Muro de Trump é uma barreira para toda a América Latina, diz secretário da OEA

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Por: João Flores da Cunha | 17 Fevereiro 2017

O muro que o presidente dos Estados Unidos Donald Trump pretende construir na fronteira sul de seu país não o separa apenas do México, mas de toda a América Latina, afirmou no dia 14-02 o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos – OEA, Luis Almagro. A região deve atuar de forma coordenada para enfrentar as políticas do mandatário estadunidense, defendeu Almagro.

Em declarações concedidas à Imagen Radio, do México, o secretário-geral da OEA afirmou que a barreira entre os dois países “não é um componente simbólico, é um componente muito forte e surge a partir do muro. Tem a ver com uma relação de vizinhança que deve estar baseada em construir melhores vínculos, em fortalecer relações e não em separar ou reprimir”. Almagro notou que a ideia de construção do muro “não é de Trump”, e tem sua origem em governos anteriores.

Ele relativizou a anunciada intenção do novo governo de deportar milhões de imigrantes ilegais, notando que isso já ocorria durante a presidência de Barack Obama, e, portanto, constitui “um objetivo da política imigratória estadunidense”. O que mais preocupa, segundo ele, é a linguagem discriminatória aplicada contra essas pessoas. Almagro destacou que há uma questão de “princípios fundamentais” envolvida, a de que “os migrantes têm os mesmos direitos sociais, políticos, econômicos e culturais que temos todos”.

O secretário-geral da OEA é um dos poucos políticos da região a criticar as políticas do presidente republicano. Desde que Trump assumiu a Casa Branca, as reações de representantes latino-americanos a medidas que podem prejudicar residentes nos Estados Unidos vêm sendo tímidas ou mesmo inexistentes.

Uma das poucas exceções foi o secretário-geral da União das Nações Sul-americanas – Unasul, Ernesto Samper, que afirmou no dia 31-01 que os países da América do Sul devem se unir frente ao governo Trump, o qual foi classificado por ele como uma “ameaça” para a região. Samper rejeitou a iniciativa do presidente estadunidense de “impor ao povo mexicano a humilhante obrigação de pagar o ainda mais humilhante muro”, e assinalou que “o que acontece com o México acontece com a América Latina”.

Outra das vozes a se alçar contra a proposta de Trump foi a do ex-presidente do Chile Ricardo Lagos. Em entrevista ao diário espanhol El País, ele se disse “muito decepcionado” com a ausência de uma resposta firme da região às medidas de Trump. “Como é possível que a América Latina não tenha dito ‘somos todos mexicanos, o que está se fazendo de construir um muro e dizer que o México vai pagar é uma ofensa para todos os latino-americanos’? É preciso dizer isso”, afirmou Lagos. O político de 78 anos, que governou o país entre 2000 e 2006, busca conquistar a indicação da esquerda às eleições presidenciais de 2017.

Recentemente, a chanceler da Argentina, Susana Malcorra, também em entrevista ao El País, declarou que “é preciso agir em função do que os sócios pedem, e o México está dialogando com os Estados Unidos”. Ela enfatizou que “o México está buscando um caminho de aproximação”, e confirmou que declarações mais duras só seriam feitas “se um sinal viesse do México”.

O atual chanceler mexicano é Luis Videgaray, que defende a aproximação e o diálogo com o governo de Trump. Segundo reportagem da emissora estadunidense CBS News, ele teria, em conjunto com o genro e assessor de Trump, Jared Kushner, ajudado a reescrever o discurso em que o presidente anunciou a construção do muro para suavizar o tom de sua fala.

A estratégia de aproximação com Trump é polêmica no México. Crítico da política de aproximação adotada pelo governo de Enrique Peña Nieto, o esquerdista Andrés Manuel López Obrador é hoje o favorito a vencer as eleições presidenciais de 2018 no país.

O governo brasileiro tampouco adotou uma fala dura em relação à proposta estadunidense. No dia 26-01, o dia seguinte ao da assinatura da ordem executiva de Trump para a construção do muro, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil emitiu uma nota oficial em tom comedido, afirmando que a “grande maioria dos países da América Latina mantêm estreitos laços de amizade com o povo dos Estados Unidos”, e que, por conta disso, “o governo brasileiro recebeu com preocupação a ideia da construção de um muro para separar nações irmãs do nosso continente sem que haja consenso entre ambas”.

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