Presidente dos bispos católicos alemães “não está feliz” com a proibição do Vaticano às bênçãos às uniões homossexuais

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17 Março 2021

Georg Bätzing, presidente da Conferência Episcopal da Alemanha, expressou seu desapontamento com a recente declaração do Vaticano que proíbe as bênçãos às uniões homossexuais, sugerindo que a questão não está resolvida.

A reportagem é de Robert Shine, publicada por New Ways Ministry, 16-03-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

O portal katholisch.de reportou os comentários de dom Bäzting, bispo de Limburg, quem repetidamente manifesta-se em apoio às bênçãos aos casais homossexuais. Bätzing disse que “não estava feliz” com a intervenção da Congregação para a Doutrina da Fé no debate sobre as bênçãos. A reportagem continua:

“Isso dá a impressão que o debate teológico, o qual tem sido debatido em várias partes da Igreja universal, incluindo a Alemanha, deve se encerrar o mais rápido possível”, disse o bispo à agência de notícias católicas. Mas isso não é possível assim. “Porque a discussão é intensa e com bons argumentos em vários lugares, e o debate teológico sobre prática pastoral hoje não pode simplesmente ser eliminado sob o argumento de autoridade”, disse Bätzing.

Bätzing também publicou uma declaração no site da Conferência dos Bispos Alemães. Confira a tradução (da versão publicada em inglês pelo New Ways Ministry):

“Na Alemanha e em outras partes da Igreja universal estão ocorrendo discussões há um longo tempo sobre como o desenvolvimento desse ensino e da doutrina pode avançar com argumentos sólidos – com base em verdades fundamentais da fé e da moral, mantendo a reflexão teológica e também se abrindo para os novos resultados das ciências humanas e as situações das vidas das pessoas hoje. Não há respostas fáceis para questões como essa”.

“O Caminho Sinodal, iniciado pela Conferência dos Bispos da Alemanha com o Comitê Central de Católicos da Alemanha, exerce esforços para discutir o tópico das relações de maneira compreensiva que também considera a necessidade e os limites do desenvolvimento do ensino da Igreja. Os pontos levantados pela Congregação da Doutrina da Fé hoje, devem e irão encontrar sua forma de entrar nessas discussões”.

O bispo Franz-Josef Overbeck, de Essen, um apoiador das bênçãos para casais do mesmo sexo, comentou, “nós continuaremos a acompanhar todas as pessoas no cuidado pastoral se elas assim nos requisitarem, independentemente da situação de suas vidas”.

Os católicos leigos na Alemanha foram mais duros nas críticas sobre a proibição da Doutrina da Fé, como reportou o katholisch.de:

“O presidente do ZdK [Comitê Central dos Católicos da Alemanha], Thomas Sternberg, expressou sua decepção com o documento em uma declaração publicada no site do Comitê Católico. A nota faz parte de uma ‘sequência de perturbações do Caminho Sinodal’. As bênçãos continuam sendo um tópico que está sendo discutido não apenas na Alemanha, mas também em outros lugares, disse Sternberg. Um avanço do ensino católico, como os teólogos morais há muito vêm clamando, não deve ser simplesmente rejeitado. O catecismo por si só não é suficiente para justificá-lo. Sternberg também criticou a ‘fixação no ato sexual’ na nota da Congregação para a Doutrina da Fé. Isso é ‘abreviado, impróprio e não mais entendido pelos crentes’”.

“A Comunidade Feminina Católica da Alemanha (kfd) criticou duramente o Vaticano. ‘Rejeitamos claramente a posição de Roma publicada hoje, embora saibamos sobre a tensão entre o ensino da Igreja e a realidade da vida das pessoas’, manifestaram em um comunicado. ‘É claro para nós que continuaremos neste assunto no Caminho Sinodal’”.

Mas alguns bispos da Alemanha saudaram a proibição do Vaticano, segundo katholisch.de. Entre eles estavam o bispo Rudolf Voderholzer, de Regensburg, e o bispo Stefan Oster, de Passau, que sugeriu que a questão de se abençoar os casais de mesmo sexo estava “levando à polarização”, e a intervenção do Vaticano ajudaria com “maior unanimidade”.

Finalmente, em outra notícia, a revista America relatou que a Congregação para a Doutrina da Fé, que publicou a proibição em uma declaração e o fez sem uma consulta mais ampla aos membros da congregação. Em vez disso, “o assunto foi discutido apenas por um pequeno grupo de algumas das principais autoridades da Congregação”, antes de ser proposto ao Papa Francisco para sua aprovação.

Nos últimos anos, os católicos na Alemanha e na Áustria têm estado cada vez mais abertos a uma discussão sobre essas bênçãos. Vários bispos até expressaram apoio para oferecer algum tipo de ritual de reconhecimento de casais do mesmo sexo. No ano passado, um documento de trabalho para o Caminho Sinodal falou positivamente das relações entre pessoas do mesmo sexo, e a Arquidiocese de Salzburg publicou um livro sobre o tema das bênçãos. Embora a Congregação para a Doutrina da Fé não tenha fornecido uma razão para o porquê de lançar um responsum ad dubium sobre as bênçãos da igreja a casais do mesmo sexo neste momento, alguns comentaristas especularam que é por causa das conversas proféticas da igreja de língua alemã.

E dom Bätzing tem razão ao dizer que este diálogo vai continuar.

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