 21 anos, o Papa sofreu a remoção do lobo superior de seu pulmão direito devido a três cistos. Naquela ocasião, a salvá-lo foi uma freira italiana que, contra o parecer dos médicos, trocou o remédio que deviam administrar a Bergoglio para curá-lo da pneumonia de que estava sofrendo. “Quando me recuperei da anestesia - o Papa já havia contado referindo-se àquela intervenção - a dor que senti era muito intensa. Não é que não me preocupasse, pois sempre acreditei que me curaria”. E ainda: “Nunca senti nenhuma limitação nas minhas atividades”. Mesmo nas várias viagens internacionais "nunca tive que limitar ou cancelar" nada do programa. “Nunca experimentei fadiga ou falta de ar (dispneia). Conforme os médicos me explicaram, o pulmão direito se expandiu e cobriu todo o hemitórax homolateral”.
Na entrevista concedida à Cope, quando questionado sobre seu estado de saúde, Francisco respondeu ironicamente: “Ainda estou vivo”. E depois desmentiu firmemente a hipótese de que esteja pensando em renunciar após a cirurgia do cólon, no limiar dos 85 anos que ele vai completar no próximo dia 17 de dezembro: "Quando um Papa está doente, dispara um vento ou um furacão de conclave". Afinal, Bergoglio confirmou o exigente programa da viagem que, de 12 a 15 de setembro, o verá primeiro em Budapeste para o encerramento do Congresso Eucarístico Internacional e depois na Eslováquia para uma visita pastoral. Embora tenham sido decididas antes da cirurgia, as etapas não foram alteradas em nada. Um sinal eloquente de que as condições de saúde do Papa são boas.
Francisco também retomou as audiências privadas, demonstrando àqueles que o encontram uma recuperação notável e rápida para um homem de sua idade. “Gostaria de pedir desculpas por não falar em pé, mas ainda estou no período pós-operatório e tenho que ficar sentado. Desculpem”, disse ele recentemente em um encontro com os parlamentares católicos no Vaticano. Mas não há sinais que despertem preocupações sobre a sua saúde a ponto de sugerir sua renúncia em breve. Em uma entrevista anterior, um repórter perguntou-lhe: "O senhor pensa na morte?". “Sim”, respondeu o Papa, “Tem medo?”, pressionou o repórter. "Não. De forma alguma”, respondeu Bergoglio. “Como imagina a sua morte?”, perguntou então o repórter. “Como Papa - respondeu Francisco - no cargo ou emérito. E aqui, em Roma. Não vou voltar para a Argentina”.
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“Um enfermeiro salvou minha vida, é a segunda vez que isso acontece”: Papa Francisco fala pela primeira vez sobre a cirurgia do cólon - Instituto Humanitas Unisinos - IHU