12 Setembro 2025
Não podemos esquecer os outros desafios, de natureza mais cultural e social, que nos dizem respeito a todos e que afetam particularmente alguns territórios: a tragédia da guerra e da violência, o sofrimento dos pobres, a aspiração de muitos por um mundo mais fraterno e solidário, os desafios éticos que nos interpelam sobre o valor da vida e da liberdade — e a lista seria, sem dúvida, mais longa.
A informação é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 11-09-2025.
"Eu estava pensando em vir para este curso vestido de preto também, mas...", brincou o Papa Leão sobre sua eleição para o conclave nesta quinta-feira, durante um encontro com 192 novos bispos ordenados no último ano. "Talvez alguns de vocês ainda estejam se perguntando por que me escolheram. Eu, pelo menos, ainda estou me perguntando", confessou aos novos prelados, a quem convidou a "redescobrir a paixão e a coragem" de seu ministério.
"O bispo é um servo; o bispo é chamado a servir a fé do povo", enfatizou, com mais seriedade, durante a audiência realizada na Salão Sinodal do Palácio Apostólico. Assim, quis lembrar-lhes "algo tão simples quanto não óbvio: o dom que recebestes não é para vós mesmos, mas para servir à causa do Evangelho".
"Vocês foram escolhidos e chamados para serem enviados, como apóstolos do Senhor e como servos da fé. E é justamente sobre isso que eu gostaria de me deter brevemente, antes de entrar em um diálogo fraterno com vocês: o bispo é um servo, o bispo é chamado a servir a fé do povo", reiterou, invocando "o estilo de Deus", que "não se revela no poder, mas no amor de um Pai que nos chama à comunhão com Ele".
Atenção ao desejo de grandeza
Citando Santo Agostinho, Prevost insistiu que "aquele que preside o povo deve compreender que é servo de muitos", ao mesmo tempo em que alertava para o "certo anseio por grandeza" que esse ofício acarreta desde os primeiros apóstolos. "Quem quiser ser grande entre vocês, seja o vosso servo, e quem quiser ser o primeiro entre vocês, seja o escravo de todos", disse Jesus.
"Por isso", acrescentou o Papa, "peço-vos que estejais sempre vigilantes e caminheis com humildade e oração, para vos tornardes servos do povo a quem o Senhor vos envia". Citando o Papa Francisco, reiterou que "a proximidade ao povo que nos foi confiado", disse, "não é uma estratégia oportunista, mas a nossa condição essencial. Jesus gosta de se aproximar dos seus irmãos através de nós, através das nossas mãos abertas que acariciam e consolam; através das nossas palavras, proferidas para ungir o mundo com o Evangelho e não com nós mesmos; através dos nossos corações, quando estão carregados com as angústias e alegrias dos nossos irmãos".
Junto com o serviço, o Papa reivindicou "o estilo do apostolado, nas diversas formas de cuidado e governo pastoral, no desejo de anunciar, de maneiras tão diferentes e criativas, de acordo com as situações concretas que enfrentamos", em um mundo que vive uma "crise de fé e sua transmissão", para a qual pediu "recuperar a paixão e a coragem por um novo anúncio do Evangelho", sem deixar de lado muitos que se distanciaram, que "muitas vezes voltam para bater às portas da Igreja ou se abrem a uma nova busca de espiritualidade, que às vezes não encontra linguagens e formas adequadas nas propostas pastorais habituais".
"E não podemos esquecer, além disso, os outros desafios, de natureza mais cultural e social, que nos dizem respeito a todos e que afetam particularmente certos territórios: a tragédia da guerra e da violência, o sofrimento dos pobres, a aspiração de muitos por um mundo mais fraterno e solidário, os desafios éticos que nos interpelam sobre o valor da vida e da liberdade — e a lista seria, sem dúvida, mais longa", insistiu.
Neste contexto, concluiu o Papa, antes de abrir um diálogo privado com os novos bispos, "a Igreja os envia como pastores cuidadosos e atentos, que sabem compartilhar o caminho, as perguntas, as angústias e as esperanças do povo; pastores que desejam ser guias, pais e irmãos para os sacerdotes e para seus irmãos e irmãs na fé".
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