Equador. Oposição contesta vitória de Lenin Moreno

Foto: @Lenin

Mais Lidos

  • A ideologia da Vergonha e o clero do Brasil. Artigo de William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • Juventude é atraída simbolicamente para a extrema-direita, afirma a cientista política

    Socialização política das juventudes é marcada mais por identidades e afetos do que por práticas deliberativas e cívicas. Entrevista especial com Patrícia Rocha

    LER MAIS
  • Que COP30 foi essa? Entre as mudanças climáticas e a gestão da barbárie. Artigo de Sérgio Barcellos e Gladson Fonseca

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

Por: João Flores da Cunha | 04 Abril 2017

O candidato governista à presidência do Equador, Lenin Moreno, venceu o segundo turno da eleição no país, realizado no dia 2-4. Com 99,08% dos votos apurados, ele detinha 51,16% da preferência popular, contra 48,84% do candidato da oposição, Guillermo Lasso. Este contestou o resultado, acusando o futuro governo de Moreno de “ilegítimo”, e pediu uma recontagem dos votos.

Moreno foi recebido pelo presidente Rafael Correa no Palácio de Carondelet, a sede oficial do governo, em Quito, no dia 3-4. Ele tomará posse no dia 24-5, e deve cumprir mandato até 2021. Moreno promete ser “o presidente de todos” os equatorianos.

No Twitter, Correa tratou o resultado da eleição como uma “grande notícia para a Pátria Grande” latino-americana, com um novo triunfo da “revolução” no Equador – a forma como ele e seus partidários tratam as mudanças ocorridas no país em seus dez anos de governo. O projeto presidencial da Aliança País, partido de Correa e Moreno, esteve, porém, perto de chegar ao fim neste domingo. A proximidade do resultado revela o desgaste da população após uma década do correísmo no poder.

Os resultados de pesquisas de boca-de-urna, divulgados após o fechamento das seções eleitorais, foram inconclusivos, com parte dos institutos apontando para a vitória de Lasso e parte sinalizando o triunfo de Moreno.

A percepção de que a vitória poderia chegar contribuiu para a indignação dos oposicionistas com sua derrota. Lasso chegou a dar entrevistas como presidente eleito após a divulgação das sondagens de boca-de-urna que o mostravam à frente de Moreno.

O candidato oposicionista não aceitou a vitória do rival e afirmou que houve fraude na contagem de votos. Ele disse que irá pedir uma auditoria do resultado.

“Advirto ao mundo que se pretende instaurar um governo ilegítimo no Equador”, afirmou, por meio do Twitter. Também disse “não pod[er] aceitar um resultado produto da violência de todas essas irregularidades”. Ele afirmou, porém, que se na recontagem Moreno ganhar “por um voto”, irá reconhecer o resultado.

Observadores internacionais não identificaram problemas no processo eleitoral. A delegação da Organização dos Estados Americanos – OEA recebeu Lasso no dia 3-4 para registrar suas reclamações.

Em entrevista ao IHU, a socióloga e pesquisadora Elaine Santos afirmou que “o país está dividido, descontente, bem como toda a América Latina”. Ela nota que os “governos denominados à esquerda que assumiram na América Latina perderam completamente o contato com a realidade da população, o diálogo com os movimentos sociais”, e que há um “sentimento generalizado de insatisfação” que “possibilita o ressurgimento de figuras conservadoras que encontram, nesse desagrado diluído, um mecanismo de canalizar forças para a direita”.

O Equador se soma a uma tendência na América do Sul em anos recentes, a de resultados muito próximos em segundos turnos de eleições presidenciais. No Peru, em 2016, o atual presidente, Pedro Pablo Kuczynski, venceu com 50,12% dos votos, contra 49,88% de Keiko Fujimori, filha do ex-ditador Alberto Fujimori.

Na Argentina, em 2015, Mauricio Macri foi eleito presidente com 51,34% dos votos, contra 48,66% do kirchnerista Daniel Scioli. No ano anterior, Dilma Rousseff havia sido eleita presidenta do Brasil com 51,64% dos votos, contra 48,36% de Aécio Neves.

Na Venezuela não há segundo turno, mas a polarização política extrema do país faz com que as disputas eleitorais ocorram efetivamente entre apenas dois candidatos. Em 2013, após a morte do então presidente Hugo Chávez, foi convocada uma eleição em que resultou vencedor Nicolás Maduro, com 50,61% dos votos, à frente do oposicionista Henrique Capriles, que teve 49,12%.

Também não é novidade o derrotado contestar o resultado. Derrotado na Venezuela, Capriles pediu uma auditoria para recontagem dos votos, que confirmou a vitória de Maduro. Ele também solicitou a impugnação da eleição à Comissão Interamericana de Direitos Humanos – CIDH.

No caso do Brasil, o PSDB, partido de Aécio Neves, pediu uma auditoria na contagem dos votos e entrou com um pedido de cassação da chapa vencedora no Tribunal Superior Eleitoral – TSE. Hoje, esse processo ameaça a sobrevivência do governo do vice-presidente eleito, Michel Temer – do qual o PSDB é aliado.

Leia mais: